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Outubro rosa

Câncer de mama: autoexame e cuidados preventivos podem salvar vidas

Por Redação

15 de outubro de 2020, às 17h30

Renata Oliveira, 33 anos. Há um ano, a enfermeira trava uma luta diária contra o câncer de mama. A batalha, que começou em frente ao espelho ao observar um edema vermelho no seio esquerdo, segue incansável entre semanas intensas de sessões de tratamento.

Há um ano, Renata trava uma verdadeira luta diária contra o câncer de mama – Foto: Divulgação

“Minha jornada começou em outubro do ano passado. Em uma semana aquela mancha mudou minha vida para sempre. Sabia que havia algo errado e os exames de mamografia e ultrassonografia, seguido de uma biópsia, constatou o que eu temia. Eu estava diante da maior e mais difícil das minhas batalhas. Pouco mais de um mês depois de idas e vindas de consultórios, passei por uma mastectomia total da mama esquerda e comecei as dolorosas sessões de quimioterapias”, relata a jovem.

Este ano o câncer de mama deve atingir mais de 66 mil pessoas, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer. O câncer de mama, que em 2019 foi a segunda causa de óbito mais frequente no País (foi responsável por mais de 18 mil óbitos, de acordo com o DATASUS), vem demonstrando alta, tanto da incidência, como da taxa de mortalidade e, mais do que nunca, autoridades de saúde apontam os cuidados preventivos e exames de manutenção como os grandes aliados da população.

Estatísticas assim chancelam a importância de campanhas como o ‘Outubro Rosa’, criado nos Estados Unidos e que ganhou força no Brasil nos últimos anos, disseminando as medidas de prevenção consideradas fundamentais para diagnóstico, controle e tratamento da doença.

Nos últimos anos ocorreram importantes avanços nos tratamentos, principalmente no que diz respeito a cirurgias menos mutilantes – Foto: Adobe Stock

“Engajar a população em iniciativas que ajudam a compreender as formas de detecção do tumor, a complexidade do tratamento, a relevância de detectar doença precocemente, são essenciais no combate ao câncer de mama”, afirma o médico do Grupo Sabin Medicina Diagnóstica, Egídio Cuzziol.

Apontada como a segunda maior causa de morte por câncer na população feminina (com uma taxa bruta de mortalidade superior a 15,6, para cada 100.000 mulheres), a doença apresenta boas taxas de sobrevida para os casos em que o câncer está em fase inicial.

“Quanto mais precoce o estadiamento, maiores são as chances de cura e, em geral, mais brandos são os tratamentos. Por isso, a recomendação é marcar exame de mamografia, pelo menos uma vez ao ano. Quem já possui histórico familiar da doença, a orientação é não abrir mão destes cuidados”, destaca o especialista.

OUTUBRO ROSA
Criado na década de 90, para lançar luz sobre a importância da prevenção, dos cuidados e dos exames de rotina, o mês do Outubro Rosa coloca em pauta a conscientização sobre a doença, expande o acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribui de forma significativa para a redução de casos.

O especialista enfatiza ainda como campanhas assim desempenham um papel social fundamental na luta contra o avanço da doença. “Os números da doença apontam que colocar em prática estratégias para a detecção precoce do câncer de mama ajudam a salvar muitas vidas.

Ficar atento aos sinais e sintomas iniciais da doença e iniciar imediatamente os procedimentos de rastreamento, com testes e exames que ajudem a identificar lesões sugestivas de câncer em tempo hábil, para então encaminhar pacientes e resultados alterados para investigação diagnóstica e tratamento”, esclarece e destaca ainda a importante aliada da saúde nesta etapa: a mamografia.

“O exame é capaz de detectar o tumor ainda na fase inicial. Ele permite um rastreamento dos sinais como antes mesmo que ele possa ser identificado pelo exame de palpação ou autoexame”, afirma Cuzziol.

Informações que toda mulher precisa ter sobre câncer de mama

Considerado o tumor mais comum em mulheres de todo o mundo, o diagnóstico precoce é essencial para a cura da paciente e garante um prognóstico mais saudável; saiba mais sobre os tratamentos e formas de prevenção.

De acordo com o oncologista Daniel Gimenes, do CPO Oncoclínicas, o tratamento varia de acordo com o estágio do tumor e suas características, além de depender também das condições da paciente – fatores como idade, comorbidades e status menopausal.

“O prognóstico do câncer de mama também depende desses fatores. Quando a doença é diagnosticada no início, as chances de cura são elevadas acima de 90% com o tratamento. No entanto, quando há evidências de metástases, todos os procedimentos passam a ter como objetivo principal o prolongamento da sobrevida e melhora da qualidade de vida da paciente”, explica Daniel.

“O diagnóstico não é o fim, mas sim uma continuidade, que não deve ser encarada com medo. Por isso, faça exames e mantenha a rotina das consultas médicas independente da idade. Confie no seu médico, compartilhe seus anseios e não confie em tudo que lê na internet, tomando cuidado principalmente com as fake news sobre a doença”, alerta Daniel.

TIRA DÚVIDAS
Confira as principais informações que todas as mulheres devem saber sobre câncer de mama, esclarecidas pelo oncologista Daniel Gimenes:

Com que idade as mulheres devem começar a fazer exames anuais?
É importante fazer mamografia a partir dos 40 anos, mas já existem exames que são capazes de detectar alterações em mulheres mais jovens, como ultrassonografia e ressonância magnética, já que a mamografia apresenta limitações nesta faixa etária, devido às mamas densas das pacientes, o que dificulta a identificação de eventuais tumores.

Vale lembrar que o auto exame, apesar de ser importante para o conhecimento do corpo, não é a melhor forma de detectar o câncer de mama precocemente – quanto o tumor já é palpável, é porque provavelmente já está mais avançado.

É possível engravidar após passar pelo tratamento de combate ao câncer de mama?
Em casos de mulheres jovens, existem técnicas para a preservação de fertilidade durante o tratamento oncológico, no entanto é importante que a paciente converse com o seu médico sobre os riscos e as possibilidades logo que receber o diagnóstico – antes mesmo de iniciar o tratamento.

A forma como essa preservação será feita deve ser totalmente individualizada, levando em conta o estado geral da paciente e seus anseios. As opções normalmente são: congelamento de óvulos ou de embriões, congelamento do tecido ovariano e supressão da função ovariana.

O tratamento do câncer de mama exige obrigatoriamente a extração da mama?
Nem todo tratamento oncológico de mama vai representar a sua extração. Existem hoje diversas alternativas de tratamento, que devem sempre levar em consideração o olhar individualizado sobre o paciente e o estágio do tumor.

O câncer de mama é necessariamente hereditário?
Nem todo câncer de mama é hereditário – ou seja, uma mutação herdada. No entanto, a mutação genética pode ocorrer ao longo da vida, em razão de condições externas, como estilo de vida e ambiente.

Existem alternativas para que não haja queda de cabelo durante o tratamento?
Não são todos os tratamentos oncológicos que são responsáveis pela queda capilar. A quimioterapia é um tratamento que afeta as células que se multiplicam com frequência, como as responsáveis pelo crescimento do cabelo, causando alopecia no paciente.

Porém, atualmente existe uma técnica capaz de preservar a maior parte dos fios: a crioterapia – uma touca gelada que resfria o couro cabeludo e promove a contração dos vasos sanguíneos. Tal esfriamento cria uma espécie de capa protetora que preserva os folículos pilosos e reduz a quantidade de medicamento que chega às raízes, o que reduz a queda capilar.

É importante que cada mulher tenha autonomia e protagonismo de definir o que é melhor para si – raspar o cabelo, buscar próteses capilares ou optar por alternativas que diminuam a queda dos fios.

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