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Saúde

A autoestima das pacientes oncológicas

O tratamento do câncer pode gerar consequências diretamente à ideia de beleza, afetando também a saúde psicológica

Por Redação

09 de abril de 2021, às 07h22

Medo do futuro, incertezas, ansiedade, angústias, temor, revolta. Receber o diagnóstico de um câncer desperta todos esses sentimentos. Para as mulheres, mais uma preocupação se junta a esse misto de emoções: a autoestima. Quais serão os efeitos do tratamento da doença sobre o meu corpo, a minha aparência? Perguntas como essas invadem a mente e surgem muitas dúvidas sobre como cuidar da saúde sem deixar a vaidade de lado.

A boa notícia é que a nova realidade não é um impeditivo para que a beleza fique em segundo lugar. Muito pelo contrário, segundo Sheila de Oliveira Ferreira, oncologista da Oncoclínicas em São Paulo. “Na verdade, o autocuidado é muito importante nesta fase e existem diversas formas de cuidar da beleza. Porém, é fundamental que tudo seja feito com acompanhamento médico”.

Autoestima, sensação de bem-estar, qualidade de vida e confiança em si mesma são fatores importantes para as pacientes em fase de tratamento do câncer – Foto: Adobe Stock

Ao iniciar os tratamentos contra o câncer – quimioterapia, radioterapia, entre outros – 80% das pacientes sofrem algum tipo de efeito adverso relacionado à pele, cabelo e mucosas.

De acordo com Fabiana Palma, dermatologista da Oncoclínicas na Bahia, ocorrem problemas como rash cutâneo, prurido, vermelhidão e aumento de infecções e sensibilidade a alérgenos e radiação UV. Para esse momento, a médica aconselha a utilização de dermocosméticos para peles sensíveis. “Eles contribuem para administrar os sintomas clínicos e melhorar a aderência ao tratamento do câncer”.

A manutenção da autoestima, sensação de bem-estar, qualidade de vida e confiança em si mesma são fatores importantes para as pacientes em fase de tratamento do câncer, independentemente do tipo. Por isso, alguns procedimentos são indicados – com restrições e recomendações – e outros proibidos durante esse período por conta de seu caráter invasivo.

“A pele fica mais sensível durante a quimioterapia ou radioterapia e alguns tratamentos estéticos podem causar mais danos e riscos à saúde, dependendo de como são executados e do momento em que são realizados, podendo comprometer e provocar atrasos no tratamento do câncer, gerando ainda mais angústia”, ressalta Sheila.

É recomendada a utilização de dermocosméticos para peles sensíveis – Foto: Adobe Stock

CABELOS E CORPO
Para cuidar dos cabelos, a tintura é permitida, desde que não sejam utilizados produtos contendo amônia, que podem ocasionar irritação na pele. A médica oncologista afirma que cosméticos à base de formol – que normalmente são utilizados para fazer escovas progressivas – são proibidos.

“Ele pode causar consequências severas à saúde, como irritações, queimaduras, coceira, descamação, vermelhidão no couro cabeludo, lacrimejamento dos olhos, falta de ar e potencializar ainda mais a queda de cabelo. Além disso, a substância é considerada cancerígena”, reforça a oncologista.

Porém, a hidratação capilar e limpeza são mais do que bem-vindas. “São muito recomendadas, sendo importante serem feitas com produtos mais naturais”, aconselha Sheila.

Fabiana complementa ainda que devem ser evitados cosméticos como ácidos, compostos com parabenos e shampoos e químicas que contenham alisantes ou fatores de crescimento. “Todos esses aspectos contribuem para deixar a pele do couro cabeludo ainda mais sensível”, atesta.

Para o corpo, a hidratação também deve seguir a mesma cartilha, com produtos voltados para peles sensíveis e atenção voltada para algumas partes específicas, como a planta dos pés, que costumam ficar mais ressecadas. “Além disso é importante adotar calçados confortáveis para agredir menos a pele dessa região”, complementa a dermatologista.

INVASIVOS
Apesar de serem utilizados justamente para recuperar a autoestima, procedimentos como a micropigmentação podem ser feitos, porém com muita cautela e com autorização prévia do médico oncologista. Para Sheila, é essencial pesar o risco e benefício da realização desse tipo procedimento.

“Essa técnica deve ser feita superficialmente por profissionais habilitados, com práticas de esterilização e cuidados de higiene antes e após o procedimento, para não prejudicar a paciente”, enfatiza.

Já quando o assunto são intervenções mais invasivas, como é o caso da aplicação da toxina botulínica – ou botox – dos preenchedores, entre outros, elas devem ser evitadas. “Esses procedimentos rompem a integridade da pele, o que pode gerar maior risco de infecções”, recomenda Sheila.

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