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Esporte

Brasil supera 70 estrangeiros na Série A, mas número ainda é o menor em 5 anos

Por Agência Estado

13 de setembro de 2021, às 11h32 • Última atualização em 13 de setembro de 2021, às 12h35

A quantidade de estrangeiros atuando na Série A do futebol brasileiro ultrapassou a marca de 75 jogadores, mas ainda é o menor dos últimos cinco anos, de acordo com dados do site Transfermarkt. Até o momento, 75 atletas de outros países atuam na elite nacional. Em 2020, foram 84, com alguns de menor qualidade. Em 2019, eles eram 76. Em 2018, 78. Em 2017, havia no País 77 atletas de outras nacionalidades. E em 2016, eram 79. O número desta temporada é superior ao de 2015, quando 57 estrangeiros passaram por aqui.

Um dado que chama a atenção é o número de colombianos desta temporada. Eles são 18 no total. Desde 2006, essa é a primeira vez que atletas vindos da Colômbia superam os da Argentina, atualmente com 13 em solo brasileiro. Dos 20 clubes da elite nacional, 14 possuem jogadores colombianos. O Bahia tem dois deles, assim como Ceará, Grêmio e Juventude. Há ainda jogadores do país vizinho no América-MG, Atletico-PR, Atlético-MG, Cuiabá, São Paulo, Sport, Internacional, Corinthians, Red Bull Bragantino e Fluminense.

Nos últimos dias, por exemplo, o Athletico-PR trouxe o zagueiro colombiano Nicolás Hernández, ex-Atlético Nacional. O centroavante Borja deixou o Palmeiras e foi para o Grêmio. Ele é um dos destaques da seleção nacional. O Cuiabá anunciou a contratação do meia Yesus Cabrera, ex-América de Cali. De acordo com o vice-presidente do clube, Cristiano Dresch, as oportunidades de negócios com profissionais de fora são atrativas tanto financeiramente quanto tecnicamente.

“O mercado sul-americano se tornou uma ótima fonte e alternativa de captação de atletas. Estamos vendo um número cada vez maior de jogadores brasileiros saindo muito cedo do país, com 17, 18 anos, e ter essa possibilidade de encontrar bons jogadores na Argentina, Uruguai e Colômbia é muito bom. Conseguimos encontrar bons valores, de muita qualidade técnica, em condições financeiras interessantes para uma Série A”, disse.

Em relação aos colombianos, há uma comparação do estilo de jogo praticado lá com o do futebol brasileiro. “Acho que isso tudo se passa pela qualidade técnica e pelo perfil de jogo que os colombianos têm e que agrada ao futebol brasileiro. Sem dúvida, o mercado sul-americano é hoje mais fortalecido, passa a ter muitos atrativos para que os atletas continuem por aqui e cada vez mais consolidados”, aponta Júnior Chávare, gerente de futebol do Bahia, que tem no elenco o colombiano Hugo Rodallega e o argentino Lucas Mugni.

Vale destacar um hiato neste período. Em 2013, ao lado do presidente Fabio Koff, então diretor-executivo do Grêmio, Rui Costa, atualmente no São Paulo, foi quem protocolou junto à CBF o pedido para aumentar o número de estrangeiros em campo, de três para cinco. A lei atual permite que os clubes brasileiros tenham até cinco atletas estrangeiros. No Rio Grande do Sul, sempre foi uma tradição contratar estrangeiros.

“O mercado sul-americano cresceu esportivamente e o Internacional sempre foi um celeiro de atletas vindos de países vizinhos. Atualmente, temos profissionais de cinco nacionalidades diferentes em nosso grupo e não creio que isso aconteça apenas pela questão financeira ou pelo leque maior de opções que temos na América do Sul, mas muito mais pelo crescimento técnico e o quanto isso pode representar em termos de resultados dentro e fora de campo”, opinou o presidente Alessandro Barcellos. O argentino D’Alessandro, por exemplo, fez sua carreira no Colorado e é tido como um dos principais atletas que passaram pelo clube nos últimos anos.

A opinião é corroborada pelo presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, que também abriu suas portas para estrangeiros sem, no entanto, atrapalhar o desenvolvimento das bases. “Acho muito válida essa miscigenação. Já está claro que podemos ter bons jogadores no Brasil; tanto argentinos, colombianos e chilenos quanto uruguaios e por aí vai. Podemos lembrar rapidamente do Soteldo e do Savarino. Então, muito clubes hoje já entendem a operação, tem relacionamento com clubes de outros países da América do Sul, e isso facilita nesse intercâmbio e troca esportiva”, explicou.

Marcelo Segurado, que foi executivo do Goiás e também do Ceará, formado em sociologia e geografia, entende outros fatores para esse aumento de colombianos no país pela primeira vez desde 2016. “Dentro de um contexto que se mistura, o futebol brasileiro nos últimos anos vem crescendo muito em relação a jogadores de potência, que tem velocidade e força. Essa dinâmica de velocidade e força leva a um resultado que chamamos de potência ou intensidade, e o futebol caminha muito para isso. O futebol brasileiro é originalmente formador de jogadores mais cadenciados, mais técnicos, principalmente nossos atacantes. Quando você vai no futebol colombiano, até mesmo no equatoriano, você vai ver jogadores com esse perfil de potência (velocidade e força), então é um fator que pode ser levado em consideração”, analisou.

O futebol inglês, o melhor da Europa, se vale muito da velocidade de seus atletas de frente. É muito comum ver em seus jogos ataques e contra-ataques o tempo todo, e com poucos toques na bola. A velocidade pelas pontas têm sido uma opção desses clubes para chegar com mais perigo ao gol rival, pegando defesas desorganizadas ou com menos atletas em formação.

O advogado especializado Eduardo Carlezzo, sócio do Carlezzo Advogados, escritório que tem assessorado juridicamente nos últimos meses as transferências de Matias Lacava (Academia Puerto Cabello para Santos), Carlos Palacios (União Espanhola para Internacional), Eduardo Vargas (Tigres para Atlético Mineiro), Cesar Pinares (Universidad Católica para Grêmio) e Benjamin Kuscevic (Universidad Católica para Palmeiras), vê a potencialidade do Campeonato Brasileiro como um atrativo para os estrangeiros.

“Os jogadores sul-americanos querem atuar no Brasil. Há um interesse claro em disputar essa competição, seja pelo nível de jogos, superior aos demais países do continente, seja pela estrutura dos clubes, dos estádios e, também, pelos salários mais altos. No âmbito do continente americano, o Brasil, tradicionalmente, concorre com os clubes mexicanos na busca pelos melhores talentos da região. Essa concorrência, neste ano, ficou ainda mais forte, pois os clubes dos Estados Unidos passaram a abrir os cofres e estão gastando altas quantias no mercado de transferências também”, disse.

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