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Saúde

Problemas cardíacos acendem alerta no futebol

Recentemente, quatro jogadores de futebol apresentaram problemas cardíacos - dentre eles Biro Biro, do Botafogo

Por Agência Estado

22 de julho de 2019, às 05h40 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 12h41

Recentemente, quatro jogadores de futebol apresentaram problemas cardíacos. O Estado conversou com médicos especialistas para descobrir o motivo de tantos registros em um intervalo de menos de três meses. A conclusão é de que há uma conjunção de fatores para explicar os problemas. Segundo os cardiologistas, não houve fator de ligação entre as ocorrências.

A evolução tecnológica da medicina, o desenvolvimento das máquinas para realização de exames, a obrigatoriedade de clubes profissionais realizarem check-ups periódicos e também o fato de os atletas terem uma vida profissional mais longeva são as principais causas.

O especialista em cardiologia e medicina do esporte, Nabil Ghorayeb, lembrou também que os casos não estão ligados entre si porque são doenças diferentes. “São coincidências que aconteceram em um curto espaço de tempo”, disse.

Foto: Vítor Silva / Botafogo
Biro Biro teria sofrido uma parada cardíaca, mas novo boletim médico disse que ele teve uma queda de pressão

O mais recente que ganhou destaque foi o volante Biro Biro, do Botafogo. Há cerca de um ano o jogador corrigiu uma arritmia cardíaca, quando atuava pelo Shanghai Shenxin, da China. Pelo histórico, foi informado inicialmente que o desmaio ocorrido durante treino na última terça-feira aconteceu por problema no coração. “Não foi. Ele teve uma síncope vaso vagal por provável queda de pressão”, corrigiu Nabil.

No último dia 12, o volante Adílson, do Atlético-MG, concedeu entrevista coletiva para informar que iria se aposentar dos gramados por ter descoberto uma cardiomiopatia hipertrófica. “Cerca de 15% a 25% dos atletas podem desenvolver em algum grau o aumento do músculo do coração”, diz o cardiologista Otávio Rizzi Coelho, que coordena núcleo de pesquisa da Unicamp para investigar problemas cardíacos em atletas.

Nesse caso, ele informa que é necessário analisar que só o aumento (hipertrofia) não impede que um atleta continue a jogar. Mas tem que ser investigado se há a formação de fibrose. “Quanto mais fibrose, maior o risco de arritmia (distúrbio do ritmo cardíaco).”

Antes de Adílson, no dia 24 de junho, o atacante Joel, que pertence ao Cruzeiro, foi cortado da seleção de Camarões, após ser diagnosticado com uma anomalia na artéria coronária. Segundo Nabil, trata-se um problema que pode ser corrigido. “Ele nasceu com o coração diferente. As duas artérias saem de um lado só. Tem que operar para poder jogar depois”, afirmou.

Em maio, o goleiro espanhol Iker Casillas sofreu enfarte agudo no miocárdio. “Parece um contrassenso, mas o excesso de atividade física pode ser prejudicial. O atleta treina mais do que organismo está preparado e pode contribuir para a doença nas artérias do coração”, ensina Otavio.

ALERTA – O Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo está atento aos problemas cardíacos com os jogadores. Os casos serão investigados para saber se houve alguma negligência. De acordo com o presidente do Sapesp, Rinaldo Martorelli, os últimos acontecimentos acenderam “uma luz amarela”. O sindicato conta com médicos parceiros que analisarão os problemas recentes.

Além de apurar possível negligência, o objetivo é descobrir se os exames atuais são suficientes para os atletas. “Quando aparece algum caso, começamos a prestar mais atenção. Até então, sabemos que os clubes não têm problemas, os jogadores passam por exames médicos regularmente”, afirmou Martorelli.

Para os médicos do São Paulo e do Corinthians, os problemas recentes não ligam o sinal de alerta nos clubes. “Esse alerta já tenho desde que comecei na base do São Paulo, sempre levamos os atletas para avaliações. Sempre dei muita importância e me preocupei com isso”, disse José Sanchez, do clube tricolor.

Joaquim Grava, do Corinthians, tem o mesmo discurso. “É uma incidência muito pequena se olharmos para o número de atletas profissionais. Realizamos exames periódicos e monitoramos nossos atletas.”

O cardiologista Otávio Rizzi Coelho não acredita que a realização de mais exames sirvam para diminuir as ocorrências. “O que é feito no Brasil vem na mesma ideia das recomendações internacionais. É necessário ter um acompanhamento diário. O jogador tem que manter sempre conversa com os médicos. Dor no peito, falta de ar, tontura, desmaio, sensação de aceleração do coração são sintomas que precisam ser investigados”, finalizou.

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