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Sexagenário

Ponto de encontro de políticos e da galera do ‘rolê’

Mercadão é cenário para discussões sobre os rumos administrativos da cidade e para a turma da balada

Por Valéria Barreira

19 de julho de 2019, às 07h59 • Última atualização em 19 de julho de 2019, às 14h59

A tradição do Mercadão não está só em andar por ali, olhar as bancas e comprar algo para levar para casa. Seu espaço na história de Americana também vem do fato de ser um ponto de encontro ou simplesmente de passagem, para tomar um café antes de ir trabalhar ou no final da madrugada, para comer um pastel após a balada. As duas situações expressam um costume que já dura gerações e inclui de velhos políticos à galera do “rolê”.

A comerciante Juliana Pompeo é dona da Pastelaria Tradição. A lanchonete fica no espaço antes ocupado pelo conhecido Bar do Nego, que nos anos 70 concentrava o encontro entre políticos e populares que se reuniam ali pelas manhãs. “Nossos clientes são tradicionais e com muitos já estabelecemos até uma relação de amizade”, conta ela.

Foto: Marlon Oliveira / O Liberal
Corredor externo é ponto de encontro para se tomar um café ou comer um pastel no Mercadão

Lucas Guarnieri trabalha na popular Pastelaria do Chico. Assim como as outras pastelarias da galeria externa do Mercadão, ela abre as portas antes de o sol nascer nos finais de semana para atender o público que elegeu o local para terminar a noite.

Por volta das cinco horas da manhã, já existe gente circulando por ali. “As pessoas passam aqui depois da balada. Durante a Festa do Peão, por exemplo, é uma loucura”, cita o jovem, completando que durante a semana é comum empresários e políticos começarem o dia pelo Mercadão.

“Hoje mesmo o Erich passou por aqui”, conta Lucas, em referência ao ex-prefeito Erich Hetzl Junior, que governou Americana entre 2003 e 2008. A relação dos políticos com o local é antiga. O comerciante João Evangelista Machado é um dos mais antigos do Mercadão e lembra dos que circulavam por ali.

O Mercadão em fotos:

“O Najar [ex-prefeito Abdo Najar] era assíduo. Passava praticamente todo dia de manhã para tomar um cafezinho e perguntava ‘o que tem de novo para eu saber?’”, lembra o comerciante, citando também nomes como Carroll Meneghel, Waldemar Tebaldi e Abrahim Abraham, o fundador do espaço. “Pouco antes de morrer, ele ainda podia ser visto com frequência aqui”, diz.

O ex-deputado Antonio Mentor também tem uma relação afetuosa com o local. Durante mais de 30 anos, ele fez parte do grupo formado por políticos, empresários e populares que frequentava assiduamente o espaço. Alguns diariamente, outros mais aos finais de semana. “A gente tinha o hábito de chegar ali umas sete horas para tomar um café e discutir um pouco a vida”, lembra.

Na pauta das rodas de conversa temas como futebol, negócios, pescaria, política e cotidiano. O grupo era multipartidário e a pluralidade de ideias era dominante. “Era bem democrático. Não havia seleção partidária. Qualquer um chegava e participava das conversas”.

O trânsito em Americana, já naquela época, era algo sempre debatido nesses encontros. “A gente estava no Centro, ao lado do Viaduto Amadeu Elias, e o trânsito ali sempre virava tema das conversas”, diz Mentor, citando que a construção do terminal metropolitano ao lado do Mercadão foi um dos temas que gerou polêmica entre os frequentadores. “A gente até tomou algumas iniciativas para evitar que ele fosse construído ali, mas infelizmente não conseguimos impedir”.

Há um ano e meio, o ex-deputado deixou de frequentar diariamente o espaço. Atualmente, ele divide seus dias entre Americana e São Paulo, mas sua ausência se justifica por algo que tem a cara do local. “Comecei a fazer uma dieta sem glúten e não tem como ir lá e não comer um pastel”, brinca.

As lojas do Mercadão


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