17 de abril de 2024 Atualizado 23:47

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Bem-Estar

Como o luto impacta na saúde mental das idosas

Neuropsicóloga alerta que isso pode trazer sérios problemas se não for devidamente tratado

Por MF Press Global

08 de setembro de 2021, às 20h22

A neuropsicóloga Leninha Wagner destaca que a viuvez provoca grandes transformações na vida das pessoas e as obriga a inventar uma nova forma de viver - Foto: Divulgação - MF Press Global

Muitas famílias perderam entes queridos com a pandemia. Principais vítimas desta situação, as viúvas precisam de uma atenção especial com a saúde mental.

Recentemente, o Brasil acompanhou o falecimento do ator Tarcísio Meira. Dentre as diversas mensagens nas redes sociais e notícias sobre sua vida e carreira, o que mais chamou a atenção foram as declarações de amor entre ele e sua esposa, Glória Menezes. Agora, ela é mais uma entre tantas mulheres no Brasil que se tornaram viúvas.

Para se ter ideia, as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam que a expectativa de vida das mulheres é mais alta do que dos homens. Os números mais recentes da entidade revelam que os homens brasileiros vivem em média 73,1 anos, enquanto as mulheres vivem 80,1 anos.

Para a neuropsicóloga Leninha Wagner, a viuvez é um fenômeno que, como visto, afeta principalmente as mulheres idosas; “uma das explicações para este fato consiste na longevidade comparativamente superior ao do gênero masculino. No entanto, a perda de um familiar provoca sentimentos de pesar e tristeza e diversas mudanças na vida das pessoas, obrigando-as a enfrentar uma transição de identidade, assim como a perda de status e de independência socioeconômica”. Portanto, é imprescindível compreender o processo de luto e as estratégias de enfrentamento para sua elaboração.

Além disso, Leninha destaca que a viuvez provoca grandes transformações na vida das pessoas e as obriga a inventar uma nova forma de viver. “Atualmente, muitas mulheres viúvas perdem os papéis de esposas e donas de casa, pois não é mais esperado que elas exerçam atividades relacionadas aos papéis anteriores. Dessa forma, surgem dificuldades devido à sua perda de identidade e a inexistência de um papel importante que elas possam desempenhar”.

Neste sentido, o que muitas mulheres nesta condição fazem, conta Leninha, “é buscar uma rede de suporte social em centros de convivência e programas voltados à população idosa; e até a tentativa de um novo arranjo familiar, com uma maneira diferente de se relacionar”.

As fases do luto

Leninha Wagner explica que o luto vivido pelas viúvas atravessa quatro fases:

  • Fase de entorpecimento. “Dura de algumas horas a uma semana e a maioria das pessoas sente-se chocada e não aceita a perda. Os sentimentos predominantes nesta etapa são: a raiva, a tensão e a apreensão”.
  • Fase de anseio e busca pela figura perdida. “Pode se manter por alguns meses e por vezes anos após o falecimento do cônjuge. A pessoa viúva começa a vivenciar a realidade da perda. Nesta etapa são frequentes o desânimo intenso, aflição e choros; ao mesmo tempo podem surgir inquietação, explosões de raiva, insônia, lembranças do marido perdido e tendência a achar que o cônjuge voltou”.
  • Fase de desorganização e desespero. “A pessoa tenta se ajustar à perda do cônjuge”.
  • Fase de maior ou menor grau de reorganização. “Se o luto tiver um resultado favorável, a pessoa conseguirá aceitar que a perda do companheiro é permanente e que é o momento de reconstruir sua vida”.

Todavia, a neuropsicóloga observa que “algumas viúvas apresentam uma forma de evolução desfavorável do luto e a pessoa enlutada pode sentir uma vontade constante de imitar a pessoa perdida (entretanto estes atos são inconscientes); pode desenvolver sintomas da enfermidade final do indivíduo que faleceu ou localizá-lo dentro de outras pessoas, animais e objetos”, completa.

Publicidade