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Bem-Estar

Você sabia que é possível doar óvulos?

35% dos casos de infertilidade estão relacionados à mulher e especialista responde as principais dúvidas sobre como a ovodoação pode ajudar

Por Redação

05 de novembro de 2021, às 15h14

Ao cogitar e sonhar com a chegada de um filho inicia-se o desejo de uma vida totalmente nova. Mas nem sempre é possível realizá-lo já que, de acordo com estatísticas da OMS, 50 a 80 milhões de pessoas em todo o mundo podem ser inférteis e estimam que em média 35% dos casos são pertinentes à mulher. Contudo, a maior parte é tratável e entre as opções de procedimentos existe a ovodoação ou a doação compartilhada.

Esse ato alimenta uma rede de afeto e solidariedade que ocorre quando uma mulher (doadora) cede seu óvulo para que ele seja fecundado e implantado de forma anônima para outra mulher que por algum motivo, não possa utilizar seus óvulos próprios. (receptora).

“Quando uma mulher encontra outra com dificuldade para realizar o sonho da maternidade e se comove com a situação decidindo doar seus óvulos para ajudar, ela está agindo de maneira afetuosa. Porém, a doação de óvulos ainda é considerada um tabu em nossa sociedade”, analisa Ana Paula Aquino, ginecologista pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), e médica especializada em reprodução assistida na Huntington Medicina Reprodutiva.

“Nós defendemos a ideia de que, nós mulheres, juntas somos mais fortes e que precisamos umas das outras para buscarmos a liberdade e os direitos que reivindicamos. Essas alianças são importantes para que estigmas e preconceitos enraizados sejam enfraquecidos”, conta a médica que também é a responsável pela doação de óvulos no Grupo Huntington.

“O esclarecimento sobre o tema é extremamente relevante, já que atualmente as notícias falsas são constantemente disseminadas por meio de aplicativos e redes sociais. Por isso, reforçamos a importância de sempre buscar fontes seguras antes de propagar as informações recebidas”, enfatiza Ana Paula. “Além disso, vale ressaltar que sempre devemos buscar uma clínica especializada e com processos seguros, pois sabemos que muitas não possuem excelência em seu trabalho dando margem a boatos sobre o assunto”, finaliza a médica.

O que é a ovodoação e em quais casos é necessário utilizar óvulos doados?

O procedimento é uma alternativa para casais heterossexuais ou homoafetivos que não conseguem engravidar e a causa está relacionada à baixa reserva ovariana ou em qualidade ruim. Então ela recebe os óvulos de uma mulher mais jovem, de maneira anônima e com o apoio da clínica para que haja a melhor escolha do óvulo doado. O tratamento também é indicado para pacientes que realizaram vários ciclos de FIV sem sucesso, menopausa precoce, falência ovariana prematura, ausência de ovários devido a cirurgias e perda da capacidade de produzir óvulos devido a quimioterapias.

Como funciona a ovodoação no Brasil?

A doação de óvulos, sêmen e embriões é regulamentada no Brasil pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) por meio da resolução 2.168 / 2017, mas tiveram algumas atualizações após a publicação da nova resolução 2.294 / 2021. Trata-se de um processo voluntário, anônimo e sem caráter lucrativo ou comercial.

A doação é anônima ou preciso me identificar?

O programa tem caráter anônimo, respeitando as exigências do Conselho Federal de Medicina (CFM), que também proíbe a comercialização de óvulos. Dessa forma, sigilo e anonimato são fundamentais nos tratamentos que envolvem a doação de gametas.

O que é a doação compartilhada?

Esse processo acontece quando a paciente doa parte dos óvulos para custear o próprio tratamento e a mulher possui uma boa reserva ovariana.  

O que é a barriga solidária?

Também conhecida como útero de substituição, acontece quando a paciente não tem o útero ou para casais homoafetivos masculinos. No Brasil precisa ser parente de até 4° grau, caso não seja é preciso autorização do CFM. “Alguns chamam de barriga de aluguel, porém é importante frisar que esse termo não é correto já que não é aceita a remuneração desse tipo de tratamento no Brasil”, explica Ana Paula.

Qualquer mulher pode ser doadora?

Para que a doação aconteça, a mulher passa por uma triagem onde são realizados exames dentro da clínica, levantamento de histórico de doenças familiares, infectocontagiosas e até avaliação genética. Se a saúde estiver dentro dos padrões e atender a todos os pré-requisitos, ela estará apta a doar seus óvulos. Também existe a preferência por mulheres com menos de 35 anos. Vale ressaltar que todos os procedimentos necessários são realizados sem custos para doadora.

A idade influencia nesses casos?

Neste tipo de tratamento é a idade do óvulo que importa, preferencialmente até os 34 anos, pois a doadora “repassa” sua chance para a receptora, que independentemente da idade terá mais chances de engravidar.

A receptora pode escolher a doadora? Como acontece esse processo?

Segundo Ana Paula, esse processo pode depender da clínica. “Na Huntington Medicina Reprodutiva temos duas etapas complementares de seleção dos óvulos. A primeira é baseada na experiência das enfermeiras responsáveis, que são profissionais que realizam uma minuciosa seleção para identificar as semelhanças físicas e diferenças da doadora com a receptora. Isso só é possível devido ao vasto conhecimento das profissionais que conseguem trazer precisão e assertividade para a escolha. A segunda maneira para realizar a seleção dos óvulos é por meio de um software (Fenomatch), que realiza a análise da biometria facial das receptoras e busca doadoras compatíveis. Esse programa analisa o banco de dados para encontrar quem tenha as características mais parecidas possíveis com a da mulher que irá receber os óvulos”.

Quais os preparos a doadora precisa fazer? Como é o processo? É doloroso? Tem efeitos colaterais?

O procedimento é parecido com quem faz o congelamento de óvulos. Durante 10 a 14 dias, a doadora deve usar medicamentos injetáveis subcutâneos (na gordurinha) que estimulam o crescimento dos óvulos disponíveis. Nesse intervalo, ela faz de 4 a 5 ultrassons. Em seguida, é feita a coleta de óvulos com sedação. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão a retenção de líquido, podendo ganhar de 1 a 3 quilos, mamas inchadas e desconforto abdominal. Outras implicações mais raras são dor de cabeça, instabilidade emocional com alterações de humor e aumento do apetite.

Como é o processo para a receptora? É doloroso? Tem efeitos colaterais?

Para a receptora é um processo simples e praticamente indolor, pois conta apenas com o uso de medicações via oral, vaginal ou tópico. O intuito é simular um ciclo normal da paciente menstruada para o endométrio crescer e dura entre 17 e 20 dias, do início do preparo até a transferência embrionária. Ela precisará fazer em torno de 3 ultrassons para avaliação e, então, é agendado o procedimento de implantação do embrião (após fertilização), que também é realizado no centro cirúrgico, mas não há a necessidade de sedação.

Existem riscos para doadora? E para a receptora?

Geralmente, as receptoras não possuem riscos durante o processo. Para a doadora, a coleta de óvulos, pode apresentar risco de um leve sangramento e, dependendo da quantidade de folículos, pode ocorrer um risco de hiperestímulo, mas hoje é possível controlar com medicamentos.

Quais os cuidados especiais para doação?

Durante a fase de estímulo do ovário é indicado não realizar atividades físicas, principalmente exercícios que forçam o abdômen. Também é preciso uma atenção especial aos horários das medicações.   

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