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Esporte

Vontade política e pressão em médicos marcam discussões sobre volta do futebol

Por Agência Estado

30 de abril de 2020, às 07h45 • Última atualização em 30 de abril de 2020, às 08h40

À espera de uma data para ser retomado após a pandemia do novo coronavírus, o futebol brasileiro atualmente depende muito mais de conversas nos bastidores para resolver essa pendência do que apenas de decisões na esfera esportiva. Além do próprio presidente Jair Bolsonaro ser um entusiasta da volta dos jogos, vários dirigentes têm se articulado para conseguirem dentro dos respectivos estados a autorização para os times voltarem a treinar o quanto antes.

A questão sobre a volta dos jogadores aos treinos chega a um momento decisivo pois nesta quinta-feira se encerra o período de férias coletivas dos clubes. O período de descanso foi definido entre todos os times em março para diminuir o impacto financeiro da paralisação. Mas apesar disso a tendência é a maioria das principais equipes não retornarem enquanto não houver uma liberação mais clara por parte do Ministério da Saúde.

Porém, o Estado apurou que em algumas regiões do Brasil há uma pressão grande para os times terminarem as férias. Há também uma grande preocupação econômica com o impacto da pandemia no futebol. Alguns médicos infectologistas ouvidos pela reportagem revelaram que têm sido procurados por dirigentes de federações estaduais e presidentes de clubes para assinarem protocolos de liberação dos treinos. Os relatos se referem a Estados das regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste do País.

Em um desses episódios, um clube havia produzido junto com a federação local um guia de retorno aos treinos e pediu somente para o infectologista ler e assinar o documento. Diante da recusa, houve até uma discussão em que os dirigentes afirmaram que o médico só não quis fazer a liberação por ser torcedor de uma equipe rival.

Quem tentou se antecipar a esse movimento foi Santa Catarina. A federação de futebol local produziu um guia com protocolo médico de volta aos treinos feito inicialmente por um médico especialista em ortopedia e referendado posteriormente por um infectologista. O texto foi entregue ao governador Carlos Moisés (PSL) na esperança de receber uma autorização para retomada dos treinos. No entanto, a resposta foi negativa e as equipes locais agora repensam o que podem fazer.

A CBF tem organizado com clubes e federações uma série de videoconferência. Nesses encontros, a entidade sugere que os treinos devem ser retomados em maio, porém a data continua em aberto. O cenário mais otimista é que alguns campeonatos estaduais possam voltar na segunda quinzena do próximo mês, mas para isso é preciso ter a autorização dos órgãos locais de saúde pública.

“Nós temos de ser responsáveis para discutir e analisar sobre o retorno das atividades, mas é importante se frisar que o futebol é uma ferramenta psicológica importante para as pessoas que estão em casa”, disse ao Estado o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho.

Procurada pela reportagem, a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol disse que no momento não vai se pronunciar sobre qual é a melhor data para o retorno e afirmou que cumprirá o que for determinado exclusivamente pelo Ministério da Saúde.

Para o médico do Sindicato de Atletas de São Paulo, Renato Anghinah, ainda é prematuro se falar em retorno. “O momento não é de se discutir datas, mas sim de se discutir planos. Ainda não há embasamento médico para se voltar aos treinos nem qualquer mudança dos órgãos de Sâo Paulo que aponte para uma mudança de cenário”, comentou.

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