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Transporte

Taxistas tentam sobreviver na profissão na era dos apps

Com entrada de aplicativos no mercado de transporte, taxistas têm queda drástica de faturamento e cobram limite de concorrentes

Por Rodrigo Pereira

28 de junho de 2019, às 07h21 • Última atualização em 28 de junho de 2019, às 07h24

“Meu amigo, é meio-dia. Vocês são os primeiros passageiros meus e ainda estou fazendo a corrida de graça porque é uma reportagem. Você acha que melhorou ou piorou?”.

A indagação é do taxista Antonio Aparecido dos Santos Costa, que está há 18 anos no ramo e hoje atua no ponto da Avenida Cillos, em Americana.

Não apenas ele, como outros profissionais da área relataram ao LIBERAL queda significativa no número de viagens e do faturamento desde o início da operação dos aplicativos.

Há 27 anos na profissão, João Balbino afirma que “a situação é dramática e deprimente”. Ele conta que já chegou a realizar 22 corridas em um único dia.

“Hoje é três, quatro corridas quando você consegue fazer”, lamenta ele, que atua no ponto em frente à Igreja “Matriz Velha” de Americana, e também é membro da diretoria do sindicato dos taxistas da cidade.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Taxista João Balbino pede leis que estabeleçam limites e permitam que taxistas possam se manter na profissão

“Em termos de faturamento, eu posso te afirmar que houve uma queda, no meu caso, de 70%. Hoje, não tenho vergonha de falar, é muito triste dizer isso, mas eu tenho contas que não estão sendo pagas por falta de renda”, revela.

Claudinei Trochi, que é taxista há 22 anos e também atua no ponto da Matriz, relata que um dia antes da entrevista ficou uma tarde inteira sem conseguir um único cliente.

“Eu entrei aqui eram 13h e fui embora às 18h20. Eu nunca, de 20 e tantos anos que eu tenho de táxi, tomei uma canseira tão grande de ficar aqui no ponto esperando um cliente”, lamenta.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Claudinei Trochi diz que nunca viu situação tão ruim em 20 anos como taxista em Americana

Taxista desde 2012, Francisco Santana também afirma que teve uma queda de até 70% de seu faturamento com o início da atuação das viagens por aplicativos.

“Tinha mês que a gente fazia R$ 8 mil, R$ 10 mil. Agora, tem mês que cai para R$ 4 mil, R$ 3 mil. Hoje, pra mim, não faz diferença mudar ou não mudar mais porque, para o táxi, pior do que está não fica”, revela ele, que tem uma jornada diária de dez horas e atua no ponto da Câmara de Americana.

Estratégias

Os motoristas do setor contam que têm buscado estratégias de sobrevivência. A medida mais recente foi a adoção do aplicativo Four Taxis, que oferece 20% de desconto na corrida e começou a operar em Americana no último dia 8.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Ezequias de Carvalho, presidente da ATA, afirma que taxistas dependem de contratações de corridas por parte de empresas

“Eu tinha uma meta de faturamento e, às vezes, superava. Era de R$ 200 ao dia. Eu sempre cumpria ela todo dia, e depois do aplicativo não cumpro mais. Só que eu tenho algumas fidelidades. Tenho alguns clientes que me chamam por causa do atendimento, me conhecem há muito tempo”, afirma Antonio.

“Hoje, os taxistas de Americana não vivem muito da corrida de rua. Basicamente, dependem das [corridas para] empresas. Elas pagam pelo taxímetro. É pela questão da segurança do passageiro, o táxi tem seguro, eles fazem contrato, o motorista é conhecido pela empresa. Se ela pegar motorista de aplicativo, todo dia vai ter um diferente lá”, diz o presidente da ATA (Associação dos Taxistas de Americana), Ezequias Pereira de Carvalho.

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