28 de março de 2024 Atualizado 13:49

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Natação

Com recordes na base, promessa da natação é disputada por Brasil e Holanda

Por Agência Estado

02 de fevereiro de 2020, às 15h00 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 12h02

Uma das grandes promessas da natação, Stephan Steverink está dividido entre dois países. O menino de 15 anos é filho do empresário holandês Sander Steverink e da médica pernambucana Gisélia Freitas. Por isso, ele é meio brasileiro e meio holandês. Por conta da dupla nacionalidade, o nadador vem competindo – e quebrando recordes – tanto nas categorias de base do Brasil quanto da Holanda. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) monitora a evolução do nadador de olho nos próximos ciclos olímpicos.

O menino reconhece a divisão de seu coração, mas afirma que as porções não são iguais. “Eu competi na Holanda para adquirir mais experiência e bagagem. Acho que a tendência é ficar no Brasil. É o que minha mãe quer. Quero terminar o Ensino Médio aqui no Brasil. Caso aconteça alguma coisa, nós vamos pensar. Sou 75% brasileiro”, disse o menino que só sabe falar “bom dia”, “boa tarde” e alguns palavrões em holandês.

Stephan explica que pode continuar defendendo os dois países em torneios nacionais. Para os internacionais, é preciso morar no país. “Eu disputei o Sul-Americano Juvenil pelo Brasil. Se quiser representar a Holanda, terei de morar lá por um ano. Para a Olimpíada, teria de ficar lá por duas temporadas”, diz o nadador, citando o regulamento da Federação Internacional de Natação (Fina).

No Brasil, Steverink estabeleceu novo recorde brasileiro nos 1.500 metros livre Juvenil I em Vitória (ES), no ano passado. O atleta da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) de São Paulo nadou a prova em 15min26s77, baixando o recorde brasileiro em quase 20 segundos. No ranking absoluto de 2019, que considera todas as categorias, é o quarto lugar.

O tempo é expressivo também no contexto internacional. No ranking da sua faixa etária, para atletas nascidos em 2004, foi a melhor marca do mundo. Mas ela ainda está distante do cenário norte-americano. O recorde desta faixa pertence a Bobby Hackett, que fez 15min03s91 em 1976. Para Tóquio, o índice é 15min00s99.

Ele já foi cinco vezes para a Holanda, sempre com ótimos desempenhos. Pieter Van den Hoogenband, dono de três medalhas de ouro olímpicas, era o recordista sub-13 nos 200m livre. A marca durou até a chegada de Stephan. No sub-15, o brasileiro é recordista nos 200m peito, 200m e 400m medley. Nos 800m livre, seu tempo no Juvenil é 21 segundos melhor que o recorde de Hoogenband.

O menino conta que percebeu olhares de estranhamento quando foi competir lá pela primeira vez. O estranhamento virou incredulidade. “A primeira vez foi em 2017. Meu pai queria. Muita gente achava que meus tempos eram mentira”, comentou ao Estado o nadador do PSV Eindhoven e especialista nos 400m medley e 1500m.

Stephan foi convidado para uma fase especial de treinos durante a seletiva olímpica, no Troféu Brasil (antigo Maria Lenk), em abril. Ao Estado, o COB afirmou que “observa com atenção a evolução do nadador”. Ele também é paparicado na Holanda e conta que os dirigentes são bastante solícitos quando ele está lá. “Toda hora, eles perguntam se preciso de alguma coisa”.

O desempenho de Stephan tem sido tão surpreendente – ele está a seis segundos do índice olímpico nos 400m medley – que colocou uma dúvida na cabeça do treinador, Eric Sona. “Eu me questiono se o correto seria estimulá-lo para buscar o índice para Tóquio. A seletiva acontece em três meses. Mas ele estava de férias, o que é justo pelo ano que teve. Os grandes nomes não tiveram férias. Eu me preocupo com essa cobrança precoce”, revelou.

Por isso, o foco será os Jogos de Paris, em 2024. A seletiva olímpica será mais uma etapa de sua evolução. Ele tem chances reais de estar numa final, o que já seria um feito. Hoje, o garoto está no ranking nacional dos três melhores nos 400 m medley. “Temos uma meta visando Paris-2024. Com a mente de adulto que já tem, ele terá um corpo maduro e estará preparado”, acredita o treinador, um dos principais responsáveis pela evolução de Stephan.

A mente adulta deixa espaço para as coisas da idade. Sorridente, brincalhão e descontraído, Stephan sai com os amigos aos fins de semana e gosta de jogar videogame, especialmente CSGO, Battlefield 5, Fortnite e Killing Floor 2, jogos de ação. Nos treinos, se mistura com os outros alunos. Gosta de festas, mas volta cedo: sempre tem treino no dia seguinte.

Publicidade