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Saúde

Exame inovador para detectar a tuberculose em pacientes sem sintomas está disponível para o SUS

Teste IGRA é capaz de identificar a doença em sua fase latente, possibilitando o tratamento precoce e evitando que a infecção se manifeste

Por Luciana Bulgarelli – Atitudecom

06 de outubro de 2021, às 20h20

Considerada a doença infecciosa que mais mata no mundo, a tuberculose é um problema de saúde pública. Estima-se que 25% da população mundial estejam infectados pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis) em sua forma latente, ou seja, sem apresentar sintomas, e apenas 10% são casos ativos. Uma das maneiras mais efetivas de prevenir a transmissão e erradicar a doença se dá pelo diagnóstico e tratamento precoces da tuberculose ativa e da prevenção reativa da patologia, através do tratamento da infecção latente (ILTB).

No Brasil, para reforçar o combate a essa doença altamente contagiosa, o Ministério da Saúde promoveu um pregão para aquisição de um exame inovador, que será disponibilizado à população pelo SUS (Sistema Único de Saúde), para detecção da tuberculose latente. A licitação foi vencida pela QIAGEN, multinacional alemã especialista em tecnologia para diagnóstico molecular, que fornecerá ao órgão o teste IGRA QuantiFERON-TB Gold Plus, considerado um exame referência e o mais utilizado no mundo.

O método IGRA está entre os mais precisos para identificar a tuberculose em sua fase latente, analisados e recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Trata-se de um teste sensível, específico e objetivo, realizado com uma pequena amostra de sangue, que apresenta resultado rápido e seguro, com a precisão de testes laboratoriais. Outro benefício desse exame é requerer apenas uma visita ao médico, sendo um processo mais ágil, enquanto o método atualmente utilizado no SUS, o tuberculínico PPD, ocorre em duas etapas: uma para aplicação do teste e outra para leitura e interpretação do resultado.

A chegada dessa tecnologia à rede pública de saúde amplia o diagnóstico da doença e beneficia a população de alto risco, como HIV positivos, crianças contato de casos de tuberculose ativa e candidatos a transplantes de células-tronco hematopoiéticas. Os casos da infecção latente por tuberculose são considerados como reservatórios do bacilo, e a qualquer momento, se o paciente tiver sua imunidade afetada, pode vir a desenvolver a forma ativa, com sintomas.

“Disponibilizar esse tipo de exame à população por meio do SUS é um importante passo para o combate e erradicação de uma doença séria, que requer muita atenção. Fomos os primeiros a chegar ao Brasil com essa tecnologia, a fomentar pesquisas e apresentar soluções ao Programa Nacional de Controle de Tuberculose. Hoje, todos os grandes laboratórios e hospitais do Brasil contam com o nosso produto em seu portfólio e, agora, está disponível para a rede pública de saúde”, declara Paulo Gropp, vice-presidente da QIAGEN na América Latina.

Tuberculose ainda mata mais de 1 milhão de pessoas por ano

De acordo com dados do Relatório Global da Tuberculose 2020, ao longo de 2019, a doença infectou mais de 10 milhões de pessoas e levou a óbito mais de 1,2 milhão em todo o mundo. No Brasil, considerado pela OMS como um dos 30 países que concentram 90% dos casos, foram registrados 96 mil novos diagnósticos no mesmo período, sendo 6.700 fatais.

A organização ainda destaca que é necessária a busca ativa e tratamento de ambos os tipos de infecções por tuberculose (ativo e latente), para que haja uma redução significativa no número de casos e na letalidade dessa enfermidade. Por se tratar de uma doença tratável e curável, quanto antes for detectada, maiores são os índices de sucesso do tratamento.

Covid-19 fez retroceder em 12 anos a erradicação da tuberculose

Estudos preliminares compilados pela OMS, em mais de 80 países, apontam que 1,4 milhão de pessoas receberam tratamento para tuberculose em 2020, o que corresponde a uma redução de 21% em relação a 2019. O órgão analisa que, com a pandemia do novo coronavírus, os compromissos assumidos por líderes globais, para eliminar a doença como problema de saúde pública até 2030, estão em risco. Segundo especialistas, a pandemia eliminou doze anos de progressos na luta global contra a tuberculose.

Além disso, a Covid-19 despertou um alerta entre profissionais da saúde e comunidade médica, para os riscos de contaminação da população que já sofre com a tuberculose. Com ambas as infecções afetando os pulmões, uma de forma viral e outra, bacteriana, o quadro dos pacientes acometidos pela coinfecção pode ser muito mais grave e fatal.

“Enfrentamos um grande desafio com a Covid-19 e ele se torna ainda maior para pacientes portadores de tuberculose, que, por si só, compromete a estrutura pulmonar, deixando-a mais fragilizada e suscetível a complicações. É muito importante que as pessoas que já tratam a tuberculose não parem o tratamento. Aos pacientes que têm suspeita e ainda não fizeram exames para detectá-la, é recomendado fazer o quanto antes, pois a tuberculose, quando diagnosticada precocemente, tem grande chance de cura”, explica o médico infectologista Dr. Marcos Antonio Cyrillo, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

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