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Dicas

Como ajudar crianças autistas a lidar com fogos de artifício

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista podem ter hipersensibilidade da visão e da audição

Por Redação

30 de dezembro de 2020, às 08h10

Todo final de ano a cena é semelhante: uma enorme queima de fogos de artifício toma o céu, deixando tudo muito colorido, mas também fazendo muito barulho. Para muitos, é uma tradição dos festejos que anima as comemorações.

Contudo, não é da mesma forma para a maioria das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), pois estas podem ter hipersensibilidade da sua visão e da sua audição.

Não minimize o incômodo da pessoa com autismo, valide o sentimento dele e busque ajudar o melhor possível – Foto: Divulgação

Mesmo este ano, com os impedimentos em função da pandemia, muitas famílias e estabelecimentos particulares manterão a tradição, o que pode ser até pior, já que o que antes acontecia em locais mais específicos, como parques e praias, agora deve ser realizados em áreas acostumadas ao silêncio noturno.

“As festas de final de ano são difíceis para muitas famílias de crianças com autismo. São crises de choro, irritabilidade, medo, agressividade e desregulação que se tornam complicadas. Essas dificuldades da pessoa com TEA acontecem porque um dos critérios diagnósticos do transtorno é a hipersensibilidade sensorial aos estímulos do ambiente. Para algumas pessoas uma buzina do carro pode causar pânico, assim como várias pessoas conversando em um ambiente fechado causa irritabilidade”, explica a neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto.

Uma das formas de amenizar o problema é realizar um trabalho integrado com psicólogos por meio da dessensibilização sistematizada (aproximação devagar aos estímulos externos) e de estimulação sensorial com os Terapeutas Ocupacionais. Esses profissionais devem treinar os pais para contextualizar os estímulos externos que vão aparecer e generalizar para outros ambientes. Mas assim como qualquer terapia, ela demanda tempo para dar os resultados esperados.

“É importante ajudar a criança com TEA a passar com essa data de maneira menos sofrida e que as pessoas ao redor possam colaborar e compreender as necessidades dela. Não minimize o incômodo da pessoa com autismo, valide o sentimento dele e busque ajudar o melhor possível. Faça as técnicas adequadas para apoio e seja empático”, afirma Bárbara Calmeto.

Porém, outras ações podem fazer parte da rotina as famílias, independentemente das terapias, que são fundamentais. A seguir, Bárbara pontua outras dicas que podem ajudar a minimizar os efeitos dos barulhos e das luzes de Ano Novo:

  • Dê previsibilidade à pessoa com TEA, explicando o motivo e o momento que as pessoas soltam fogos (chegada de um novo ano);
  • Treine uma dessensibilização gradual antes da data – mostre imagens e vídeos de fogos e festas de Ano Novo. Deixe o vídeo sem áudio e aos poucos, vá aumentando para a criança entender o barulho;
  • Use dicas visuais explicando o que vai acontecer, que vai durar um tempo e que depois vai acabar. Explique também o que vocês vão fazer de ação efetiva para minimizar o barulho (dê essa previsibilidade);
  • Use fones de ouvido grandes de concha (aqueles que cobrem toda a orelha) para abafar o som externo. Pode-se também deixar a pessoa com TEA ouvindo música ou assistindo a um vídeo preferido;
  • Retire a pessoa com TEA das aglomerações para diminuir o risco de outras variáveis que possam incomodar, como abraços, gritos de alegria etc.

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