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Turismo

Empresas de turismo inovam para sobreviver

Algumas delas encontraram soluções na própria atividade, como a venda de vouchers com desconto para roteiros futuros

Por Nathalia Molina / Agência Estado

17 de fevereiro de 2021, às 08h03

Em momentos de crise, o caminho natural em busca de saída é pensar fora da caixa. Claudia Lund encontrou a solução para sua agência de turismo justamente dentro de uma. Uma não, várias. Temáticas e vendidas a quem sente falta do contato com destinos. Sem viagens possíveis, empreendedores usaram a criatividade para inventar soluções e se manter de pé na crise da Covid-19.

“A gente queria continuar entregando sonhos às pessoas e não deixar o negócio morrer. Quem ia se lembrar de uma agência de viagem no meio da pandemia?”, diz Claudia, proprietária da Casa de Turismo, existente desde 1993. “No fim de março, começamos a pensar no que fazer. Porque, quando o mundo abrir as portas, a pessoa vai se lembrar de quem esteve com ela nesse período.” Como todo o setor, Claudia viu seu negócio ser interrompido no início de 2020.

Quando se pensa em viagem, comumente vem à cabeça grandes empresas, como CVC. No entanto, as cerca de 2,2 mil integrantes da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) se dividem entre 70% de micro e pequenas empresas e 30% de médias e grandes. Algumas delas encontraram soluções na própria atividade, como a venda de vouchers com desconto para roteiros futuros.

“As agências foram muito atrás de clientes que já tinham”, conta Magda Nassar, presidente da Abav. Ela mesma, em sua empresa, buscou atrair consumidores antecipadamente. “Na Trade Tours, negociei com hotéis no Nordeste e em Gramado para oferecer vouchers. Também trabalhamos com um formato em que o viajante comprava cinco noites e podia remarcar até três vezes sem multa”.

Outros empreendedores, porém, desenvolveram novos produtos. Claudia, da Casa de Turismo, aliou-se a Aline Della Giustina, da Pó de Estrelas, especializada na produção de eventos. Juntas, criaram o projeto Viajando em Casa. A cada mês, vendem caixas temáticas de lugares diferentes. O destino visitado é sempre surpresa. Barcelona, Portugal e Cuba já tiveram destaque; em janeiro, foi o Uruguai.

Lançada no segundo semestre, a Caixa Primeira Classe contém objetos que aguçam o paladar, o toque e o olfato dos viajantes, remetendo ao lugar daquele mês, além de dicas e descontos para as próximas viagens.

VIAGEM ONLINE

Os dois segmentos trabalhados por Paulin Talaska também foram drasticamente afetados com a interrupção das viagens. “Nos especializamos em turismo pedagógico. Em 20 anos, a Terra Nativa atende colégios e famílias”, diz a empresária, que levava grupos do ensino fundamental e médio para incursões na natureza, relacionadas ao conteúdo estudado pelas turmas.

Com a pandemia, montou o projeto Expedições Virtuais. “Vimos que muita gente estava fazendo tour online com Google Earth. Não era essa a nossa ideia. A gente queria manter toda a cadeia do turismo viva. Eu disse para um guia local ‘vai lá e filma o manguezal, conta como é a sua região como se você estivesse falando para a molecada aí’. Depois, apesar de ser em vídeo, a expedição é aplicada por um especialista nosso”, diz.

Com esse projeto, a Terra Nativa foi um dos três negócios escolhidos para receber mentoria da Fundação Grupo Boticário, entre os 177 analisados por seu potencial impacto positivo na região da Grande Reserva Mata Atlântica. Editadas por capítulos, as experiências podem ter um ou mais; por pessoa, a R$ 69 cada.

Viagens virtuais ao vivo passaram a fazer parte do portfólio da Braziliando, especialista em turismo de base comunitária e “volunturismo” na Amazônia. “Realizamos a primeira Conexão Baré em agosto de 2020 e até dezembro foram seis viagens online para 107 participantes no total.

Já o programa de voluntariado online, para ensinar inglês para uma comunidade da etnia Kambeba, teve início em outubro, contando com cerca de dez voluntárias por mês”, diz Ana Taranto, que em 2016 fundou a empresa com a mãe, Tereza, após uma viagem das duas à região Norte.

Por R$ 120, a Conexão Baré é uma das experiências à venda no Diaspora.Black, que trabalha com turismo afrocentrado e também indígena. “Na primeira semana de pandemia, fomos atropelados. Ou a gente velava a empresa ou pensava em alternativas. Lançamos eventos online: cursos, palestras e oficinas, que têm desde artistas a chefs”, diz Carlos Humberto da Silva Filho, à frente da startup com três sócios.

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