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Esportes da região

‘Neste momento, não me vejo na seletiva olímpica’, afirma Cielo

Em entrevista ao LIBERAL, nadador barbarense não descarta a possibilidade de buscar vaga para os Jogos

Por Rodrigo Alonso

07 de fevereiro de 2021, às 08h40 • Última atualização em 07 de fevereiro de 2021, às 10h13

Único brasileiro a conquistar um ouro olímpico na natação, o barbarense Cesar Cielo não se vê disputando a seletiva para os Jogos de Tóquio, apesar de não descartar a possibilidade. Em entrevista ao LIBERAL, o atleta de 34 anos disse que competir em “altíssimo rendimento” não é mais sua prioridade.

O torneio qualificatório para as Olimpíadas será realizado entre os dias 19 e 24 de abril, no Rio de Janeiro. No entanto, neste momento, o planejamento de Cielo inclui apenas competições regionais. Ele contou à reportagem que vai disputar, nesta temporada, os campeonatos Catarinense e Sul Brasileiro.

Hoje, o nadador mora em Itajaí, em Santa Catarina, e compete por uma equipe local, o Marcílio Dias/Projeto Nadar. Paralelamente, cursa Educação Física e realiza trabalhos fora das piscinas, inclusive com o Instituto Cesar Cielo, que promove aulas gratuitas da modalidade.

Na entrevista, o barbarense campeão olímpico em 2008, que ainda ostenta os recordes mundiais dos 50 e 100 metros livres, falou sobre sua rotina e seus planos dentro da natação, entre outros assuntos.

Cielo ganhou o ouro olímpico em 2008 e ainda continua competindo – Foto: Arquivo – O Liberal.JPG

Como está sua rotina de treinos atualmente?
Estou mantendo uma série de treinos aqui [em Itajaí] um pouco mais leve do que já fiz antigamente, nas minhas temporadas mais importantes. É uma temporada parecida com a que eu fiz em 2017 e 2018. É um pouco mais enxuta, porque estou com alguns projetos fora d’água, mas venho me mantendo numa forma relativamente boa.

Quais são seus planos? Pretende disputar a seletiva olímpica?
No ano passado, eu diria “com certeza não”, porque eu estava mais focado em outras coisas. Neste ano, não vou falar “com certeza não”. Tenho algumas competições aqui no Sul para participar, que são o Catarinense e o Sul Brasileiro. Acho que os resultados podem me ajudar a acreditar que posso ir ou não participar de uma seletiva. Porque, hoje, estou bem ciente de que a minha rotina não é própria para um super-resultado, mas foi a mesma rotina que me levou a uma final de Campeonato Mundial em 2017 e 2018. Não é uma rotina ruim ou fraca, mas, para os meus padrões, é longe do que eu já fiz. E, neste momento, não me vejo participando da seletiva.

E quais são suas expectativas para a seleção brasileira nas Olimpíadas do Japão? Você acredita em possibilidade de medalha?
Acho que o revezamento 4×100 livre é um candidato a subir ao pódio, assim como o 4×200 livre, os dois no masculino. O 4×100 medley é aquela coisa: acho que, depois que entra na final, qualquer um está ali para fazer uma grande prova e pegar medalha. É um caminho, para mim, um pouco mais difícil. Mas acho que, na história da natação do Brasil, hoje a gente tem o melhor revezamento possível. Então, eu diria que esses três revezamentos estarão na final, os três no masculino, e o 4×100 eu vejo com possibilidade de medalha maior. E hoje eu diria que o Bruno [Fratus], nos 50 livre, também está bem ranqueado para brigar por medalha.

Recentemente, você foi eleito o melhor nadador brasileiro da última década no Troféu Best Swimming. Como foi ganhar esse prêmio?
Fico muito feliz. Esse tipo de reconhecimento, títulos que a gente acaba ganhando e homenagens são coisas que não fazem parte dos nossos pensamentos. A gente só está querendo nadar mais rápido, ganhar os torneios. Então, ganhar esse tipo de homenagem é muito legal, muito mais do que eu imaginei para a minha carreira. Eu espero que a galera da região aí, de Santa Bárbara, Americana, Limeira, veja que um cara saiu daí e fez tudo que fez. Então, por que não eles fazerem igual também?

Em 2018, você chegou a dizer que a continuidade de sua carreira dependeria do seu desempenho em cada temporada. Ainda pensa dessa forma ou mudou de opinião?
Naquele momento, eu estava me referindo mais a resultados de altíssimo rendimento, de Campeonato Mundial, Jogos Olímpicos… Naquele momento, eu não me via repetindo aquela rotina para chegar aonde eu já tinha chegado. Eu já havia conquistado tudo que eu queria, já tinha todas as medalhas que eu sonhei na minha carreira, e o Instituto [Cesar Cielo] vinha crescendo muito. Aí comecei a pensar mais em como ajudar fora da piscina. Mas parar de competir, parar de treinar, acho que não vou fazer isso nunca. Agora, seleção brasileira, em altíssimo rendimento, é uma coisa que acabou ficando um pouco mais distante e não faz parte das minhas prioridades hoje.

Você ainda mantém uma relação próxima com Santa Bárbara mesmo morando no Sul? Costuma visitar a cidade com frequência?
Sim, sim. Fui passar um aniversário aí no comecinho de janeiro e continuo tendo uma boa relação, desde o começo, com o ex-prefeito, o Denis [Andia]. Criamos um vínculo bem legal nesses dois mandatos dele, a gente se fala direto por WhatsApp. E a gente tentou, juntos, fazer acontecer a piscina [pública] em Santa Bárbara, mas acabou que, ainda no mandato dele, não conseguimos, mas o sonho continua. E meus amigos e minha família estão aí. Então, a cada dois meses, pelo menos, estou aí.

Você tem acompanhado também a natação aqui da nossa região?
Eu tenho visto os nadadores que têm despontado um pouco mais, que são mais fáceis de acompanhar, como o [Murilo] Sartori, que é o nosso maior representante na região. Comparando com a minha época, hoje parece que é bem mais difícil, com bem menos equipes. As equipes estão menores também. Parece que a natação deu uma encolhida nesses últimos anos na região. Mas fico feliz que, mesmo dessa forma, a gente está, eventualmente, tendo grandes nadadores. Eu só torço para que as escolinhas voltem a aparecer. A gente ainda tem alguns nadadores talentosos aí porque as famílias sempre foram o grande diferencial. Acho que as famílias da região de Campinas são as que mais acompanham o nadador, desde os treinos até a competição, mas a gente precisa das escolinhas.

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