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Saúde

Diagnóstico de linfomas exige atenção aos sintomas

Segundo o Observatório de Oncologia, em 58% dos casos a doença é diagnosticada em estágio avançado

Por Redação

15 de outubro de 2020, às 11h31

No dia 15 de setembro foi comemorado o Dia Mundial de Conscientização Sobre Linfomas, tumores derivados das células chamadas de linfócitos, responsáveis por orquestrar a defesa do organismo contra infecções e outras doenças.

O descontrole dos linfócitos pode fazer com que quando maduras, essas células se alojem nos gânglios e se desenvolvam de forma maligna, ocupando essas estruturas, causando o seu crescimento e, como consequência, o linfoma.

O Instituto Nacional de Câncer estima que 12.670 novos casos da doença sejam registrados no Brasil neste ano – Foto: Divulgação

O hematologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rony Schaffel, estima que cerca de 90% dos linfomas diagnosticados são não-Hodgkin, que se caracterizam por uma infiltração difusa por linfócitos de diferentes formas de acordo com o subtipo.

Já os linfomas de Hodgkin têm uma estrutura celular diferente dos outros. Segundo o médico, apenas 5% do tumor é composto pelas células malignas e o restante por células inflamatórias. Além disto, as células malignas do linfoma de Hodgkin, conhecidas como células de Reed-Sternberg, são bizarras, grandes e em forma de “olhos de coruja”.

“Por este motivo, até os anos 90, o linfoma de Hodgkin era chamado de doença de Hodgkin. Posteriormente foi confirmado que se trata de linfócitos e foi alterada a nomenclatura”, lembra.

Um levantamento realizado pelo Observatório de Oncologia concluiu que o diagnóstico dos pacientes com linfoma no Brasil atendidos pelo SUS entre 2008 e 2017 foi tardio. Em 58% dos casos, a doença já estava avançada.

Na opinião de Schaffel, não existe uma forma de prevenir linfomas, pois eles dificilmente têm uma causa definida, mas sinais e sintomas devem ser observados pelo paciente principalmente o crescimento de massas.

“O alerta vem, por exemplo, do aparecimento de um gânglio grande nos locais de apresentação mais comuns, como pescoço e na axila. Mas a verdade é que os linfomas podem surgir em qualquer lugar, como na tireoide, no cérebro, testículos, estômago e até intestino”, explica o hematologista.

Fonte: Libbs Farmacêutica

A busca pelo diagnóstico

Por ser difícil de rastrear, a jornada do paciente com linfoma pode ser longa e conturbada. Em 2011, com apenas 28 anos, a administradora e especialista em desenvolvimento, Heloísa Orsolini Albertotti, foi diagnosticada com linfoma não Hodgkin, após três longos meses investigando um sintoma inicial de uma dor forte no braço.

“No começo, eu desenvolvi uma trombose. Mas não foi diagnosticado de início que, na verdade, era o linfoma que estava comprimindo uma veia e causando o problema”, conta.

Ela explica que passou por diversos especialistas como ortopedista, ginecologista, vascular e fez uma biópsia que deu negativo para linfoma. Somente após a segunda biópsia mais aprofundada, ela teve diagnóstico fechado e foi encaminhada a um oncologista e hematologista.

“É preciso perceber os sinais do corpo e ir atrás para investigar alterações”, afirma. Heloísa passou por oito sessões de imunoquimioterapia e hoje está curada.

O hematologista Rony Schaffel recomenda que em caso de aumento de gânglios o paciente seja encaminhado direto para um hematologista. No entanto, alerta que é importante que o paciente tenha um médico do seu relacionamento (clínico-geral, por exemplo), que ajude a excluir as causas de aumento de gânglios que não tem ligação com linfomas, como infecção de garganta.

O especialista afirma que “o hemograma é um exame fundamental, porque existem linfomas que aparecem no sangue na forma de linfócitos aumentados. Além disso, é imprescindível a realização de biópsia para confirmação do diagnóstico”.

Tratamento e acesso

Segundo o professor da UFRJ, Rony Schaffel, a maioria dos linfomas são tratados com imunoquimioterapia, que combina a administração de quatro medicamentos, conhecido como esquema CHOP, com o uso de um anticorpo monoclonal chamado rituximabe.

O especialista afirma que os medicamentos biológicos como o rituximabe são essenciais para a oncologia. No tratamento dos linfomas, aumentam a taxa de cura dos pacientes. “O monopólio e a patente dos medicamentos de referência vem acompanhada de um preço bem alto dos produtos.

A chegada dos biossimilares no mercado tem diversas vantagens, principalmente a competição de alto nível, com substâncias de qualidade eficácia e segurança testadas, similares ao de referência, proporcionando queda do preço e com isso, naturalmente, o sistema tende a absorver mais tratamentos e novas indicações dentro do mesmo valor de orçamento”, explica o hematologista.

“Outra vantagem é que a nacionalização da produção desse tipo de medicamento reforça e facilita o sistema de farmacovigilância. O Brasil também ganha em termos de produção intelectual, mercado de trabalho e, principalmente amplia a possibilidade de desenvolvimento e produção de moléculas inovadoras”, conclui.

Fonte: Libbs Farmacêutica

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