Quem ama, cuida – já dizia o ditado, que também se aplica à relação entre os tutores e seus pets. Mais do que manter a frequência ideal de consultas ao médico veterinário a cada seis meses ou um ano, é preciso atenção para que vacinação, vermifugação e antiparasitário estejam em dia.

O acompanhamento médico se torna ainda mais necessário em casos de doenças crônicas ou idade avançada. E ainda tem os cuidados com a higiene e beleza do animal…

A Revista L Pets consultou um time de especialistas sobre ações que podem ser realizadas pelos tutores para que cães e gatos estejam sempre bem nutridos e saudáveis, além de muito bonitos. Confira!

Alimentação sênior

Cães e gatos podem ser considerados sênior – e alimentados como tal – a partir dos seis anos de vida, segundo o médico veterinário Leandro de Carvalho, técnico responsável de nutrição animal da Vita Classic.

“O alimento sênior será mais rico em selênio, terá quantidades de proteínas e de fibras maiores. Mudar a alimentação dará uma sobrevida ao animal”, argumenta.

Ele orienta a escolha de produtos alimentícios com fórmula fixa para os pets, o que assegura matéria-prima de qualidade. A fórmula variante permite que, na falta de ingredientes considerados nobres e realmente nutritivos, sejam utilizadas opções inferiores, que podem até prejudicar a saúde do animal.

Um exemplo é a substituição da farinha de carne e vísceras, um bom componente, por farinha de pena, bico e unhas, que proporciona carga proteica alta, mas de qualidade muito inferior.

A indicação do veterinário é buscar alimentos que não contenham soja nem eventuais substitutos, evitar corantes e aromatizantes e procurar fórmulas naturais. Por outro lado, na composição básica do produto, arroz, milho, farinha de carne, farinha de visceras e óleo de frango podem ser considerados ingredientes nobres e de qualidade. Os percentuais de proteínas e gorduras, a quantidade de vitaminas e a palatabilidade também devem ser analisados.

Segundo o veterinário, os petiscos têm sua função, mas não devem substituir as refeições.

“O produto de couro bovino é rico em colágeno, como a gelatina que comemos. Comendo isso, o pet tem benefícios para as articulações, para a pele, limpa os dentes, ajuda a evitar a formação de placa bacteriana e tártaro. O pet só não pode ser alimentado somente com petisco, porque nutricionalmente isso não é balanceado”, explica Carvalho, ressaltando ainda a importância da oferta de água limpa e fresca, com vasilha lavada diariamente.

Distúrbios endócrinos

Animais pouco ativos ou sedentários, que vivem em apartamento, passam muito tempo sozinhos ou comem comidas de humanos (especialmente industrializadas e doces, mesmo que seja apenas um pouquinho) estão mais predispostos a terem distúrbios endócrinos, como diabetes mellitus, hipotireoidismo, hipertireoidismo, hiperadrenocorticismo e hipoadrenocorticismo.

Raças como labrador, basset hound e buldogue, de cachorros que costumam ser comilões, também representam predisposição.

A Profa. Dra. Vanessa Páfaro, médica veterinária radiologista do Laboratório Páfaro de Medicina Veterinária Diagnóstica, em Americana, explica que, estando o animal gordinho ou magrinho, sinais como rarefação de pelo, aumento no consumo de água e de alimento ou emagrecimento excessivo são indicativos de que algo pode estar errado.

Para o diagnóstico, além da consulta a um médico veterinário, ela recomenda exame de glicemia e dosagens hormonais, mais a realização de ultrassom. 

“Doenças hormonais causam problemas sistêmicos, que atingem outros órgãos. O diabetes traz graves consequências para a saúde do animal, que pode ficar cego ou desenvolver problemas renais, hepáticos, outras doenças graves derivadas. Por isso, a alteração metabólica é muito importante de ser controlada e tratada, muitas vezes com medicação diária e controle, que o paciente vai precisar pelo resto da vida, assim como a realização de exames”, informa Páfaro.

Envelhecimento e cânceres

O envelhecimento costuma ser relacionado a problemas de saúde palpáveis, visíveis e mensuráveis como distúrbios das funções renal, hepática ou cardíaca. No entanto, a imunidade dos animais também pode falhar na eliminação de células mutadas, dando início à tumores. 

Os mais comuns ocorrem nas mamas, pele (mastocitoma) e tecidos hematopoiéticos e linfoides (linfoma).

Segundo a médica veterinária Marcela Custódio Scherr, mestre em genética do câncer e doutoranda em imunoterapia em pequenos animais, do Vitae Oncologia Veterinária, em Americana, os sinais clínicos mais comuns dos pacientes oncológicos são: emagrecimento sem causa aparente; sangramento espontâneo (na urina, fezes, vômito ou pelo focinho); febre recorrente, que passa sem remédio e volta; presença de nódulos (ainda que de crescimento lento); tosse; engasgo e latido rouco.

“O diagnóstico precoce ainda é o nosso maior aliado no sucesso do tratamento, por isso o tutor deve adquirir o hábito de check-up semestral do animal idoso, que tem mais de 7 anos. O principal objetivo de tratar o paciente idoso com câncer é buscar remissão da doença e oferecer ao nosso paciente uma vida digna e confortável. Tão importante quanto dias de vida, é vida nos dias”, afirma Scherr.

Medicação manipulada

Com uma imensa quantidade de informações disponíveis na atualidade, a busca por especialistas se torna natural e necessária. Eles estudam cada detalhe acerca de um tema e com isso conseguem respostas que outras pessoas normalmente têm dificuldades para dar. Quando o assunto é medicamentos para animais, o conhecimento especializado é igualmente importante, e neste contexto se destacam as farmácias de medicação veterinária manipulada.

“São inúmeras as particularidades decorrentes das variadas espécies de animais, por isso a especialização na área da manipulação de medicamentos veterinários é tão importante, se tornou acessível e tem ganhado cada vez mais espaço, tornando-se a preferida de veterinários e tutores, além de possuir uma regulamentação própria, diferente das farmácias que manipulam medicamentos humanos”, explica Flávia Urso, farmacêutica da Amor Ao Bicho – Farmácia de Manipulação Veterinária, em Americana.

Ela lembra que a manipulação de medicamento veterinário também ajuda a evitar a automedicação, que pode colocar os animais em risco, já que os remédios só podem ser produzidos mediante prescrição do médico veterinário e seguindo as particularidades do pet. O uso de produtos tópicos e de higiene também pode ser mais vantajoso através da manipulação, já que a pele dos animais apresenta distinção de PH e sensibilidade. 

Banhos e cuidados semanais

Para animais com pele e pelagem saudáveis e especialmente os de pelagem dupla, a médica veterinária Allana Lima, da Clínica Veterinária e Pet Shop Bichos & Kaprichos, em Santa Bárbara, recomenda banhos semanais, incluindo a escovação de dentes, limpeza de orelhas e corte de unhas, se necessário. 

Para facilitar e garantir a eficiência da escovação dos dentes, ela indica que os tutores tenham o costume de fazer em casa. Já para manter o efeito de limpeza do banho por mais tempo, incluindo o perfume e a beleza do pelo dos animais, a dica é caprichar na higiene após os passeios.

“Recomendamos a escovação dos pelos e a limpeza das patinhas após os passeios, principalmente dos cachorros que são muito peludinhos. Inclusive, temos hidratantes para as almofadinhas, partes de baixo das patinhas”, acrescenta Lima. A hidratação previne o ressecamento e aparecimento de rachaduras nos coxins.

Cosméticos

Shampoo, condicionador, máscara hidratante, loção para limpeza a seco, spray repelente, álcool em gel… O mercado pet está sempre atento às preferências dos tutores e possibilidades de cuidados para os bichinhos. Para Gustavo Padovani, do Petshop Cãochorro, a tendência do momento está nos produtos baseados em ingredientes naturais.

“Hoje tem muita gente com essa ideia, rotina e estilo de vida. Linhas veganas, sem corantes, parabenos e petrolatos são tendência, e por isso temos bastante opções no mercado”, afirma ele, citando produtos que têm como principais ativos as castanhas, frutas e óleos essenciais. 

Outra novidade são sprays de limpeza ou repelentes de insetos e parasitas, que também tem composições com ingredientes naturais. Para a higiene das patas após cada passeio, Padovani indica álcool de cereais próprios para a limpeza dos pets, que tem capacidade para matar o coronavírus, mas pode ser cheirado e lambido pelo animal.