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Revista L Educação

Abrindo as portas para o mercado de trabalho

Cursos de menor duração, mensalidades mais acessíveis e agilidade em ter uma profissão atraem estudantes interessados em oportunidade de emprego

Por Marina Zanaki

23 de novembro de 2021, às 10h34

O ensino técnico se consolidou no País com a característica de abrir portas para o mercado de trabalho. A perspectiva de fazer um curso de curta duração, com mensalidades menores, concomitante ao ensino médio, e ter uma profissão em pouco tempo é atrativa, principalmente para quem está entrando no mercado de trabalho. O interesse aumenta diante da atual situação econômica do País, com alto índice de desemprego. O ensino técnico não é sinônimo de emprego garantido, mas é um importante elemento para qualificação do trabalhador e ajuda a posicioná-lo com vantagem no mercado.

O apontamento é da doutora na Faculdade de Educação da Unicamp e ex-diretora da faculdade, Dirce Zan. A professora ponderou que a economia vive um momento complicado em função da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus.

Dirce Zan, doutora na Faculdade de Educação da Unicamp, defende a busca pela graduação sempre que possível – Foto: Antonio Scarpnetti – Divulgação

“Os dados apontam para crescimento do desemprego no País, são postos de trabalho que desapareceram. Então, estamos vivendo um momento bastante complicado em termos de estrutura econômica. A formação do trabalhador se faz necessária para sobreviver nesse mercado mais restrito, mas a formação técnica não garante, necessariamente, que o sujeito vai se inserir nesse mercado com menos empregos do que estava há algum tempo atrás”, analisou.

Diretora acadêmica da FAM (Faculdade de Americana), Celia Jussani avalia que haverá uma demanda intensa por profissionais qualificados após a retomada da economia, e, portanto, é um bom momento para investir em um curso técnico.

“A minha percepção é que, quando a pandemia passar e a economia for retomada, as empresas que demitiram muita gente nesse período vão buscar profissionais capacitados e não vão conseguir encontrar. Então, avalio que é uma oportunidade. Alunos e pessoas com interesse em curso técnico, esse é o momento de se preparar para quando a situação passar serem absorvidos pelo mercado”, analisou Celia.

Ela aponta as áreas da saúde, tecnologia da informação e exatas com forte potencial de expansão.

Doutora na área de educação e diretora geral da Network, em Nova Odessa, Tânia Cristina Bassani Cecilio contou que sentiu um aumento na demanda por cursos técnicos, especialmente o de enfermagem.

“A área está realmente demandando muitos profissionais, as equipes estão cansadas e a contratação está muito aquecida. Nosso curso sempre teve bastante demanda, e trabalhamos com equilíbrio para disponibilizar vagas de enfermagem com hospitais para estagiar”.

TRAJETÓRIA. O vendedor Wilk Barbosa Ferreira de Freitas cursou dois técnicos no Polivalente de Americana – administração e edificações. Enquanto o primeiro foi uma tentativa de aprimorar o currículo, o segundo o ajudou a se inserir na área que é seu objetivo profissional. “Construção civil me interessa muito, mas como é um bacharel demorado, de cinco anos, queria ter a certeza se era isso que eu queria. Então, resolvi fazer edificações antes”, contou.

Wilk de Freitas fez dois cursos técnicos no Polivalente, trabalha na área que cursou e faz planos de continuar os estudos entrando numa faculdade – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG

Na época em que iniciou o curso estava desempregado, e seis meses depois recebeu a indicação de um professor para uma loja de materiais de construção especializada em telhados. Ele foi contratado e utiliza conhecimentos técnicos aprendidos em edificações. Eventualmente, precisa até mesmo das noções administrativas que teve em seu primeiro curso.

“Pretendo fazer engenharia civil. Financeiramente, ainda não consigo, mas vou fazer cursos relacionados à área, como projetista de Autocad. Tudo relacionado ao que aprendi em edificações, que foi a base para saber o que eu quero na vida profissional”, disse Wilk.

Diretora da Etec (Escola Técnica) Polivalente de Americana, Mary Damiani destacou que o aprendizado técnico marca a trajetória profissional dos alunos. “A gente percebe que o mercado de trabalho está muito aberto para o técnico. Hoje é muito bem reconhecido pelas indústrias, então muitas vezes o técnico tem mais facilidade para inserção no mercado de trabalho que o profissional que fez a faculdade”, contou a gestora.

O aluno que realiza um curso técnico e parte para uma faculdade na mesma área começa o ensino superior com vantagem em relação aos demais. A percepção é de Edson Antonio Trevizan, engenheiro civil e professor do curso técnico em edificações do Polivalente.

“O curso técnico vai deixar a cabeça mais organizada, se gosta da parte humana e vai partir para arquitetura, ou para a engenharia. Para qualquer um desses cursos, ele vai ter uma grande base. O aluno que fez o curso técnico e vai para a faculdade sai um quilômetro na frente”, avalia.

Mesmo entre formados em ensino superior, é comum apostar no ensino técnico como uma formação complementar. O professor revelou que diversos profissionais que atuam no serviço público de Americana passaram pelo técnico em edificações.

“Tivemos sete ex-vereadores, inclusive até prefeito, que fez o curso. Temos técnicos que estão no DAE [Departamento de Água e Esgoto], na prefeitura, pessoas de alto escalão que passaram pelo Polivalente. Creio que o técnico ajudou um pouco a galgar esses espaços”, declarou.

GRADUAÇÃO. A importância do ensino técnico é inegável para entrada no mercado de trabalho. Contudo, não deve substituir o plano de cursar uma graduação.

“A gente sabe que a faculdade é o objetivo final, mas muitas vezes as pessoas têm dificuldade para chegar lá. Mensalidade mais cara, as instituições estaduais e federais são muito disputadas. O técnico coloca o aluno no mercado e vai capacitando essa pessoa para chegar a uma faculdade, e também nos rendimentos ele vai tendo mais condições de se manter ou pagar uma faculdade”, disse Mary.

A professora Dirce defende a busca pela graduação sempre que possível. “A universidade vai além da formação para entrada no mercado de trabalho. Por isso, acho que é muito importante para os jovens almejarem a inserção no ensino superior. Além da formação profissional, ajuda a galgar cargos de gestão. A universidade também oferece uma formação cultural ampliada”, finalizou. 

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