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Urso

Ursos transferidos do Ceará iniciam vida nova em santuário de Joanópolis

Ursos foram transferidos após decisão judicial considerar que as altas temperaturas poderiam ter efeitos negativos para a saúde dos animais

Por Agência Estado

04 de setembro de 2019, às 20h23 • Última atualização em 05 de setembro de 2019, às 08h44

Depois de muitos anos enfrentando o típico calor do Nordeste, no Estado do Ceará, o casal de ursos-pardos Verrú e Mizar está aos poucos se adaptando ao ambiente mais ameno do interior de São Paulo.

Desde o último dia 30, os dois animais têm vida nova no santuário Rancho dos Gnomos, em Joanópolis, na região de Bragança Paulista. Segundo a veterinária Carla Spechoto Mariano, urso e ursa chegaram separados, mas já estão juntos. “Eles tiveram uma adaptação muito rápida e estão superfelizes. Os dois comem juntos, já tomaram a nossa chuva e adoraram”, contou.

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O casal de ursos-pardos foi transportado de avião para São Paulo depois de uma decisão judicial ter considerado que as altas temperaturas da cearense Canindé poderiam ter efeitos negativos para a saúde dos animais. Verrú estava no zoológico da cidade havia onze anos, enquanto Mizar vivia ali havia nove. Os dois tinham sido resgatados em circos, onde sofriam maus-tratos.

A transferência dos animais levou quatro dias e exigiu uma logística que envolveu policiais militares ambientais, funcionários do zoológico de Canindé, uma equipe do santuário paulista e representantes da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A Latam Cargo e a empresa Porto Seguro colaboraram com as partes aérea e terrestre do transporte. Os dois ursos viajaram separados, em voos diferentes, em caixas especiais.

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O recinto construído para eles em Joanópolis foi custeado com doações para contas do Instituto Luisa Mell, que atuou para a transferência. Doações feitas diretamente para o Rancho custearam despesas de viagem e hospedagem das pessoas envolvidas na logística do transporte.

A estrutura do santuário inclui piscina com capacidade para 80 mil litros, área de descanso e alimentação, gramados e quartos onde os animais dispõem até de camas com colchão de capim. “Eles ainda não apreenderam a dormir nas camas e põem o feno no chão. Porém, já ficam juntos na toca deles, passeiam pelo recinto, entram na piscina e brincam com as bolas de material especial”, disse a veterinária.

Calor

O processo de transferência dos ursos-pardos, até então chamados de Dimas e Kátia, começou com uma ação judicial movida pela associação Viva Bicho contra o zoológico. Os ativistas alegaram que, embora estivessem em situação melhor que antes, nos circos, as condições não eram ideais, pois os ursos, originários de regiões frias, estavam sofrendo com o calor nordestino.

Ao mesmo tempo, a ativista em defesa dos animais Luisa Mell iniciou uma campanha, em redes sociais, para transferir o casal para um local mais adequado. A ativista já havia conseguido, anteriormente, a transferência da ursa Rowena, que também vivia no Nordeste, em Teresina (PI), para o santuário de Joanópolis.

Em julho, uma liminar da juíza Tássia Fernandes Siqueira determinou a transferência. “Se há atualmente uma possibilidade de reduzir o desconforto gerado pelas altas temperaturas, proporcionando aos animais plena liberdade para expressar seu comportamento natural, esse deve ser o caminho também natural para o caso concreto”, escreveu.

O zoo de Canindé poderia entrar com recurso, mas firmou um acordo com a associação Viva Bicho para que os ursos fossem transferidos. Junto com a nova casa, o casal ganhou novos nomes. De acordo com Carla, o santuário não é aberto à visitação. “São vítimas de maus tratos, por isso o contato com o ser humano é restrito ao indispensável”, disse. Devido à idade um pouco avançada – entre 26 e 27 anos, para uma expectativa de vida entre 30 e 35 anos – é improvável que o casal se reproduza. “Não é essa a intenção, aliás, eles estão juntos há cerca de dez anos e nada aconteceu”, disse a veterinária.

O santuário perdeu em julho deste ano a ursa Rowena, que havia sido transferida do Piauí. A fêmea, também idosa, morreu devido a complicações de um tumor. Quando vivia sob o calor de 40 graus em Teresina, Rowena ficou conhecida como “a ursa mais triste do mundo”. Antes chamada de Marsha, ela inspirou a cantora Rita Lee a escrever o livro “Amiga Ursa – Uma história triste, mas com final feliz”, que conta a história do resgate desse animal, vítima de maus tratos.

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