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Bem-Estar

Burnout, ‘queima’ ou ‘combustão total’

Psiquiatra destaca a necessidade de diagnóstico e tratamento precoce

Por Dino Divulgador de Notícias

23 de julho de 2021, às 07h19

Um estudo encomendado pela Microsoft, e realizado pela empresa de análises Harris, em 2020, constatou que, entre 6 mil pessoas entrevistadas em 8 países, os brasileiros foram os que mais relataram fadiga e exaustão durante a pandemia: 44% dos respondentes declararam que são atingidos pelo problema.

Fadiga pode ser indicativa de Burnout, termo que pode ser traduzido literalmente como ‘queima’ ou ‘combustão total’ – Foto: Nataliya Vaitkevich / Pexels

O número é alarmante e se acentua quando contraposto com a população de outros países: Singapura, que ocupa o segundo lugar do ranking, apresentou 37% dos respondentes no cenário. Na sequência, vem os Estados Unidos, com 31%; Índia, com 29% e Austrália, com 28%.

Para o psiquiatra Cyro Masci, essa fadiga pode ser indicativa de Burnout, termo que pode ser traduzido literalmente como ‘queima’ ou ‘combustão total’. O quadro inclui, além da exaustão física e emocional, sintomas de irritabilidade e cinismo, assim como redução significativa no senso de realização pessoal ou de eficácia no trabalho.

Segundo o médico, “o Burnout muitas vezes se instala sem a percepção clara de quem está sendo acometido. Um dos motivos para isso é que esse quadro é bastante comum em pessoas perfeccionistas e que empenham muita energia no trabalho. Quando o Burnout tem início, os primeiros sintomas podem ser apenas queda na sua produtividade, que tende a ser acompanhado de mais empenho no trabalho”, explica.

Entretanto, esse aumento de energia com foco na atividade laboral pode trazer um “efeito rebote”. “Com a presença do cansaço, o resultado será ainda mais queda na produtividade, que, por sua vez, gera mais frustração. Desse modo um ciclo vicioso é fechado e, sem que exista consciência dele, dificilmente a pessoa consegue escapar”, enfatiza o psiquiatra.

Masci destaca que as mulheres parecem ser mais suscetíveis ao Burnout. O psiquiatra realiza o apontamento com base em um trabalho da Universidade de Montreal, no Canadá, publicado no Annals of Work Exposures and Health em 2018, que levantou o ponto.

E a razão para essa diferença na vulnerabilidade, segundo Cyro Masci, é que as mulheres apresentam diferença na ordem dos sintomas. “Enquanto os homens tendem a apresentar sintomas como irritabilidade ou cinismo como primeira manifestação do Burnout, as mulheres, por sua vez, apresentam sintomas de fadiga extrema logo no início do quadro”, explica. Mas, mesmo que a ordem de aparecimento seja diferente entre os gêneros, o cansaço físico e emocional sempre faz parte do burnout.

De acordo com o especialista, o cansaço físico é sentido e pode ser reconhecido como falta de energia para realizar as atividades profissionais e do dia a dia, com a característica de que não melhora após medidas de repouso habitual, como uma boa noite de sono ou um final de semana sem preocupações. Já o cansaço mental costuma ser referido como um estado de exaustão emocional. “É como se a pessoa tivesse as energias drenadas, sugadas, restando pouca força, esperança ou motivação para domar o próprio destino”, relata o médico

Sinais de alerta

Segundo Masci, outro sintoma importante a ser observado é a irritabilidade por pequenos motivos, além de cinismo e sarcasmo. “Esses sintomas traduzem uma reação automática do cérebro, que adota uma postura de reduzir situações que estão favorecendo a sobrecarga. Uma pessoa ponderada pode, por exemplo, passar a apresentar reações ‘de pavio curto’. Esse é um modo do cérebro afastar o excesso de acontecimentos e circunstâncias que estão temporariamente acima da capacidade de enfrentamento”, esclarece o psiquiatra.  

Ocorre também mudança na motivação. “O que antes era um desafio até mesmo agradável, na presença do burnout se transforma em fonte de desprazer, de sofrimento físico e mental, que se manifesta como dores de cabeça e até mesmo desarranjo intestinal”, relata Cyro.

Por fim, o médico acentua que o Burnout deve ser levado a sério e exige abordagem especializada. Inicialmente é necessária investigação clínica, para averiguar se a fadiga não tem origem em alguma doença, como anemia ou tiróide. Não havendo doença orgânica que justifique o cansaço, o ideal é iniciar o tratamento o mais breve possível.

“O objetivo é impedir que o quadro se torne crônico, acarretando prejuízos sociais, pessoais ou financeiros como consequência do transtorno. A abordagem que inclua tanto as alterações biológicas, em especial no cérebro, quanto os aspectos sociais e comportamentais é o ideal”, finaliza o psiquiatra.

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