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BEM ESTAR

A aceitação dos cabelos

Grave problema de saúde pública vira lei nos Estados Unidos e, no Brasil, ainda causa dores física e emocional

Por Simone Valente Simone_Uape Comunicação

08 de maio de 2022, às 10h42

Um grave problema de saúde pública está ligado à dificuldade da sociedade em aceitar os mais diversos tipos de cabelos existentes. Após sofrerem discriminação e bullying, pessoas de todas as idades – especialmente meninas e mulheres – passam por tratamentos químicos severos, muitas vezes em suas próprias casas, que podem levar a queimaduras no couro cabeludo, face, olhos e tronco; dermatites; alergias de pele e respiratórias, perda dos cabelos e outras complicações de saúde.

A câmara dos deputados dos Estados Unidos aprovou legislação que visa findar a discriminação contra o cabelo natural, especialmente nos ambientes escolares e de trabalho. Enviado ao Senado, o texto foi considerado de urgência pelo presidente estadunidense Joe Biden, já que a população negra daquele País relata que muitas vezes é tratada injustamente no trabalho e nas escolas por causa de seus cabelos naturais, pelo uso de tranças ou pela adoção de outros estilos.

Aqui no Brasil, não há lei que vise ao chamamento da atenção pública sobre essa questão. Mas, todos os dias, em consultório, médicos recebem pacientes doentes pelo excesso de procedimentos químicos realizados nos cabelos – e isso inclui muitas crianças. “Eu mesmo atendo de duas a três crianças por dia com esse problema – o número é grande e assustador! A história que ouço é muito parecida: pais procuram o consultório de um médico e tricologista porque um alisamento causou dano ao couro cabeludo de seu filho. A criança, que tem entre seis e dez anos de idade, sofria bullying na escola e os familiares acreditaram que o melhor a se fazer seria um procedimento que amenizasse os comentários”, comenta o médico Luciano Barsanti, médico e tricologista, presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia e Diretor Médico do Instituto do Cabelo.

Segundo ele, muitas famílias relatam que tentaram de tudo: penteados diferentes, conversas com a direção da escola e com outros pais, conscientização da própria criança, mas o problema só crescia. Então, veio a ideia do alisamento – que causou danos importantes na saúde da criança. “Já vi casos de queimaduras irreversíveis no couro cabeludo. Então, é criado um outro problema, porque não se tem mais o cabelo natural e apenas o trauma inicial -– mas, um novo trauma, em cima daquele”, conta.

Em 2018, um caso de suicídio ocorrido no Mato Grosso do Sul chocou a cidade de Nova Andradina. Uma adolescente de apenas 15 anos tirou a própria vida após sofrer bullying por anos consecutivos, por ter cabelos crespos e os alisar. Em setembro de 2021, uma menina de nove anos foi internada para a realização de duas microcirurgias, necessárias para correção de dados causados por uma escova progressiva. “E assim, sequencialmente, vemos casos graves relacionados ao fato de pessoas não serem aceitas por seus cabelos naturais”, afirma Barsanti.

Não são apenas as crianças que sofrem. As mulheres que não têm cabelos lisos passam a vida inteira atrás desse modelo. E, com o passar dos anos, danificam o couro cabeludo, muitas vezes criando falhas nele, sem se darem conta.

E o que dizer dos homens? Ou se livram do problema mantendo os fios muito curtos ou raspam a cabeça por toda a vida, para se livrarem de comentários preconceituosos.

“É hora de alertarmos a população brasileira sobre a importância da aceitação dos cabelos. Para começar, é preciso que sejam eliminados termos como ‘cabelo ruim’ e ‘cabelo bom’. Todos os tipos de cabelos devem ser admirados e mantidos o mais próximo ao seu estado natural, para que a saúde física do indivíduo seja preservada. Depois, é fundamental que existam campanhas de valorização de todos os tipos de cabelos existentes, ensinando nossa população que é justamente na miscigenação que mora a nossa história – e ela deve ser motivo de orgulho”, explica o médico.
É preciso que se faça um trabalho de base, nas escolas, porque as crianças se encarregarão de disseminar o bem, se ele for plantado.
E, enquanto houver o preconceito estrutural, mais crianças chegarão doentes aos nossos consultórios.

Terapias auxiliares

O FDA Americano avaliza o laser de baixa penetração como uma das tecnologias para o tratamento de recuperação capilar. A técnica chama-se LLLT (Low Level Laser Therapy), também conhecida como laser frio. Estudos científicos internacionais demonstraram o aumento da multiplicação celular da raiz do cabelo, aumentando a velocidade de crescimento dos fios e melhorando a densidade capilar, a partir desse tratamento.

Outras terapias auxiliares são adotadas para que o tratamento se potencialize, já que os pacientes podem necessitar de atendimento multidisciplinar que, apenas a partir de uma consulta médica, serão indicados. SVSimone_Uape Comunicação

Vilões do couro cabeludo

Especialista da Mahogany aponta o que deve ser feito para evitar o aparecimento de problemas como a caspa e o enfraquecimento dos fios

Ondulados, crespos, lisos ou cacheado, independentemente do tipo de cabelo, as mulheres apostam em tudo que pode ajudar no crescimento, força e aspecto dos fios. Prova disso é a grande quantidade de produtos das mais variadas categorias, como shampoo, condicionador, hidratantes, máscaras, óleos e finalizadores, criados justamente para satisfazer esse público, que está a cada dia mais exigente e preocupado com a saúde capilar.

Carlos Correa, gerente de pesquisa e produtos da Mahogany, marca especializada em produzir e comercializar cosméticos, explica que a raiz dos cabelos é a base para fios fortes e o excesso de uso de produtos, aliado à falta de informação, podem causar o surgimento de diversos problemas no couro cabeludo como a caspa e a oleosidade. “É dele que os fios se originam e se esse local estiver com excesso de oleosidade, por exemplo, não há corte que resolva, as madeixas serão afetadas sempre pelos mesmos problemas”, explica.

A boa notícia é que basta um pouquinho de atenção para garantir um couro cabeludos saudável. Confira abaixo alguns vilões capilares e a forma correta para driblar esses problemas:

Lavar com água quente

A água também pode ser uma vilã do cabelo saudável, se estiver na temperatura errada. Um banho quente pode ser bom, mas o calor estimula a produção de oleosidade no couro cabeludo e aumenta o ressecamento das pontas. Segundo o especialista, o ideal para a saúde capilar é priorizar água de morna a fria na higienização, pois não são agressivas para o couro cabeludo nem para os fios. “Quando extremamente quente pode ser muito prejudicial à região, provocando a perda de nutrientes e interferindo na saúde da cútis”, afirma.

Realizar vários procedimentos químicos

Coloração, permanentes e relaxamento são procedimentos químicos que penetram profundamente na fibra capilar, alterando sua estrutura interna. “Para evitar danos, o indicado é esperar pelo menos duas semanas entre os procedimentos e fazer grandes mudanças de forma mais gradativa”, diz. Quando se trata de pintar os cabelos, o expert destaca que a melhor saída é optar por uma transformação gradual e utilizar shampoos específicos para cabelos coloridos. “Hidratar os fios pelo menos uma vez por semana também é fundamental para madeixas com qualquer tipo de química”, aconselha.

Dormir de cabelo molhado

Ao dormir de cabelo úmido ou molhado, deixamos o ambiente perfeito para a proliferação de bactérias, que precisam de calor e umidade. “O travesseiro prolonga o tempo de secagem dos fios e dificulta a dissipação do calor, criando um ambiente úmido e abafado. Para tentar controlar esse crescimento excessivo dos fungos, o organismo mobiliza suas células de defesa gerando inflamação. O quadro inflamatório que se desenvolve, chamado dermatite seborreica, é o responsável por sintomas como coceira, dor, caspa e queda de cabelo”, esclarece.

Usar condicionador no couro cabeludo

O erro é comum principalmente em quem tem cabelo mais curto. O produto deve ser aplicado somente no comprimento e pontas, evitando os excessos. A raiz do cabelo já é naturalmente hidratada, pois recebe oleosidade de forma natural. “O pior erro é aplicar condicionador diretamente no couro cabeludo. Essa prática pode causar problemas como oleosidade excessiva e obstrução dos poros, podendo levar até à queda dos fios”, alerta.

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