29 de março de 2024 Atualizado 09:47

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Futebol

Promessa do Fluminense, jovem João Pedro tenta seguir caminho de Richarlison

Por Agência Estado

18 de julho de 2019, às 08h00 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 12h41

João Pedro, a mãe, o padrasto e a avó estão empenhados em aprender inglês. Matriculados em um curso desde o início do ano, intensificarão as aulas neste segundo semestre para evitar sobressaltos na Inglaterra. Se as coisas continuarem do jeito que estão, João Pedro vestirá a camisa do Watford em janeiro e a família se mudará para a cidade de mesmo nome, que fica pertinho de Londres.

O garoto de 17 anos foi negociado pelo Fluminense com o time inglês em outubro do ano passado por um valor que pode chegar a 10 milhões de euros (cerca de R$ 42,3 milhões). O acordo foi feito antes de João Pedro subir para o profissional, graças ao bom desempenho dele na base, onde fez 38 gols em 2018.

O Fluminense talvez não imaginasse que o garoto também arrebentaria precocemente no profissional. Neste ano, ele marcou nove gols em 17 jogos e chamou a atenção de grandes clubes europeus. O Manchester City enviou representante ao Rio de Janeiro, o Liverpool foi investigar a vida do garoto em Ribeirão Preto, onde atuou até os 11 anos, e o Barcelona também estaria de olho.

Quem quiser contratar João Pedro agora terá de pagar a multa rescisória ao Watford de 20 milhões de euros (R$ 84,6 milhões). No que depender da vontade do garoto e da mãe, o destino vai ser mesmo o modesto time inglês. O plano da família é seguir a trilha traçada por Richarlison, que deixou o Fluminense em 2017 rumo a Watford e recentemente foi campeão da Copa América com o Brasil.

“A gente tem a preocupação de vê-lo jogar. O Watford trabalha para que ele se enquadre nas regras da Premier League. Imagina vê-lo na Liga Inglesa aos 18 anos?”, disse a mãe Flavia Junqueira em conversa com o Estado. Ela teme que a ida do filho para um grande clube possa acarretar em empréstimo para outra equipe de menor expressão na Inglaterra. “Não gostaria de vê-lo emprestado para um time de terceira divisão só para ganhar bagagem. Queremos dar um passo de cada vez”, diz.

Flavia e o marido estiveram no mês passado em Watford. Conheceram o clube, se reuniram com o presidente e deram uma volta pela cidade de 80 mil habitantes. A diretoria inglesa se prontificou em auxiliar na escolha da casa. “Eles já enviaram algumas opções. Estamos analisando tudo. Só de falar nisso já me deixa nervosa”, admite.

CATAR? – João Pedro, aparentemente, está bem mais tranquilo do que a mãe. Apesar de os dois terem os mesmos gostos para tudo, como ela diz, o garoto de 17 não demonstra ansiedade. Futebol europeu, seleção brasileira, Copa do Mundo, tudo isso está em um futuro distante para ele.

“Quando é essa Copa no Catar?”, rebateu ao ser questionado pelo Estado sobre a possibilidade de disputar o Mundial de 22. O assessor ao seu lado lembrou que será daqui a três anos. “Ah, tá. Nada é impossível então. Quem sabe não tem uma brecha no time?”

Ele poderia ser o camisa 9 que a seleção brasileira não teve na Copa América. Já fez gol de bicicleta no profissional e marcou três na goleada por 4 a 1 sobre o Atlético Nacional, pela Copa Sul-Americana.

INSPIRAÇÃO PATERNA – O desejo de se tornar jogador veio por causa do pai, o ex-volante Chicão, que fez parte do Botafogo-SP, vice-campeão paulista em 2001. Mas o pai viu o futuro promissor ir por terra quando, em 2002, foi preso por coautoria em homicídio. Ele ficou por nove anos na cadeia e perdeu a infância do filho. João Pedro e a mãe não gostam de lembrar desta história. Flavia contou apenas que já estava separada quando aconteceu o crime e que tratou de seguir a vida.

Em Ribeirão Preto, João Pedro teve infância de classe média. A mãe, graduada na universidade, trabalhava com vendas, tinha casa própria e o garoto estudava em escola particular. Quando completou 11 anos, surgiu o convite do Fluminense. Foi o divisor de águas para a família. “Naquele momento, vi que já havia conquistado meu sonho. Resolvi então acreditar no sonho dele”, contou a mãe do garoto.

No Rio, eles tiveram um período difícil. Flavia ficou sem trabalhar. Faltou comida na mesa. Foi quando pediu socorro ao Flu, que ajudou prontamente. O menino assinou com a Adidas. Em 2018, renovou o contrato, agora internacional, em inglês.

Publicidade