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Diabetes

Insulina inalável tem efeito quase imediato

Ela foi liberada pela Anvisa no ano passado e valor vai de R$ 2 mil a R$ 3,8 mil; entenda como ela funciona e quais são as suas contraindicações

Por Marina Zanaki

14 de março de 2020, às 08h06

Liberada no Brasil desde o ano passado, a insulina inalável tem um efeito mais veloz em relação ao tratamento tradicional, aplicado de forma subcutânea. Seu efeito começa em cerca de 10 minutos, bem mais rápida que a meia hora que a insulina injetável.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, essa forma de absorção se assemelha a um pâncreas de uma pessoa que não possui diabetes. Como seu efeito é quase imediato, o ideal é que ela seja associada às refeições.

O médico Roberto Abrao Raduan, endocrinologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, explicou que a insulina é aspirada por meio de um aparelho e precisa alcançar os alvéolos dos pulmões.

Foto: Divulgação
A nova insulina é comercializada em pó, em cartuchos com três tipos de dosagem; o paciente deve encaixar o cartucho no inalador e aspirar o pó

A partir disso, ela é enviada à corrente sanguínea e começa a fazer efeito. Caso seja associada, por exemplo, ao almoço, ao final da refeição os carboidratos foram processados pelo organismo que já conta com a insulina.

Ao começar a fazer efeito mais rápido, ela também perde eficácia mais rapidamente. Enquanto a insulina subcutânea dura de três a quatro horas, a inalável tem efeito de duas a três horas.

O ideal é que as duas estejam associadas, revezando entre momentos em que há a necessidade de um efeito rápido e quando isso pode ocorrer mais lentamente, como durante o sono.

Contudo, ela tem algumas desvantagens. A principal delas é o preço – o valor pode variar de R$ 2 mil a R$ 3,8 mil. Para Raduan, o custo do produto assustou.

“O preço inviabiliza a prescrição, o paciente terá dificuldade de seguir o tratamento porque o valor é muito elevado”, analisou o profissional.

Além disso, existe o desafio de que as partículas da insulina sejam no tamanho correto. Caso sejam maiores, não chegam aos alvéolos para serem absorvidas. Caso sejam menores, podem ser liberadas no ar no momento da expiração.

CONTRAINDICAÇÕES

A insulina inalável possui contraindicações. Pessoas que possuam problemas pulmonares, fumantes e menores de 18 anos não podem fazer o uso do medicamento.

O Brasil é o segundo País do mundo a liberar a insulina inalável – o outro é os Estados Unidos. Contudo, essa não é a primeira vez que um medicamento com essa mesma proposta entra no mercado brasileiro.
Em 2006, outra insulina inalável foi comercializada no País.

Contudo, pouco tempo depois de chegar às prateleiras foi recolhida. À época, a fabricante disse que não houve adesão suficiente da população.

Raduan aponta que o aparelho para inalação era muito grande e não teve grande aceitação entre os pacientes. Além disso, ele lembra a ocorrência de doenças pulmonares relacionadas ao medicamento.

“É uma tentativa, vamos ver como se dá a aceitação. Na verdade, meus pacientes não reclamam da insulina injetável, houve uma evolução muito grande. As agulhas hoje têm quatro milímetros, a insulina vem em uma caneta que dá para levar no bolso, é facilmente aplicável”, ponderou o médico.

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