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Revista Pets

Pets em apartamento: confira dicas para respeitar as necessidades dos animais

Espaço reduzido pode limitar liberdades dos animais, mas adaptação é possível; confira recomendações de especialistas

Por Isabella Holouka

22 de março de 2022, às 09h25 • Última atualização em 22 de março de 2022, às 10h00

Com a tendência imobiliária de ocupar espaços cada vez mais compactos, práticos e econômicos, é comum que os tutores ou pessoas interessadas em adotar um cachorro se perguntem: É possível oferecer qualidade de vida ao animal em um espaço reduzido e sem área externa?

Para o médico veterinário e professor na FAM (Faculdade de Americana), Mauricio Etechebere, os cães até podem se adaptar, desde que sejam respeitadas as suas liberdades e expressões naturais. Ele recomenda que se escolham as espécies e raças de acordo com o espaço disponível, sempre consultando um médico veterinário.

“Precisamos fazer um julgamento simples: o que atende o ser humano no seu psiquê, e o que atende de verdade às necessidades do cão. Então, se eu realmente gosto do animal, tenho respeito pela espécie, vou respeitar a necessidade dele de sobrevivência, de área mínima para suas liberdades”, defende o especialista.

Quando a adaptação do pet no apartamento é bem-sucedida, é possível que ele tenha uma boa vida. Contudo, o animal precisa tomar sol, ter espaço e circulação de ar.

Animais de matilha, os cachorros demandam companhias para brincar, correr, brigar e disputar a comida. Também precisam latir, uivar e marcar o território de maneira natural – o que costuma ser um problema na falta de espaço, com xixi e cocô em lugares indevidos. Porém, tais comportamentos não podem ser encarados como distúrbios, e sim como naturais.

Diante da impossibilidade de se expressar naturalmente, o cão pode apresentar problemas de saúde. Se estiver entediado e descontar na ração, por exemplo, pode desenvolver diabetes.

As dermatites psicossomáticas são comuns em cães que desenvolvem compulsão por lambedura. A falta de sol na pele também pode afetar a resistência do tecido, deixando o animal mais suscetível a qualquer tipo de lesão.

“Eu posso ter um cachorro em apartamento? Pode sim, mas o que se deve considerar é a raça que irá ocupar aquela metragem, e qual é a sua disponibilidade para fazer com que esse animal reduza seu nível de estresse”, pontua Etechebere. 

Em outras palavras, nada de confinar cães de raças de grande porte e com bastante energia, como border collie, beagle, labrador ou golden retrivier (apenas para citar alguns exemplos) em apartamentos.

“São animais de liberdade, que gostam de espaço e que precisam correr, são animais de caça”, argumenta o veterinário.

Entretanto, a mudança de uma casa para um apartamento não é motivo plausível para o abandono do animal. E, embora a posse responsável inclua o planejamento da vida do pet a longo prazo, trata-se de uma situação comum.

Por isso, é necessário estar atento aos possíveis sinais de sofrimento do pet e alternativas para amenizá-lo. A consulta a um médico veterinário para avaliar a situação é fundamental.

Mylena e seus dois pets dividem um apartamento em Americana – Foto: Claudeci Junior / O Liberal

A empresária de 29 anos Mylena Pereira, que vive em um condomínio no Jardim São Domingos, em Americana, faz o que está ao seu alcance para minimizar o fato de seus dois lulus-da-pomerânea viverem em apartamento.

Toy, de 2 anos, e Cacau, de 1, têm passeios diários, são frequentadores de espaços pet e, em casa, fazem companhia um ao outro.

Quando está ausente, Mylena os observa através de uma “babá eletrônica”, que comprou especialmente para checar como estão os pets. E as necessidades fisiológicas são feitas em tapetinhos higiênicos.

Mas o que ela considera de grande valia para manter a dupla sadia é frequentarem uma creche todas as quartas-feiras. “No apartamento a gente brinca, e tudo, mas o espaço acaba sendo pequeno para eles. Apesar de serem de raça de pequeno porte, eles precisam gastar energia. Na creche, eles suprem uma necessidade que a gente não consegue suprir, convivem com outros animais, aprendem a socializar, respeitar o espaço, e tudo isso é muito bom”, conclui.

Condomínios

A permissão de animais em apartamentos está pautada na legislação brasileira, segundo a qual os condomínios não podem proibir a presença dos pets. Contudo, a circulação de cachorros, gatos e outros animais deve seguir a convenção e o regimento interno do prédio.

“Muitos condomínios adotam que o pet precisa descer no elevador em uma caixa de transporte até a rua. Em outros, precisa descer no colo e, na hora de sair do elevador, você pode colocar ele em uma coleira ou guia e andar com ele na área comum. Esse é um dos maiores pontos de discussão”, comenta Marcus Camargo, presidente da APC (Associação Paulista de Condomínios) e síndico profissional em Americana.

De acordo com ele, cada condomínio estabelece suas regras, o que não deixa de gerar conflitos. O profissional cita como recorrentes motivos para desentendimentos a falta de higiene que pode gerar mau cheiro nos apartamentos e a ocorrência de barulhos – ou seja, latidos insistentes. Neste último caso, a situação precisa ser controlada ou resolvida, não só pelo bem do silêncio, mas também pelo bem-estar animal.

Outro ponto é a conduta do tutor diante do cão que faz xixi ou cocô onde não deveria: se limpar o local, tudo bem, o problema é quando ele percebe a sujeira, mas ignora.

“Esses problemas são passíveis de multa condominial, se isso estiver previsto no regulamento interno e na convenção”, pontua Camargo. Ele lembra que cabe ao síndico mediar os conflitos, a partir da compreensão da situação de todos os envolvidos. 

Área pet do Side Concomínio Club, quando ainda estava em construção – Foto: Claudeci Junior / O Liberal

Síndico no Side Condomínio Club, em Americana, que tem quase 600 apartamentos e três mil moradores, além de ser proprietário de uma administradora de condomínios, Criser Cerquiare afirma que a construção de espaços pet é uma tendência nos empreendimentos novos e antigos.

O Side iria inaugurar em fevereiro um espaço com cerca de 60 metros quadrados que deve conter rampas, túneis e outros brinquedos, no interior do condomínio.

“É natural que entre 30 e 40% dos moradores tenham pets. Além disso, tem um pessoal que tem medo de passear na rua à noite. Então eu apresentei a ideia em assembleia e teve 100% de aceitação”, conta o síndico, que recomenda uma boa análise do espaço disponível e regras bem estabelecidas para o cuidado e manutenção do espaço em condomínios que estudam a implantação.

Gatos

Que os gatos são completamente diferentes dos cães não é nenhuma novidade. Quando o assunto é pet em apartamento, eles tendem a se adaptar mais facilmente, mesmo aos espaços mais reduzidos, demandando menos atenção diária e atividades.

Essa percepção é um dos motivos que impulsiona a tendência de crescimento da população felina, segundo o médico veterinário Klaus Tober Santarosa, da Med.Kal Pet, em Americana.

“O gato pode ser uma alterativa para quem tem um apartamento com metragem reduzida e deseja a companhia de um pet. Eles costumam procurar o proprietário quando querem atenção e são excelentes animais para ambientes menores, se sentem muito bem em locais fechados”, falou à Revista L Pets.

Contudo, isso não significa que o animal esteja livre de sentir estresse. De acordo com o veterinário, um gato que parece estar sempre com as orelhas para trás, com postura resignada e passa a se esconder com mais frequência pode estar precisando de uma alteração no ambiente ou avaliação médica.

A adaptação do apartamento vai depender do perfil do gato, de seus gostos e brincadeiras preferidas. Hoje o mercado pet oferece uma grande variedade de brinquedos específicos para os felinos, além de arranhadores, nichos e playgrounds – com tocas, prateleiras, pontes e degraus – que podem ser instalados nas paredes e ajudam o bichano a se distrair e gastar energia. Produtos que exalam feromônio felino também podem ajudá-lo a se sentir em casa. 

Recomendações

  • Creches para cachorros, onde eles podem brincar livremente e socializar com outros animais;
  • Passeios frequentes, nos horários mais frescos, mais de uma vez ao dia;
  • Enriquecimento ambiental com túneis, pontes, bolas, cordas e outros brinquedos;
  • Ter momentos de brincadeira e atenção com o cão pelo menos quatro vezes ao dia;
  • Adequar o ambiente para as necessidades fisiológicas do pet;
  • Ser paciente e não exigir do animal aquilo que ele não compreende ou não pode fazer;
  • Atentar-se aos sinais de mudanças comportamentais e momento de vida do pet.

Sinais de estresse

  • Depressão, que pode se manifestar de duas formas: apatia ou excitabilidade excessiva, ou seja, um comportamento explosivo e agitado; 
  • Dermatopatias, como a síndrome da lambedura psicossomática;
  • Obesidade ou distúrbios hormonais;
  • Destruição de objetos ou móveis.

Fonte: médico veterinário Mauricio Etechebere

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