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Futebol

Impulsionada por Hagi, Romênia ressurge no futebol e sonha com o ouro em Tóquio

Por Agência Estado

28 de fevereiro de 2020, às 07h00 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 12h03

Imagine se Pelé criasse um clube no Brasil do qual é dono e treinador e tivesse investido nele cerca de R$ 30 milhões para criar uma moderna estrutura para categorias de base. O curioso roteiro se passa na Romênia, onde o maior jogador da história do país, o ex-meia Georghe Hagi, tem causado uma revolução. O trabalho dele no Viitorul Constanta é um dos principais fatores que levam a seleção local a revelar uma geração promissora e se classificar para a disputa do torneio de futebol dos Jogos do Tóquio-2020.

Conhecido como o Maradona dos Cárpatos, Hagi se tornou famoso mundialmente pela Copa de 1994. A seleção romena chegou às quartas de final naquele ano graças à técnica apurada daquele camisa 10. O país se consolidou na década como uma potência europeia ao disputar três Mundiais, duas Eurocopas e chegar em 1997 à terceira posição do ranking da Fifa, atrás apenas de Brasil e Alemanha.

A aposentadoria de Hagi e de outros craques daquela talentosa geração fez a seleção local sumir do cenário. Mas o mesmo protagonista do ápice do futebol romeno é agora o pivô do processo de renascimento. Dos 18 jogadores que levaram a equipe a se garantir nos Jogos de Tóquio, nove foram revelados pelas categorias de base do Viitorul Constanta, conhecidas na Romênia como Academia Hagi.

O ex-jogador criou o projeto em 2009. Integram o trabalho atletas desde a categoria sub-7, organizados em uma estrutura com oito campos oficiais, alojamento, academia e departamento médico. A metodologia de trabalho foi inspirada no Barcelona, onde Hagi atuou como jogador. Todos os garotos treinam regidos pelo mesma proposta de jogo. Não por acaso, o clube leva o nome Viitorul, que quer dizer futuro em romeno. O Constanta é uma referência ao distrito onde o time está localizado.

O atacante brasileiro Rivaldinho, filho do pentacampeão Rivaldo, é testemunha do trabalho de Hagi, ao estar na terceira temporada no futebol local e ser titular absoluto da equipe atual. “O Mister Hagi é responsável pelo Viitorul ser o que é hoje em dia. O Viitorul é respeitado, temido e é uma fábrica de revelar jogadores na Romênia graças a ele”, disse ao Estado.

O clube de Hagi foi campeão nacional há três anos e revelou recentemente um dos grandes nomes da atual geração olímpica. Filho do ex-craque, Ianis Hagi também é meia e agora defende o Rangers, da Escócia. “Ianis é um craque. Talento puro. Nunca vi um jogador bater igual na bola com a direita e a esquerda. Acredito que ele vai chegar longe, e merece isso. Pois é um menino muito dedicado, humilde e que merece”, elogiou Rivaldinho.

Fundador, dono e treinador do clube, Hagi lidera a academia para talentos e o elenco profissional com rigor. O ex-goleiro Peterson Peçanha atuou seis meses no Viitorul entre 2015 e 2016 e ficou impressionado com o trabalho de Hagi. “Tudo no clube é à maneira dele. O Hagi preza muito pela qualidade técnica e só contrata treinadores que aceitam se encaixar ao projeto”, disse Peterson, que atualmente é treinador e mora em Portugal.

O Viitorul virou um projeto após o ex-jogador romeno passar pelo cargo de dirigente por outras equipes e até pela seleção romena. A fama no país lhe possibilita ter prestígio mesmo com os jogadores jovens e que não eram nascidos quando o camisa 10 estava no auge. “Ele é uma pessoa fantástica, que me ensina a cada dia. Tem mentalidade de vencedor, a cada dia quer melhorar e quer nos fazer melhores em cada treinamento”, elogiou Rivaldinho.

Desde 1964 a Romênia não classificava uma equipe para o torneio olímpico de futebol. Parte dessa antiga geração representou o país anos depois na Copa de 1970, quando inclusive enfrentou o Brasil na fase de grupos do Mundial do México. Para se garantir na próxima edição da Olimpíada, a Romênia desclassificou nas Eliminatórias a Inglaterra.

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