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Futebol

Em 8 anos, River Plate vai de rebaixado na Argentina a ‘bicho-papão’ da América

Por Agência Estado

23 de outubro de 2019, às 13h44 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 12h27

No dia 26 de junho de 2011, quando o River Plate empatou por 1 a 1 com o Belgrano no Monumental de Núñez e foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Argentino, um torcedor de 23 anos tentou se matar cortando as próprias veias, tamanho era o desespero do fanático fã com a queda inédita do tradicional clube na competição. Oito anos depois, o “Más Grande”, como se autointitula o time argentino, vive um dos períodos mais vencedores de sua história. O torcedor que havia tentado suicídio sobreviveu e agora vai acompanhar a busca por mais um título da Libertadores.

O River Plate chega à sua terceira decisão continental desde 2015. É o time que mais chegou às finais nos últimos cinco anos. Será a sétima vez que a equipe jogará a decisão da principal competição continental em sua história, a segunda vez diante de um brasileiro. Na primeira ocasião, o clube argentino acabou sendo derrotado pelo Cruzeiro, em 1976.

A reconstrução desde o rebaixamento, o episódio que tentou o torcedor à tentativa de suicídio, está diretamente ligada à gestão do presidente Rodolfo DOnofrio, que assumiu o clube no fim de 2013. O dirigente não tentou “reinventar a roda”, mas adotou uma política austera gastando menos do que arrecadava. Ele tomou medidas como a profissionalização da gestão, renegociações de dívidas, o lançamento do programa de sócio-torcedor “Tu lugar en el Monumental” (Seu Lugar no Monumental, em português), com descontos anuais para os sócios, o desenvolvimento da comercialização de ingressos e pacotes, além de um mecanismo de indexação para as cotas dos afiliados.

O faturamento praticamente dobrou em cinco anos. A gestão de D’Onofrio também investiu no pagamento das dívidas. Em 2014, por exemplo, os débitos do clube estavam em 600 milhões de pesos (cerca de R$ 111 milhões na cotação atual).

Hoje, as principais fontes de receita do River são as seguintes: bilheteria e arrecadação em dias de jogos (30%), programas de sócios (30%) e patrocínios (mais de 20%). Mais abaixo estão os direitos de transmissão em TV e bônus de competições (aproximadamente 10%). A venda de atletas também é um ponto considerável, embora variável. Recentemente, o River faturou cerca de 41,7 milhões de euros com a negociação de atletas. As principais vendas foram de Lucas Alario para o Bayer Leverkusen, da Alemanha, por 24 milhões de euros, e Sebastián Driussi para o Zenit, da Rússia, por 15 milhões de euros.

Depois de quatro anos, o clube voltou a justificar o apelido de “Millonario”. O time foi quem mais investiu em contratações entre todos das Américas no ano passado. Foram € 32,29 milhões – o equivalente a quase R$ 128,5 milhões. O principal reforço foi o atacante Lucas Pratto, comprado ao São Paulo por 11,5 milhões de euros. Como comparação, o clube brasileiro que mais gastou no mesmo período foi o São Paulo, com 15,79 milhões da mesma moeda europeia (algo em torno de R$ 59,6 milhões).

A recuperação econômica deu suporte para a construção de um time forte e competitivo, gerido por um treinador acima da média. Marcelo Gallardo é visto com fundamental na reconstrução do River. Desde que chegou, em junho de 2014, o Muñeco, como é conhecido, elevou o patamar da equipe. Pegou o mesmo elenco da época da segunda divisão e maximizou o potencial dos jogadores. Com ele no comando, os Millonarios conquistaram a Copa Sul-Americana e a Recopa do continente, assim como ficaram em segundo lugar no Campeonato Argentino no começo de sua trajetória.

O treinador mais vitorioso da história do River Plate vai disputar a 14ª decisão desde que assumiu a equipe. A média é de três finais por temporada. Das 13 finais disputadas neste ciclo, o time de Gallardo venceu 10. Os três raros momentos em que o técnico de 43 anos não ficou com o título foram nas finais da Supercopa da Argentina 2014 (Huracán venceu por 1 a 0), do Mundial de Clubes de 2015 (vitória do Barcelona por 3 a 0) e da Supercopa da Argentina de 2017 (3 a 0 para o Lanús).

“Sinto uma felicidade enorme pelos jogadores e por nossos torcedores, que devem estar muito felizes e contentes. O River vai jogar outra final de Libertadores depois de eliminar mais uma vez o Boca. A felicidade não cabe no meu corpo”, disse o comandante.

O sucesso do técnico está fundamentado no convencimento dos atletas da ideia de jogo, baseando na posse de bola, intensidade e ofensividade. Além disso, Gallardo se apoia em sua própria história. Ele foi um dos grandes jogadores da história do clube e passou a ser considerado por muitos torcedores o maior treinador da história do River.

Gallardo mostra uma sinceridade incomum ao afirmar que o ápice de suas conquistas já passou. Para o comandante, o maior momento foi a conquista da Libertadores no ano passado, quando a final foi disputada em Madri depois de incidentes de violência no jogo de volta da decisão em Buenos Aires – o ônibus do Boca Juniors foi apedrejado na chegada ao estádio do River.

“A partida da minha vida eu já joguei, foi a final em Madri – disse ele na segunda-feira, véspera do Superclássico. Essa é uma partida muito importante, um grande desafio. Mas nada mais do que isso”, concluiu.

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