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Turismo

Paraty além da história

Localizada entre o mar e a mata Atlântica, no litoral sul do Rio de Janeiro, apenas dois itens são imprescindíveis para uma ótima viagem: tempo bom e um hotel confortável bem localizado

Por Nathalia Molina / especial para o Estadão

24 de dezembro de 2021, às 08h33 • Última atualização em 24 de dezembro de 2021, às 08h34

Paraty está localizada no litoral sul do Rio de Janeiro. Passeios de escuna ou de lancha privativa exploram a Costa Verde (o nome daquele pedaço traduz perfeitamente a cor da água), com paradas para banho e almoço entre praias e ilhas. Dá para negociar os passeios direto com os barqueiros, no píer, pela manhã. Nos feriados, contudo, a concorrência e os preços são maiores.

Entre o mar e a mata, entre ruas de pedras e casarões, Paraty comprova que dá até para prescindir de dias de sol; ainda que os pés fiquem encharcados, ali não tem tempo ruim – Foto: Pixabay

Com saídas regulares tanto para o litoral sul quanto para o norte, a Paraty Tours é uma das empresas que fazem passeios pelo litoral. Oferece barco com bar (consumo pago à parte) e aluguel de máscara e snorkel. Há ainda a possibilidade de fechar com a empresa uma embarcação privativa da Lanchas Malou, para decidir o trajeto e onde deseja cair na água.

Na lista de roteiros possíveis está visitar o Saco do Mamanguá. A comunidade local produz os barcos e lemes de madeira coloridos que enfeitam pousadas e atrações de Paraty. O Atelier da Terra, no centro histórico, vende embarcações de tudo o que é jeito: em ímãs, em miniatura, de pendurar na parede. O mexedor de caipirinha é o item mais barato: R$ 4.

Em terra firme, os roteiros que levam para visitar cachoeiras e alambiques são para famílias inteiras no passeio. Seguindo em direção à Mata Atlântica, está a Cachoeira da Pedra Branca, de fácil acesso por caminhada, após um certo sacolejo na estrada de terra. Depois, estivemos no Alambique Pedra Branca, onde vimos como se dá o processo de produção, da moagem da cana de açúcar a tonéis de cobre e barris de madeira.

Na degustação, aprende-se que, após botar o destilado na boca, a respiração não deve ser feita mais pelo nariz, para evitar aquela queimação na garganta. Além das versões puras, experimente os licores elaborados com a bebida. Entre eles, o mais famoso é o Gabriela, um clássico de Paraty, que leva cravo e canela e remete à obra de Jorge Amado, filmada na cidade.

Pelo Centro de Paraty

É claro que, de alguma forma, você também vai incluir o centro histórico em sua visita. Percorrer as ruas de pedra pode ser um momento agradável entre passeios fora da cidade ou no fim do dia, em busca de um bom lugar para jantar ou tomar um sorvete. Lembre-se de usar calçados confortáveis, como sandálias rasteiras e tênis – nos dias chuvosos, fique atento a solados escorregadios.

Pousada do Sandi faz jus ao nome da associação que integra, a Roteiros de Charme, com decoração repleta de obras de arte e objetos relacionados ao cinema – Foto: Divulgação

Dessa forma, ficar hospedado no centrinho tem suas vantagens. A Pousada do Sandi, por exemplo, fica instalada num conjunto de casarões restaurados. O hotel faz jus ao nome da associação que integra, a Roteiros de Charme, com decoração repleta de obras de arte e objetos relacionados ao cinema – o fundador, Alexandre Adamiu, foi presidente da Paris Filmes. Com horário marcado e servido à mesa por causa da pandemia, o café da manhã variado sempre contemplava uma receita especial por dia (prove a queijadinha, se chegar à sua mesa), uma opção de bolo vegano, pão de queijo quentinho e pudim de chia (bem bom também).

Nos outros casarões do complexo estão a sorveteria Miracolo e o bar de coquetéis Apothekario, com assinatura de Alê D’Agostino e execução da bartender Victoria Draganov. À base de cumaru, espumante e maracujá, o Passion Tonic (R$ 36) é o drinque mais pedido. Para experimentar pasta artesanal com sabores do mar, vá ao italiano Pippo, restaurante da Pousada do Sandi. No lado direito do cardápio estão pedidas como o Ravioli dello Chef, com tinta de lula na massa e recheio de camarão e vieira, a R$ 129,38.

Muitos artistas instalaram seus ateliês no centro histórico. Dá para comprar de peças de artesanato a pingentes feitos a partir de moedas estrangeiras antigas. Não se distraía apenas com os itens à venda. Repare nos detalhes arquitetônicos das construções: os desenhos, influência da maçonaria; e as cores, surgidas inicialmente com restos de tintas que pintavam os barcos de pescadores.

Cidade criativa da Unesco tem comida de qualidade

A posta alta e macia de robalo com uma crosta de baru chega à mesa decorada por farofa de farinha de mandioca de Paraty com camarão e grafismos desenhados na cerâmica escura com uma emulsão de tucupi. O prato do pequeno restaurante Peró (R$ 70) parece uma obra de arte, mas não engana quem gosta de comer também com os olhos: é tão gostoso quanto bonito. A criação de Georgia Joufflineau, chef e proprietária do restaurante da Pousada do Príncipe, está entre as receitas inventadas e servidas na 3ª edição do Festival Gastronômico de Paraty.

Gratuito e em formato híbrido, o evento ocorreu de 5 a 7 de novembro, com a participação de renomados chefs brasileiros. Mas os pratos podem ser experimentados ao longo de todo o mês de novembro nos 45 restaurantes participantes. Sementes inspiraram as receitas.

Paraty não decepciona à mesa – Foto: Fotos Incríveis

Paraty não decepciona à mesa. São várias as casas de pescados e frutos do mar, como o Restaurante do Hiltinho, famoso pelo Camarão Casadinho (R$ 130 no centro histórico; R$ 190 na Ilha do Algodão). O prato típico da cidade junta dois camarões VG com uma farofa de camarão entre eles.

À beira do cais da cidade, prove a deliciosa casquinha de siri (R$ 32,80) e o camarão empanado com queijo e arroz à grega (R$ 109,80) do Refúgio, com excelente tempero. Os veganos podem ir de moqueca de pupunha (R$ 88,80), com farofa de banana molhadinha.

Em 2017, dois anos antes de se tornar Patrimônio Mundial da Humanidade, Paraty entrou para a lista de Cidades Criativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), por causa da sua vocação gastronômica e do fomento ao desenvolvimento sustentável desse setor.

Apreciadores de cachaça podem percorrer também um circuito pelos alambiques de Paraty – no auge da prosperidade local, no século 19, havia em torno de 150 deles. Ainda fechada para visitação, a Maria Izabel é batizada com o nome da proprietária e produzida por ela. Uma das marcas conhecidas, a Paratiana conta com um museu sobre a bebida.

Fazenda Bananal no roteiro

Na Estrada da Pedra Branca, a Fazenda Bananal vale ser incluída no roteiro para almoçar no restaurante, ao lado do casarão do século 17. De conceito do campo à mesa, o lugar trabalha com ingredientes orgânicos e prepara uma das melhores refeições de Paraty.

Uma ideia saborosa é pedir a porção de croquetes de peixe (R$ 32) com o sazonal Ceci (R$ 35), drinque disponível entre setembro e dezembro e preparado com tangerina, grãos de cacau fresco e cachaça. O leitão desmanchando (R$ 105) cumpre o que promete, como comprovou a ponta do garfo; acompanha ragu de lentilhas, couve frita, farofa de banana e cubinhos crocantes de aipim.

Existem diversas atividades organizadas na parte dedicada à visitação dentro da área total de 1,8 km². Uma delas é a Passarinhar, caminhada para observar aves. Fizemos um tour com o especialista Jorge Ferreira para degustar as PANCs encontradas pelo caminho. A paixão dele por plantas e cogumelos é tanta que você termina achando a experiência fascinante. Há visitas educativas pela horta orgânica em forma de mandala e para ver cabras e galinhas. Quem busca mais conhecimento sobre sustentabilidade pode marcar a trilha guiada pela área onde 32 mil árvores foram plantadas.

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