20 de abril de 2024 Atualizado 00:43

8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Dia dos Namorados

Romance e gastronomia: casais que cozinham juntos

Casais contam como o tempo cozinhando juntos contribui para a intimidade e manutenção de tradições

Por Isabella Holouka

12 de junho de 2021, às 08h19 • Última atualização em 12 de junho de 2021, às 08h20

Moradora de Santa Bárbara d’Oeste, Daniela Colombi Barbosa, de 29 anos, não sabia cozinhar e admite que não comia quase nada, até conhecer Bruno Camargo Barbosa, de 30 anos, que hoje é seu esposo.

Formado em gastronomia, Bruno apresentou Daniela à cozinha e a aproximação deu tão certo que o casal hoje acumula cerca de 40 mil seguidores no Instagram, no perfil @aprovadopelocasal, onde eles compartilham vinhos e receitas testadas.

“Ele me ensinou do zero mesmo, eu só sabia fazer miojo. Hoje eu me arrisco bastante, mas ele está sempre comigo”, conta Daniela. “Para o blog, normalmente cozinhamos aos sábados ou domingos o dia todo, porque durante a semana trabalhamos em uma empresa. Mas sempre fazemos nossos jantares também”, completa.

Daniela e Bruno: casal acumula cerca de 40 mil seguidores no Instagram, onde compartilha vinhos e receitas testadas – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

Risotos, pratos com pato ou frutos-do-mar, como o camarão, deixavam Dani enjoada só de pensar. Em compensação, hoje são muito queridos pelo casal. “Risotos nós gostamos muito. Em casa, comemos mais arroz arbóreo do que arroz comum”, brinca Bruno.

Os momentos na cozinha são de aproximação. O casal abre um vinho para curtirem juntos, ou até mesmo uma cerveja, contam causos, dão risada, ouvem música. O clima gostoso também contagia a filha deles, de apenas 8 anos, que já arrisca receitas de bolos.

“Cozinhar aproxima. É uma experiência muito boa, e não só em casal. A nossa filha, talvez por ver a gente cozinhando muito, adora. Ela tem 8 anos, fica com a gente na cozinha também”, conta Bruno.

Das lições tomadas com o marido, Dani destaca a importância de estudar para o sucesso na cozinha. “Procuramos muita receita e eu acho que essa é a base, porque nunca sabemos tudo. Sempre procuramos uma ou duas referências, e seguimos passo a passo”, afirma ela.

“Muitas vezes vemos uma receita e pensamos, ‘nossa, quanta coisa!’, mas acaba não sendo tão difícil quanto parece”, ressalta Bruno. 

Divisão de tarefas e pratos com toque de tradição

A divisão de tarefas na cozinha é de praxe para o casal Daniane Fernanda Gambaroto, americanense moradora de Campinas, de 37 anos, e Gustavo de Oliveira Fernandes, gaúcho de Santa Maria (RS), de 38 anos.

“Nós dois gostamos muito de cozinhar, então eventualmente vamos para a cozinha juntos e cada um faz uma parte. Ele gosta muito das massas, então eu faço o molho. É sempre assim”, confidencia Daniane.

Daniane e Gustavo: eles gostam dos momentos a dois na cozinha e aproveitam para dar um toque pessoal aos pratos que fazem juntos – Foto: Arquivo pessoal

Gustavo aprendeu a cozinhar com a avó e a mãe, e levou os ensinamentos para Campinas quando foi morar sozinho. Já Daniane tem como referência o pai, que sempre comandou a cozinha, e é uma inspiração para o hobby de cozinhar.

Durante a semana, quando a rotina toma conta, é ela a responsável pelas principais refeições do casal. Aos finais de semana, eles costumam escolher entre cozinhar uma galinha caipira no fogão a lenha dos pais de Daniane ou ficar em casa e apostar em um risoto ou massa a dois.

De ascendência italiana, eles visitaram o velho continente há dois anos e voltaram apaixonados pelas massas. Tanto, que o prato apontado como o mais marcante na trajetória do casal na cozinha é um macarrão à carbonara.

“Nós provamos lá na Itália e quando fizemos pela primeira vez o nosso macarrão, ele fez a massa e eu fiz o molho, foi um prato que nos marcou”, lembra ela. “Utilizamos a receita, mas já demos as nossas alteradas, colocando os nossos temperos particulares. E isso resume muito porque eu gosto de cozinhar com a Daniane, é por causa desses momentos, de nossas criações”, diz Gustavo, que conta manter as tradições típicas do Sul.

Ele segue tomando seu chimarrão, faz churrasco com lenha e não carvão, e sempre com peças inteiras, dentre outras culturas culinárias.

“O que mais curtimos é estar juntos. Apesar de termos uma convivência bastante intensa, porque trabalhamos e moramos juntos, na cozinha é um clima mais leve e divertido, e também acontece uma troca de experiências, porque cada um sabe sobre uma coisa”, destaca ela.

O nhoque da ‘nonna’ compõe momentos a dois

Apaixonados pela cozinha, e percebendo a grande quantidade de elogios que recebiam de suas visitas, Cristina Trovo Ezziq, de 55 anos, e Claudio Ezziq, de 57, transformaram a própria cozinha em restaurante. “Ela tem origem italiana e eu tenho origem árabe e italiana também. Você já sabe como funcionam essas duas etnias, de pessoas que gostam muito de comer e de estarem juntos cozinhando”, brinca ele.

Cláudio e Cristina: vida a dois pautada pela gastronomia – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Moradores de Nova Odessa, eles foram proprietários da rede Caldo de Quenga, que chegou a ter três restaurantes, dois em Nova Odessa e um em Santa Bárbara d’Oeste, até 2017. Também comandaram padarias e pizzarias, não só na RPT (Região do Polo Têxtil), mas também em Bauru – cidade natal de Claudio, localizada no centro-oeste paulista, onde o casal se conheceu e iniciou a vida a dois.

“Já estivemos à frente de uma equipe com mais de 40 pessoas, e hoje decidimos estar somente nós dois”, confidencia Cristina, que depois de anos de correria com os negócios, decidiu resgatar o nhoque da avó, receita que aprendeu na infância e é compartilhada entre os familiares de ascendência italiana.

“Hoje temos mais momentos íntimos e levamos mais carinho, mais amor, algo novo para as pessoas, como um acalento mesmo”, diz.

Pesar os ingredientes, cozinhar as batatas, adicionar os ovos, misturar a farinha. A cozinheira conta que cada passo para a preparação das receitas costuma ser compartilhado entre a família, envolvendo ainda os filhos do casal. A comunhão repete a tradição da ‘nonna’, que chamava os netos para ajudarem na cozinha.

“O momento que estamos juntos na cozinha é único, e não volta. Eu sinto muita falta da minha ‘nonna’, quando ela chamava os netos. São memórias que vão ficar para o resto da vida. Ao invés de cozinhar sozinha e dizer ‘olha, a comida está na mesa’, podemos chamá-los [os filhos] para estarem partilhando. E isso vai passando de geração em geração”, conclui.

Publicidade