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Ninho do Urubu

Seis meses após incêndio, famílias reclamam de omissão do Flamengo

Por Agência Estado

08 de agosto de 2019, às 07h25 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 12h39

Seis meses após um incêndio de grandes proporções nas instalações do Ninho do Urubu deixar dez atletas mortos e três feridos, a maioria das famílias das vítimas fatais ainda não foi indenizada pelo Flamengo e as negociações estão travadas. Por enquanto, o clube entrou em acordo só com os familiares de Athila Paixão e Gedson Santos, além do pai de Rykelmo Souza – a mãe do jogador segue sem acordo com a diretoria da equipe.

O Estado conversou com Rosana Souza, mãe de Rykelmo, e com as outras sete famílias que ainda não foram indenizadas. Pais e mães dos garotos divergem quanto à possibilidade de um acerto financeiro. Alguns estão otimistas em resolver a situação sem ir à Justiça, outros não veem dessa forma, como é o caso de Rosana, que já entrou com um processo judicial contra o clube. Um ponto, no entanto, une todos eles, conforme disseram ao Estado: a omissão e o descaso do clube na questão.

“O Flamengo está irredutível e as famílias estão indignadas com sua diretoria pela ausência total de diálogo. Estão se sentindo abandonados”, diz o defensor público do Estado do Rio de Janeiro, Rodrigo Pacheco.

Assim que as mortes foram confirmadas, a Defensoria Pública e o Ministério Público do Rio foram chamados pelo Flamengo para ajudar num acordo. O clube, porém, que paga ajuda mensal de custo de R$ 5 mil às famílias, não concordou com a proposta apresentada na ação coletiva e passou a negociar individualmente com cada uma delas. Estabelecendo parâmetro de indenização a partir de uma das famílias, o clube se fortaleceu para não negociar valores superiores com os demais. Valores não são revelados porque há uma cláusula de confidencialidade.

No momento, o defensor, que representa a família do lateral Samuel Rosa, garante que não há outra opção a não ser a via judicial. “O único caminho que temos é o do judiciário. É péssimo porque é uma ação que não vai durar menos de 10 anos”, lamenta Pacheco. À frente da Defensoria Pública, ele e o MP do Rio entraram com ação dias após a tragédia pedindo o bloqueio de R$ 57 milhões das contas do Flamengo, mas a Justiça ainda não deu uma resposta ao caso.

O principal motivo para que as negociações estejam emperradas é a espera pela resolução do inquérito da Polícia Civil que investiga os responsáveis pelo incêndio. Recentemente, o MP do Rio não denunciou os dez indiciados no caso, incluindo o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello, e solicitou que o inquérito retornasse à 42.ª DP do Recreio dos Bandeirantes para que as apurações fossem aprofundadas. O prazo estipulado pelo MP vence no início de setembro.

“O clube tem tratado o assunto com distância, sem intenção de resolver a questão”, afirma o advogado Henrique Wolff, que representa a mãe do volante Jorge Eduardo. De acordo com o advogado Alexandre Soares, defensor contratado pela mãe do zagueiro Arthur Vinícius, a diretoria do Flamengo não o procurou sequer para fazer uma oferta. “Caso não tenha acordo, a Justiça será o caminho”, diz.

OUTRO LADO – Ao Estado, o vice-presidente geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee, afirmou que, após a tragédia, o presidente Rodolfo Landim colocou um staff grande à disposição das famílias, que os advogados do clube estão em contato direto com os representantes legais dos familiares e a proposta aceita por duas famílias e o pai de Rykelmo também foi apresentada para os representantes legais dos outros familiares.

Segundo Dunshee, “o passo inicial para que as conversas resultem num acordo é as pessoas entenderem que, embora o Flamengo seja responsável, ele não teve culpa e intenção de prejudicar ninguém”. Ele se mostrou otimista quanto à possibilidade de consenso entre as partes.

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