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Polêmica

Incomodados, CBF e clubes abrem guerra contra o Flamengo nos bastidores

Clubes consideram postura do Flamengo errada e egoísta e cogitam até mesmo atitudes na esfera jurídica

Por Agência Estado

28 de setembro de 2020, às 16h27 • Última atualização em 28 de setembro de 2020, às 16h45

O clima nos bastidores do Campeonato Brasileiro é pesado e a tensão foi ampliada após os acontecimentos do fim de semana. O atual cenário opõe o Flamengo, de um lado, e os outros 19 clubes e a CBF, do outro. Incomodados com condutas e decisões recentes do rubro-negro fora do campo, parte considerável dos times trata as disputas com o clube carioca como “guerra” e cogita até retaliações na esfera jurídica. A semana promete ter desfecho sobre o assunto e até uma possível revisão dos protocolos.

A entidade e os clubes estão contrariados com a postura do Flamengo de ter tentado a todo custo, em razão do surto de covid-19 no elenco, suspender o jogo contra o Palmeiras, que só acabou acontecendo graças a uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), proferida instantes antes de a bola rolar. Eles também não aprovaram a pressão do time rubro-negro para a volta do público aos estádios já no início de outubro.

A partida precedeu uma verdadeira batalha jurídica e de bastidores. Primeiro, na última quinta-feira, a CBF negou o pedido de adiamento do jogo feito pelo Flamengo, que, então foi à Justiça desportiva, mas também não teve sucesso. No dia seguinte, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) recusou a solicitação para suspender o duelo.

No sábado, o Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ) acatou uma liminar do Sindeclubes, entidade que representa funcionários de clubes do Estado carioca, e determinou a suspensão do confronto. Porém, no domingo, dez minutos antes do horário marcado para o duelo, o TST deferiu o pedido da CBF e permitiu a realização da partida. A bola rolou e as equipes empataram em 1 a 1 no Allianz Parque.

A posição do Flamengo de defender apenas os seus interesses perturbou vários dirigentes, entre eles o presidente do Atlético-MG, Sérgio Sette Câmara, que falou em “soberba” e prometeu que irá pedir o banimento do rubro-negro no Brasileirão. Boa parte dos cartolas entende que a equipe rubro-negra tem tido posições individualistas desde a eclosão da pandemia.

“A lei vale para todos. O Flamengo se utilizou da Justiça comum para descumprir o protocolo da CBF e desrespeitar todos os outros 19 clubes da Série A, em mais um exemplo de soberba. Isso é passível de banimento. Tem de ser rebaixado automaticamente. O Atlético-MG vai entrar com um pedido à Procuradoria do STJD para a exclusão do Flamengo do Brasileiro. Deve ser realmente banido do campeonato”, declarou, em entrevista ao Terra.

Maurício Galiotte, claro, também não gostou da pressão do rival carioca para tentar adiar o jogo. No sábado, quando o duelo ainda estava suspenso, o mandatário palmeirense sugeriu paralisar o Brasileirão porque o protoloco sanitário estipulado pela CBF para o campeonato não estava sendo cumprido. O dirigente palmeirense ganhou o apoio do presidente do Corinthians, Andrés Sanchez.

“O maior problema do futebol é quando um clube só pensa nele e em mais nada. Suspender um jogo é suspender o protocolo que todos toparam. Melhor paralisar o campeonato inteiro então”, opinou Andrés, nas redes sociais. Outros clubes, como Goiás, Internacional, Grêmio e Atlético-GO, também se manifestaram a favor do cumprimento do protocolo de saúde e contra a medida de acionar a Justiça Comum para tomar decisões que normalmente cabem à esfera jurídica esportiva.

PRESSÃO POR VOLTA DO PÚBLICO – A irritação de dirigentes e clubes foi ampliada com a pressão do Flamengo pelo retorno do público nos estádios. A ideia da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), em parceria com o rubro-negro, era a de reabrir o Maracanã aos torcedores já em outubro. No entanto, a CBF e os outros 19 clubes da Série A do Brasileiro mantiveram o veto à volta da torcida.

A entidade e as agremiações participaram de uma reunião virtual no último sábado, sem a presença de representantes do Flamengo e da Ferj, e decidiram pela manutenção dos protocolos de prevenção à pandemia de covid-19, estabelecido pela CBF desde antes do início da competição. Os presidentes das entidades estaduais que regem o futebol também participaram.

A videoconferência de quinta-feira teve de ser encerrada sem resolução sobre o assunto após bate-boca entre os presidentes da CBF, Rogério Caboclo, e o da Ferj, Rubens Lopes. Na ocasião, houve uma áspera discussão e o mandatário da entidade máxima do futebol brasileiro teria dito que o Brasileirão não seria refém de um time como foi o Campeonato Carioca.

CBF e a grande maioria dos times querem uma volta gradual do público aos estádios. Mas apenas quando verem segurança para seus torcedores. Ficou decidido que a cada 15 dias haverá uma videoconferência para reavaliação do cenário futebolístico em âmbito nacional.

O debate pela presença de torcida nas arenas no Brasil será guiado e terá de passar por todas as medidas preventivas previstas em estudo encaminhado pela CBF ao Ministério da Saúde.

Ainda contra o Flamengo pesa o fato de o clube ter “construído” sozinho o lobby para a publicação da Medida Provisória 984 junto ao presidente da República, Jair Bolsonaro. A MP, editada em junho, dá aos times mandantes a prerrogativa de negociar os direitos de transmissão de seus jogos.

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