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Futebol

Celeiro de craques, Copa São Paulo de Juniores também revela árbitros

Por Agência Estado

16 de janeiro de 2020, às 07h30 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 12h10

O árbitro Gabriel Henrique Bispo confessa que estava nervoso na partida entre São Paulo e Operário-PR pela primeira rodada da Copa São Paulo de Futebol Júnior. “A exemplo dos jogadores, os árbitros também precisam de uns dez minutos para passar o frio na barriga”, revela. Era um jogo de um time grande, com transmissão pela TV. Pesava para a tensão outro fator: ele tem apenas 21 anos. Tradicionalmente associado à descoberta de jogadores, o maior torneio das categorias de base do País também revela árbitros.

Dos 80 árbitros centrais do torneio, 14 têm 21 anos. “O objetivo é avaliar o potencial dos árbitros, verificar suas valências positivas e aquelas que podem ser melhoradas. Elas fazem parte de turmas recém-formadas, como 2016 e 2017, por exemplo. A partir da Copa, temos um parâmetro para a construção da carreira deles”, diz Ana Paula Oliveira, presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista, ao Estado.

Obviamente, os primeiros jogos são o batismo de fogo. Um dos principais desafios dos novos árbitros é impor a autoridade. Afinal, alguns têm apenas um ano acima da idade limite para a inscrição de jogadores que disputam a Copinha. Isso significa que o juiz tem quase a mesma idade do jogador. “Se você colocar um árbitro com uma aparência de mais idade, o respeito vai ser maior. Mas a gente consegue se impor. É preciso falar de forma firme, mas sem ser ríspido”, receita Gabriel, que já atuou em quatro jogos.

“É uma situação nova para todos. Torcida, imprensa e também para os atletas. Jogadores e a comissão técnica podem querer testar a arbitragem, reclamando de forma acintosa, pedindo pênaltis e faltas, enfim, pressionando. Nesses momentos, nós, jovens, temos que falar que o árbitro está ali”, diz Gustavo Holanda de Souza, outro árbitro de 21 anos.

Na sessão de fotos, os dois mostraram na prática como deixar claro quem é que manda em campo. Cara fechada e pouco espaço para sorrisos e conversas com os jogadores são algumas estratégias.

Gustavo também enfrentou um perrengue na Copinha. Diante da chuva forte que caía domingo em Itapira, prejudicando o gramado e colocando em risco os jogadores do Vasco e do Naútico, ele decidiu interromper a partida no segundo tempo. Foi uma decisão de gente grande. Por causa do adiamento, o vencedor teria de jogar no dia seguinte, segunda-feira, e também na terça-feira por conta da classificação para a fase seguinte do torneio.

Gustavo vem de uma família de árbitros. Ele é sobrinho da ex-árbitra Regildenia de Holanda Moura, que se aposentou em outubro do ano passado depois de 15 anos como árbitra da Federação Paulista. Com 45 anos, ela passou literalmente o apito para o sobrinho Gustavo em um jogo do Campeonato Paulista Sub-20, entre Juventus e Santos, na Rua Javari. Foi um momento emocionante.

Além disso, Gustavo tem o irmão, Guilherme Holanda Moura, e o primo, Bruno Henrique Mascarenhas, como assistentes da federação. Além disso, o tio Heraldo Moura é árbitro amador. “Quando minha tia me passou o apito foi incrível. Daqui para a frente o sobrenome é representado por mim. Sempre vou levar e honrar o nome que ela construiu com tanto trabalho”, disse Gustavo Holanda.

Os jovens árbitros têm um traço em comum: a maioria tentou ser jogador do futebol, mas não conseguiu. Para não ficarem distantes da paixão, optaram pelo apito. “O sonho inicial era ser jogador de futebol, mas acabou faltando qualidade”, brinca Gustavo.

O caminho para se tornar árbitro é difícil. O curso da Federação Paulista oferece 50 vagas para homens e 50 para mulheres. O conteúdo é o mesmo, com exigências físicas e técnicas. Entre os pré-requisitos está apenas o grau de escolaridade. É preciso ter concluído o Ensino Médio ou estar cursando o 3º ano. O árbitro encerra sua carreira 45 anos.

Logo após o curso, o árbitro faz estágios nas categorias sub-11 e sub-13 do Paulistão. No final, ele recebe o diploma e pode ser inscrito no quadro da Federação. Com o acompanhamento da área de Desenvolvimento da Arbitragem, com avaliações técnicas e físicas, ele vai ascendendo. O ápice da atividade, como trabalhar na Série A do Campeonato Brasileiro, costuma ser atingido em sete ou oito anos.

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