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Doença ocular

Glaucoma ainda é desconhecida e dificulta diagnóstico precoce

O glaucoma é a segunda causa de cegueira no mundo, ficando atrás apenas da catarata

Por Isabella Holouka

15 de agosto de 2020, às 11h40

Grande parte da sociedade brasileira não se dá conta da importância de consultas frequentes ao oftalmologista, sabe pouco sobre o glaucoma e desconhece o risco de cegueira irreversível que a doença representa.

É o que aponta uma pesquisa aplicada pelo IBOPE Inteligência a 2,7 mil internautas brasileiros, com mais de 18 anos, em diferentes regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Ceará e Pernambuco.

O resultado foi divulgado no último mês em campanha de conscientização promovida pela SBG (Sociedade Brasileira de Glaucoma) e pela Upjohn, divisão da Pfizer focada em doenças não transmissíveis.

A rotina na ida ao oftalmologista é essencial para o diagnóstico precoce de patologias e para prevenção da cegueira – Foto: Imagem de David Mark por Pixabay

“O glaucoma é a morte da célula que faz conexão do olho com o cérebro. Nós vemos o aspecto dessa morte no nervo óptico, com um exame de fundo de olho. Por isso o médico muitas vezes insiste em dilatar a pupila e fotografar para comparar ao longo do tempo”, explica o médico oftalmologista Augusto Paranhos Junior, presidente da SBG.

Dentre os fatores de risco ele destaca a hereditariedade, a pressão alta e a ocorrência de traumas oculares. A miopia é fator de risco para glaucoma primário de ângulo aberto e a hipermetropia é fator de risco para glaucoma primário de ângulo fechado. Além disso, pessoas negras têm mais chances de desenvolver a doença ocular.

Segundo estatísticas da OMS (Organização Mundial da Saúde), o glaucoma é a segunda causa de cegueira no mundo, ficando atrás apenas da catarata. Entretanto, representa um desafio maior para a saúde pública, porque a cegueira causada pelo glaucoma é irreversível.

Para Augusto, a confusão entre as doenças é outra face da desinformação que pode dificultar o diagnóstico. “Muitas vezes o paciente acha que está perdendo a visão por catarata e na verdade tem glaucoma. Fica enrolando para ir ao médico, porque terá que operar, mas acha que será reversível, ou tem dificuldade realmente em ir ao médico. E quando vai avaliar a catarata não é incomum que ele já tenha glaucoma avançado e tenha perdido a visão naquele olho. A cirurgia de catarata se combinada com a cirurgia de glaucoma é mais complicada”, explica.

DOENÇA SILENCIOSA

De acordo com o especialista, a falta de conhecimento sobre as doenças oculares e sobre a importância de frequentar o oftalmologista é problemática, pois as patologias podem se desenvolver e alcançar estágios avançados sem o aparecimento de sintomas.

“O glaucoma é uma doença silenciosa e é um caminho sem volta, a célula que morre não se regenera. Por isso o diagnóstico precoce é importante. Quem fica cego por glaucoma geralmente é diagnosticado em estágio avançado. Se a gente faz um diagnóstico precoce, com a doença leve ou moderada, a probabilidade de o paciente ficar cego fazendo o tratamento adequado é muito pequena”, resume o médico.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Projeções da IAPB (Agência Internacional para Prevenção da Cegueira) indicam a existência de aproximadamente 80 milhões de pessoas com glaucoma em todo o mundo e estimam que 3,2 milhões podem ficar cegas devido à doença até o final de 2024.

Segundo o médico oftalmologista presidente da SBG, Augusto Paranhos Junior, o diagnóstico de glaucoma muitas vezes depende de um acompanhamento, com avaliação contínua do nervo óptico e da pressão ocular.

Diante do diagnóstico, uma das dificuldades é a baixa adesão aos tratamentos, segundo o médico, já que eles não proporcionam uma melhora e por isso demandam a conscientização dos pacientes.

“No glaucoma o tratamento é para que a situação não piore. Você desacelera ou para o processo, evitando a cegueira”, explica Augusto.

“O paciente não tem queixa, começa a usar o colírio que pode ter efeito colateral, irritar, induzir ao olho seco, dar alergia. Além da inconveniência de ficar pingando o colírio todos os dias, ele acha que não está melhorando nada e para. Ou seja, ele não entendeu o tratamento. Isso é muito comum em todas as classes sociais”, exemplifica.

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