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Esportes da região

‘Falta pouco para eu estar nos Jogos’, afirma Felipe Bardi

Melhor do continente em 2020, velocista americanense acredita estar próximo das Olimpíadas de Tóquio, no próximo ano, e fala até em possibilidade de medalha

Por Rodrigo Alonso

27 de dezembro de 2020, às 09h09 • Última atualização em 30 de junho de 2021, às 18h00

Bardi teve, literalmente, uma temporada de ouro no atletismo - Foto: Marcelo Rocha - O Liberal.JPG

Líder do ranking sul-americano de 2020 nos 100 metros rasos, o velocista americanense Felipe Bardi acredita estar próximo dos Jogos Olímpicos de Tóquio, marcados para o próximo ano. Em entrevista ao LIBERAL, ele falou até em possibilidade de medalha.

Bardi teve, literalmente, uma temporada de ouro no atletismo. O atleta de 22 anos foi campeão, inclusive, de um torneio nacional adulto: o Grande Prêmio Brasil, nos 100 metros rasos.

No Troféu Brasil, principal competição da modalidade no País, ele ficou em segundo lugar na final, atrás de Paulo André Camilo de Oliveira. Porém, nas semifinais, o americanense estabeleceu o melhor tempo do ano no continente: 10s11.

Em 2021, ele buscará o índice olímpico dos 100 m, que é 10s05. Bardi correu abaixo desse tempo duas vezes neste ano, durante o Campeonato Paulista, com 10s03 e 10s04, mas as marcas não foram homologadas porque o vento estava acima do limite.

O velocista começou a correr aos 8 anos, em Americana, e agora treina no Sesi São Paulo, em Santo André, com o técnico Darci Ferreira da Silva. Nas competições, ele também representa a Marinha.

Felipe Bardi conversou com o LIBERAL nesta semana, na pista de atletismo do Centro Cívico, em Americana – Foto: Macelo Rocha – O Liberal.JPG

O LIBERAL. Como você avalia sua temporada?
O ano começou bem, comecei correndo bem, fiz três provas excelentes. Depois, começou a pandemia. Tive de adaptar meus treinos, tive de treinar em casa, estava levantando saco de arroz, correndo na rua, correndo amarrado em casa. Mas eu vi uma luz no fim do túnel. Depois que eu voltei para Santo André, comecei a treinar devagarzinho, meio período, treinava longe de todos. Quando a gente soube que ia ter as competições mesmo, comecei a treinar já pensando nessas competições e pensando em fazer o índice olímpico. A minha ideia era já ter feito o índice olímpico neste ano. Mas, se Deus quiser, acredito que no ano que vem vai sair.

Você se sente próximo de uma vaga olímpica nos 100 m? Até levando em consideração que você já conseguiu o índice, mas a marca não foi computada por causa do vento.
É complicado falar, mas eu já me sinto um atleta olímpico. Estou com a cabeça muito boa, acredito mesmo que eu posso estar nesses Jogos, agora mais perto ainda por ter corrido essas marcas. Acredito que tenho chances reais de não só competir nos Jogos, mas, quem sabe, conseguir uma medalha.

E como é lidar com essa possibilidade de disputar, pela primeira vez, uma Olimpíada?
Sempre tem aquela ansiedade de querer que as coisas aconteçam o mais rápido possível, aquela pressãozinha. Mas eu tenho de saber lidar com isso, porque são 100 metros, a gente não posso errar. E, nessa corrida, se eu errar, posso ficar fora de tudo. Acho que são detalhes. Acho que falta bem pouco para eu estar nos Jogos.

O Brasil foi campeão mundial dos 4×100 m em 2019 e tem reais chances de medalha olímpica nessa prova. Como você avalia o atual momento dos velocistas brasileiros?
A nossa prova está numa crescente muito legal. Há uns três, quatro anos, o Brasil vem se despontando nas provas de velocidade. A gente tem de oito a dez atletas que estão correndo muito bem, todos têm chances reais de estarem nos Jogos. O Brasil tem uma geração jovem. Tanto eu quanto o Paulo André têm 22 anos. E a nossa rivalidade é uma coisa muito legal. A gente tem aquela rivalidade sadia, a gente se conversa. Já competimos todos os Mundiais de categorias de base, na seleção brasileira. Acho que a gente está fazendo um novo Brasil na prova dos 100 m, e o Brasil só tem a ganhar com isso. E estou muito feliz por este momento da nossa prova dentro do Brasil e no mundo.

Uma pergunta que eu ouço bastante é: “Quando um brasileiro vai abaixar a marca dos 10 segundos?”. Vocês costumam falar sobre isso na seleção? Existe uma expectativa com relação a isso?
Sim, a gente sempre fala: “Vai dar 9s99”. Espero que dê abaixo, a gente está trabalhando para isso. Todos os velocistas da seleção pensam em correr abaixo de 10s. E acredito que, quando algum atleta correr com o tempo válido, vai vir o bonde todo correr nos 9s. Este ano foi um pouco complicado. Mas, no ano que vem ou no próximo, vai ter coisa boa, e acredito que uns cinco atletas vão correr na casa dos 9s.

Individualmente falando, qual você acha que foi o seu diferencial para ter este sucesso no esporte?
Nunca deixei de acreditar que eu poderia chegar. Sempre sonhei em ser atleta olímpico, sempre sonhei em ganhar Brasileiro, em ganhar Troféu Brasil, e sempre fiz as coisas com amor. Eu amo correr, meu vício é correr. Eu gosto de ganhar. E nunca deixei de acreditar em mim mesmo, no trabalho dos técnicos, da equipe, do time Sesi.

E você tem um objetivo final para a sua carreira?
Eu não quero só ir para os Jogos. Acho que é o sonho de todo atleta ter uma medalha olímpica, quem sabe ser um medalhista de ouro, ser um campeão olímpico. Mas eu faço isso com muito pé no chão. Entendo que tem muito trabalho a ser feito. Vamos pensar primeiro em estar nos Jogos, quem sabe numa final olímpica, depois pensar em medalha, depois pensar em ganhar uma Olimpíada. Mas acredito que eu tenho potencial, que eu tenho talento. Sou um atleta jovem. Todo mundo fala ainda que eu tenho muito o que melhorar, e isso é bom. Estar correndo entre os melhores acho que já é um grande passo.

Confira a entrevista na íntegra:

https://liberal.com.br/wp-content/uploads/2020/12/Felipe-Bardi.mp3

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