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Esporte

Chefe da WTA diz que suspensão de torneios na China poderia ir além de 2022

Por Agência Estado

02 de dezembro de 2021, às 10h24 • Última atualização em 02 de dezembro de 2021, às 11h48

Presidente e CEO da Associação do Tênis Feminino (WTA, na sigla em inglês), Steve Simon afirmou que a suspensão dos torneios chineses, em retaliação à situação da tenista Shuai Peng, poderá ir além de 2022. A entidade vetou as competições na China no calendário enquanto não houver transparência na investigação no caso da duplista.

“Temos esperança de chegar ao lugar certo, mas estamos preparados para o caso de a situação não mudar – e a situação não está produtiva até agora – e não vamos estar operando na região”, declarou Simon, em entrevista à agência de notícias The Associated Press. “Este é um esforço da nossa organização e que trata sobre o que é certo e o que é errado.”

Simon reforçou que a decisão de tirar provisoriamente os torneios chineses do calendário, incluindo Hong Kong, contou com apoio do Conselho de Diretores da WTA, das tenistas, dos demais torneios e dos patrocinadores. Trata-se da maior demonstração de força feita por uma entidade esportiva contra a China.

“Nossa abordagem neste assunto e nossa demanda às autoridades são legítimas e vamos seguir com elas. Nós realmente queremos ter uma conversa com Peng e saber, num ambiente confortável, se ela realmente está segura e livre e se não foi censurada, intimidada ou algo do tipo”, declarou Simon.

“Ainda não tivemos a oportunidade de ter essa conversa para termos a tranquilidade de saber que o que estamos vendo não está sendo orquestrado até agora. O segundo elemento nesta história é que queremos uma completa e transparente, sem qualquer nível de censura, investigação quanto às alegações que ela fez.”

A China costuma receber 10 torneios do circuito feminino por ano, incluindo o WTA Finals, o mais importante depois dos Grand Slams. A competição, que reúne as oito melhores tenistas e duplas da temporada, vem sendo disputada em solo chinês há uma década. E costuma ser uma poderosa fonte de renda para a WTA.

De acordo com o jornal americano The New York Times, o circuito, tanto masculino quanto feminino, já perdeu cerca de US$ 30 milhões em premiação com o cancelamento dos torneis no país asiático em razão da pandemia de covid-19. A China não sedia uma competição de tênis do circuito desde janeiro de 2020.

Somente o WTA Finals, realizado em 2019 na cidade de Shenzhen, vem batendo recordes de premiação. Naquela edição, foram distribuídos US$ 14 milhões às atletas. A campeã, a australiana Ashleigh Barty, embolsou US$ 4,42 milhões, maior premiação para um torneio de tênis na história até hoje.

O presidente da WTA afirmou que as competições no país não foram canceladas e poderão ser retomadas, desde que a China mostre transparência na investigação. “Mas estamos preparados para chegar a este ponto. Poderá ser apenas em 2022? E quanto ao futuro? São perguntas que vamos responder assim que possível.”

ENTENDA O CASO – Ex-número 1 do mundo nas duplas e campeã de Grand Slam, Shuai Peng denunciou o ex-vice-primeiro-ministro da China, Zhang Gaoli, de 75 anos, por suposto abuso sexual numa publicação na Weibo, rede social chinesa equivalente ao Facebook, fortemente fiscalizada pelo Partido Comunista Chinês, no dia 2 de novembro. Poucos minutos depois, todos os seus posts foram derrubados e o termo “tênis” foi censurado da plataforma, assim como os nomes da tenista ou de Zhang.

A agressão teria ocorrido em 2018, segundo Peng. Ela teria sido coagida pelo político, casado, a fazer sexo. A tenista conta que resistiu e chorou antes de acabar cedendo. Nos três anos seguintes, ambos viveram um caso extraconjugal descrito como “desagradável” pela jogadora de 35 anos. Na publicação, a tenista disse que não poderia apresentar evidências que sustentassem sua afirmação pois a relação de ambos era muito restrita.

Peng e Zhang se começaram a se relacionar em 2011, quando se conheceram em Tianjin. Segundo a tenista, eles tiveram uma única relação, consensual, no decorrer daquele ano. Ela dá a entender também que houve uma segunda relação pouco antes dele ser promovido e se ver obrigado a cortar relações com a atleta.

Após a denúncia, Peng desapareceu das redes sociais e a WTA não conseguiu entrar em contato com ela. Foram três semanas de silêncio até que a canais de comunicação estatais da China começaram a publicar fotos e até vídeos dela em casa. As publicações não convenceram a WTA e demais entidades.

Nem mesmo a entrevista, por videoconferência, feita pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, tranquilizou a comunidade do tênis. Na conversa, Bach não tratou da denúncia de abuso sexual. Numa segunda conversa por vídeo com o COI, a situação se repetiu. E a WTA seguiu pedindo “provas verificáveis” de que a tenista estava bem, ganhando o apoio da ONU e da União Europeia.

Peng se tornou uma referência do esporte na China depois de conquistar, em parceria com a taiwanesa Hsieh Su-wei, os torneios de duplas de Wimbledon, em 2013, e de Roland Garros, no ano seguinte. Após a vitória em Paris, as duas permaneceram 20 semanas na liderança do ranking mundial de duplas. No mesmo ano, Peng também conseguiu o melhor resultado em um Grand Slam de simples ao alcançar as semifinais do US Open.

Em sua carreira, ela conquistou 23 torneios de nível WTA em duplas e dois em simples, com uma premiação de quase US$ 10 milhões. Atualmente, Peng é a tenista número 191 no ranking de duplas e não disputa um torneio WTA desde o Torneio do Catar, em fevereiro de 2020, pouco antes da pandemia interromper as competições durante quase cinco meses.

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