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Bem-Estar

Dia dos Pais

Psicóloga explica a importância da figura paterna para o ser humano

Por Vagner Lima_  Ideal H+K Strategies 

14 de agosto de 2022, às 17h33

Quem é o seu herói? Essa pergunta, na maioria das vezes, é respondida por grande parte das pessoas como “meu pai”, “meu padrasto”, “meu avô”, ou indicando uma figura paterna que teve grande importância na vida do indivíduo, aquela pessoa que estava ao lado em momentos bons – e principalmente nos difíceis, transmitindo segurança.

Segundo a psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, Angelita Devequi Rodrigues Traldi, o indivíduo precisa crescer e se desenvolver tendo uma figura paterna por perto para que se torne um adulto saudável no aspecto emocional. Com as novas e diversas composições familiares, essa figura pode ser o pai, padrasto, tio, avô, familiar ou outro indivíduo que ocupe tal lugar.

“Depois da figura materna, a figura paterna costuma ser o segundo vínculo do bebê com o mundo, assim que ele nasce. Para a maioria de nós, o pai geralmente está associado com a proteção, enquanto a mãe simboliza o cuidado. Juntos na criação dos filhos, a autoridade do pai ajuda a criança a desenvolver confiança e independência, e muitos estudos apontam que a falta da figura paterna pode desencadear ao jovem e ao adulto problemas emocionais e cognitivos, além de dificuldades de relacionamento com amigos, familiares e cônjuges, refletindo em diversas áreas da vida social, do trabalho ao amor”, explica a coordenadora.

Foto: Wirestock_FreepikFoto:

Para que a paternidade seja exercida de forma saudável:

Infância

A mulher, geralmente, costuma ser a figura mais presente nos primeiros meses de vida das crianças, até por conta da amamentação e dos cuidados com o bebê. Mas os pais podem e devem ser mais participativos nessa fase, compartilhando tarefas como trocar fraldas, ninar e incentivar a criança em brincadeiras. Tais atitudes criarão vínculos afetivos e confiança entre pai e filho que poderão acompanhar os dois por toda a vida, tornando a convivência dos dois mais prazerosa. “Com o passar do tempo e o crescimento da criança, a participação do pai em atividades marcantes para o indivíduo também é importante, como reuniões de pais e apresentações na escola, o primeiro dente que cai e as muitas quedas de bicicleta até que se aprenda a andar. Tudo isso contribui para um adulto mais confiante no futuro”, diz.

Adolescência

A adolescência é um dos períodos mais turbulentos do ser humano. O corpo e os hormônios estão em verdadeira ebulição e é nesta fase que algumas preocupações começam a rondar a nossa mente… o que fazer da vida, qual profissão seguir, que caminho tomar? “Nesta fase, os filhos adolescentes costumam buscar um modelo e exemplo a ser seguido, e a figura paterna pode contribuir e muito para que o jovem tome as melhores decisões. O pai, junto com a mãe, geralmente é associado àquela pessoa que vai ‘sentir orgulho’ de nós, ter apoio e acolhimento é muito importante. Por isso, os pais devem praticar a escuta e a compreensão dos filhos”.

Vida adulta

Na fase adulta, a relação entre pai e filhos costuma estar mais madura, afinal de contas, são dois adultos conscientes de si e de sua história, tendo uma comunicação mais livre, com franqueza sobre os sentimentos, compartilhando os problemas de contas e a criação dos filhos/netos. Na fase adulta, o pai é aquele porto seguro, a ‘volta para casa’, a figura que sempre buscamos quando estamos aflitos e que nos retorna à sensação de pertencer a um lugar. “A convivência entre os seres humanos nem sempre é tranquila, e sempre pode haver problemas de relacionamento entre pais e filhos, afinal de contas são dois universos distintos coexistindo. De qualquer forma, deve sempre prevalecer o amor e a compreensão, para que essa relação seja saudável e construtiva para ambos”, acrescenta Angelita.

Dia dos Pais com pais ausentes

Psicoterapeuta dá dicas para que responsáveis possam acolher crianças e adolescentes que não possuem a figura paterna

Jimena Carro_Hercog Comunicação

A psicoterapeuta Helen Mavichian, especializada em crianças e adolescentes, lembra que o pai ausente não é somente aquele que abandonou os filhos ou que se separou e, por isso, não os vê todos os dias. Para ela, o pai ausente é aquele que não contribui para a formação e educação dos filhos. “Com frequência recebo em meu consultório pacientes que não convivem com o pai nem aos finais de semana, mesmo morando na mesma casa. Contam que eles trabalham muito durante a semana e os finais de semana usam o tempo livre para praticar esportes e passear. Essas crianças e adolescentes 90% das vezes relatam que quando crescerem não querem ter a mesma profissão do pai e afirmam que serão dedicados à família e aos futuros filhos”, comenta.

No Brasil, quase 100 mil crianças nascidas em 2021 não têm o nome do pai no registro civil. Os motivos são vários, mas a grande questão é que há muitas crianças sem uma figura paterna presente, o que pode gerar sentimentos negativos e frustrações dos filhos frente a essa situação.

Algumas escolas aboliram de seus calendários as famosas apresentações de dia dos pais e de dia das mães também. Outras deixaram de confeccionar lembrancinhas com os pequenos em homenagem nessas datas comemorativas. Mas, mesmo assim, a publicidade durante essa época destaca opções de presentes e comemorações especiais. E quem não tem um pai ou uma figura paterna, como fica? Tem como “fugir” do bombardeio sobre a data? Os adultos precisam estar atentos para ajudar os pequenos a lidar com essas demandas.

Dicas da especialista Helen Mavichian para auxiliar as crianças nesse momento

1 – Ensine sobre família

Ensine a criança que um pai nem sempre precisa ter o mesmo sangue que ela e que as famílias não são todas iguais: algumas crianças são adotadas, outras criadas por familiares, algumas devido à perda ou abandono paterno são criadas por padrastos e outras são formadas só por figuras femininas ou maternas. Mas todas essas são modelos normais de família.

2 – Seja um ponto de apoio

É um desafio para uma criança compreender que, por não ter um pai ou ter um pai ausente, ela será “excluída” das comemorações e preparativos para a data. Proponha para a criança que outras pessoas possam fazer o papel de celebrar esse dia junto com ela, seja a mãe, um avô, tio … deixe ela escolher alguém que tenha um significado importante para ela e possa representar a figura paterna e não só nessa data especial.

3 – Escute a criança

Os adultos acreditam que as crianças têm as respostas para tudo assim como eles, mas não. As crianças possuem dúvidas que, aos nossos olhos, podem parecer pequenas. Escute-as com atenção para que fiquem desmotivadas a verbalizar o que sentem. É importante criar um ambiente acolhedor onde eles consigam perguntar sem medo tudo o que causa dúvidas e ansiedade.

4 – Explique a situação

De acordo com cada idade, vale a criança saber a verdade sobre o que acontece em suas vidas. Lembre-se de abordar o assunto sempre de acordo com a idade e entendimento da criança. Por mais frustrante e dolorosa que seja a história para uma mãe ou um adulto responsável, é necessário cuidado para não transferir essa dor e frustração para a criança (por exemplo, um pai que abandonou a família).

5 – Emoções da criança

Cada criança lida com as comemorações de uma maneira diferente. Existem crianças que tiveram contato com o pai ou uma figura paterna, as perderam e podem apresentar um comportamento mais ansioso e explosivo nessas datas. Por outro lado, existem aquelas que nunca presenciaram tal figura em suas vidas e podem demorar ou nunca questionar. É importante estar atento às mudanças de comportamento nesse período e acolher os pequenos.

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