18 de abril de 2024 Atualizado 22:58

8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Alerta

Os riscos do cigarro eletrônico

Mortes e lesões pulmonares associadas ao uso do dispositivo alertam para os riscos que o aparelho pode causar

Por Cristiane Bomfim / Agência Einstein

27 de fevereiro de 2021, às 08h44

A polêmica sobre os benefícios e prejuízos do cigarro eletrônico para a saúde continua intensa. De um lado, alguns estudos mostram que seu uso para a cessação do tabagismo é mais eficiente do que a terapia de reposição da nicotina (como adesivos e gomas de mascar).

Do outro, há pesquisas que relacionam o dispositivo com doenças cardíacas e pulmonares. E enquanto não se chega a um consenso, a associação de 42 mortes e 2172 casos de lesão pulmonar à utilização indiscriminada dos e-cigarettes ou vaporizadores nos Estados Unidos tem preocupado a comunidade médica e alarmado a população.

Estudos realizados por pesquisadores do mundo todo estão mostrando que o cigarro eletrônico causa danos à saúde, especialmente ao coração e ao pulmão – Foto: Zain Ali_Pexels

De acordo com o boletim divulgado pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, testes em amostras de 29 pacientes com a lesão pulmonar associada ao cigarro eletrônico constataram a presença do acetato de vitamina E, usado na composição de várias essências, em todas as amostras.

Já o princípio ativo da maconha Tetrahidrocanabinol (THC) estava presente em 82% das amostras, enquanto a nicotina, em 62%. “É a primeira vez que uma substância química preocupante é detectada em amostras biológicas de pacientes com essas lesões pulmonares”, diz o documento recém-publicado no site do órgão norte-americano.

SUBSTÂNCIAS
“Embora já existam estudos que comprovem, por exemplo, que o uso o cigarro eletrônico tem resultados mais positivos que terapias de reposição de nicotina, ainda há questões que não estão claras. Entre elas, como as várias substâncias em sua composição se comportam quando inaladas e as definições do uso seguro”, afirma o pneumologista Humberto Bogossian, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Para a cessação do tabagismo, pesquisa publicada no The New England Journal of Medicine no início deste ano, mostra resultados positivos.

Realizado entre 2015 e 2018 com 886 fumantes participantes do Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido, a taxa de abstinência em 1 ano foi de 18% para o grupo que usou cigarros eletrônicos para a redução do consumo de nicotina, em comparação com 9,9% no grupo que usou a terapia de substituição (adesivos, gomas de mascar e microtabs).

Os cigarros eletrônicos podem ser encontrados em diferentes formas e tamanhos: mini, no formato de cigarros convencionais, de canetas ou pen-drives – Foto: Thorn Yang_Pexels

Mas, para a saúde do coração, o cigarro eletrônico tem efeito nocivo semelhante ao do cigarro tradicional. Um dos estudos, realizado pelo Instituto de Pesquisa Cardiovascular da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostrou que o uso do dispositivo reduz as enzimas responsáveis pela produção do óxido nítrico, substância envolvida na proteção dos vasos sanguíneos e no controle da pressão arterial.

“Para evitar problemas com a saúde, o mais importante é que a população saiba como ele funciona, conheça os riscos que pode oferecer e não o use indiscriminadamente”, explica o médico. Embora tenha propaganda e comercialização proibidas desde 2009 no Brasil, é possível encontrar o produto à venda em lojas físicas e na internet.

“Mas, o que ninguém sabe, até por não ter regulamentação sobre isso, é quais substâncias estão dentro dos frascos de essências”, alerta.

O que você precisa saber

O que são cigarros eletrônicos?
Cigarros eletrônicos são dispositivos que tentam imitar o cigarro comum na sua função. Os aparelhos são divididos em quatro partes: compartimento para armazenamento da nicotina e outras substâncias líquidas (como essências), um elemento eletrônico de aquecimento (atomizador), uma ponteira (que funciona como uma piteira) e uma bateria, com entrada USB para recarga.

Como eles funcionam?
Ao puxar o ar do compartimento pela ponteira, o dispositivo eletrônico aquece e vaporiza a substância líquida, produzindo aerossol, frequentemente chamado de vapor, que é tragado e depois liberado pelo usuário. Ao inalar este vapor, o fumante está ingerindo uma série de substâncias, como a nicotina.

O que é vaping?
É o ato de inspirar e expirar o aerossol (vapor) produzido pelo cigarro eletrônico. Este termo é usado porque os cigarros eletrônicos não produzem fumaça de tabaco, e sim um aerossol, que muitas vezes é confundido com vapor de água. O aerossol é composto por uma série de partículas finas que contem quantidades variadas de produtos químicos tóxicos. Cada vez mais estas partículas estão sendo associadas a doenças cardíacas, respiratórias e câncer

O que é JUUL?
É uma das principais marcas de cigarro eletrônico do mundo. Responde por mais de 70% do mercado norte-americano e tem grande apelo entre adolescentes e jovens adultos por possuir um design fino em forma de uma unidade de USB (o que torna mais fácil de esconder), várias cores e sabores.

A venda de cigarros eletrônicos é proibida no Brasil?
Em 2009 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) proibiu o comércio, a importação e a propaganda dos cigarros eletrônicos no Brasil.

Os cigarros eletrônicos são prejudiciais à saúde?
Estudos realizados por pesquisadores do mundo todo estão mostrando que o cigarro eletrônico causa danos à saúde, especialmente ao coração e ao pulmão. O uso dos cigarros eletrônicos aumenta as chances de sofrer derrame, ataque cardíaco e doença coronária, de acordo com uma pesquisa apresentada na Conferência Internacional de AVC (International Stroke Conference) de 2019.

Em julho, o Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou sobre riscos do cigarro eletrônico e desaconselhou o uso deste produto. Em novembro, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) informou que o acetato de vitamina E é um dos principais responsáveis pelo surto de lesão pulmonar relacionada ao uso de cigarros eletrônicos que resultou em cerca de 40 mortes e no adoecimento de mais de 2 mil pessoas.

O que os pais podem fazer?
Não use produtos de tabaco para não ser um exemplo negativo. Converse com seus filhos sobre os perigos do fumo e a importância de evitar o uso do tabaco, tanto nos cigarros convencionais quanto nos eletrônicos. Lembre que cigarros eletrônicos contêm nicotina e outras substâncias tóxicas que prejudicam a saúde.

Fontes: American Heart Association, Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Organização Mundial de Saúde (OMS) – Agência Einstein.

Publicidade