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Relíquia

Medalha conquistada pelo Rio Branco em 1923 resiste ao tempo

Medalha do primeiro título do Rio Branco resiste ao tempo e às trocas de dono; com 7 g de ouro, chegou ao atual proprietário como quitação de dívida

Por Rodrigo Alonso

24 de maio de 2020, às 08h11 • Última atualização em 24 de maio de 2020, às 09h42

Uma medalha conquistada pelo Rio Branco em 1923 resiste ao tempo apesar de ter passado por diferentes mãos nesses 97 anos. Ela foi usada, cerca de 30 anos atrás, para quitação de uma dívida e, antes, teria sido encontrada no antigo terminal urbano de Americana.

Fruto do primeiro título da história riobranquense, o objeto, que tem quase 7 gramas de ouro 18 quilates, agora pertence ao aposentado José Valter Galbieri, de 77 anos. “É uma relíquia”, diz.

Medalha traz o nome do jogador Braga, autor de um dos gols do título conquistado pelo Tigre – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

O Tigre conseguiu essa medalha ao vencer o Campeonato do Interior de 1922, que terminou no ano seguinte. Na decisão, a equipe derrotou o Taubaté por 2 a 1, com gols de Braga e Fructuoso.

Não há nenhum jogador vivo daquele elenco. O último sobrevivente foi Braga, que morreu em 1995, aos 93 anos, no Lar São Vicente de Paulo de Americana. Curiosamente, é o nome dele que está escrito na medalha de José Valter.

Na época de sua morte, o ex-atleta não tinha nenhum laço familiar em Americana. Também não existe registro de familiares no asilo, assim como nenhuma informação sobre o que teria acontecido com sua medalha.

Familiares dos outros ex-jogadores campeões também não têm a medalha do torneio de 1922.

José Valter recebeu o objeto de um colega de trabalho que devia dinheiro a ele. “Eu nem lembrava mais o valor [da dívida]. Minha mulher falou que era 400. Não sei se era real naquele tempo ou se era cruzado”, conta.

Braga foi autor de um dos gols do título conquistado pelo Rio Branco – Foto: Arquivo / O Liberal

Segundo o aposentado, esse amigo justificou que tinha encontrado a medalha no terminal. José Valter, hoje, tenta imaginar como alguém poderia ter perdido essa raridade. “Pode ser uma pessoa de idade. Sei lá. Pode ser que alguém carregava e a corrente quebrou, aí caiu”.

O item ficou guardado por todo esse tempo e, recentemente, virou assunto na família de José Valter. O aposentado pretendia derreter a medalha para fazer uma aliança para sua esposa, mas seus filhos pediram para ele repensar essa ideia, por se tratar de um item de coleção.

“Na hora que eu li atrás, falei: ‘Nossa, pai! É do Rio Branco’. Falei que isso daqui, para um colecionador, tem um valor enorme”, afirma Rosana Galbieri Barbosa, de 52 anos, filha de José Valter.

Conquista

Ao todo, 14 atletas foram premiados com a medalha: Alfredo Vitta, Raphael Vitta, Paschoal Vitta, Aristides Pisoni, Luiz Fructuoso, José Conegundes (Carabina), João Oliveira Netto (Carrinho), João Cibin, Aurélio Cibin, Vergílio Braga, Alberto Machado, Augusto Américo, José Bortolato e Benedito Penteado (Ditinho).

Aquele Campeonato do Interior era organizado pela Apea (Associação Paulista dos Esportes Atléticos), entidade que também realizava o Campeonato Paulista da época. O Rio Branco é o único bicampeão do torneio, com os títulos de 1922 e 1923.

O vencedor enfrentava o campeão do Paulista. Nos dois anos, o Tigre encarou o Corinthians e perdeu ambos os jogos, por 5 a 0 e 2 a 1, respectivamente nessa ordem.

Podcast Além da Capa
Solidariedade e apoio aos necessitados marcam a luta contra o novo coronavírus (Covid-19) nas periferias da RPT (Região do Polo Têxtil). O LIBERAL visitou moradores do acampamento Roseli Nunes e da favela Zincão, em Americana, e da ocupação Vila Soma, em Sumaré, e observou como eles se unem para enfrentar as dificuldades provocadas pela pandemia. Nesse episódio, o editor Bruno Moreira recebe o repórter André Rossi, que esteve nas comunidades, para repercutir essa apuração.

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