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Sexagenário

Mercadão: um lugar de histórias em Americana

Confira episódios que fizeram do Mercado Municipal de Americana um pedaço da memória dos moradores da cidade

Por Valéria Barreira

19 de julho de 2019, às 08h36 • Última atualização em 19 de julho de 2019, às 09h57

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Ivanete e seu amor

Depoimento de Ivanete Coelho de Souza Correa da Silva, diarista

Há oito anos conheci meu marido pela internet. Nosso primeiro encontro foi no Mercadão. Eu queria um lugar que fosse bastante conhecido. Eu era de Nova Odessa e já conhecia o Mercadão porque havia estado várias vezes por lá. Então, marcamos de nos encontrar ali. Ficamos um tempo conversando lá na frente e, de repente, começaram a soltar fogos de artifício.

No começo ficamos sem entender o que estava acontecendo, mas depois soubemos que era o aniversário do Mercadão. Desde então, o local e a data – 19 de julho – se tornaram especiais para mim e para ele. Depois desse encontro, começamos a namorar e a gente sempre falava que, se pudesse, se casaria na frente do Mercadão.

Há um ano, oficializamos a nossa união e quando fomos escolher o dia, queríamos o 19 de julho, só que não conseguimos a data no salão e acabamos nos casando em maio. Estamos juntos há oito anos e temos uma filha, de quatro anos e meio. Toda vez que a gente passa em frente ao Mercadão não tem como não lembrar. Temos um carinho muito especial pelo lugar. Foi um marco para a nossa história. O Mercadão representa o dia em que conheci o amor da minha vida.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Rodrigo José

Depoimento de Rodrigo José, cantor e compositor

Minha história com o Mercadão vem desde a infância. Quando criança, sempre comprava doces numa loja que até hoje ainda funciona ali, mas o que mais me marcou foram as idas com a minha família para escolher um animal de estimação entre aqueles que eram doados no Mercadão. Isso gerou uma memória afetiva muito forte em mim. Todos os nossos animais de estimação vieram dali. Minha família sempre teve o costume de adotar um animal, nunca comprar.

Lembro da ansiedade que eu sentia quando ficava sabendo que iria lá escolher um animalzinho. Me vem à memória também a alegria e a emoção de escolher, pegar no colo e depois levar para casa. Cresci com isso, é uma coisa que carrego comigo e ainda hoje me sinto feliz indo lá. Tenho três filhos e o costume de adotar animais no Mercadão continua. A nossa cachorra – a Fubeca – veio do Mercadão e já apareceu em rede nacional no clipe “Eu Não Sou Cachorro Não”. Não podemos adotar todos, mas sempre que passo por ali com as crianças, paro o carro e vamos lá paquerar os animais. Lembro que o primeiro animal que eu adotei no Mercadão foi um gato preto.

Na época, a música Fuscão Preto estava no auge e demos esse nome para ele. Era um gato muito apegado a mim, vivia comigo, estava sempre por perto. Engraçado, que isso acabou gerando outra ligação da minha infância e o Mercadão com os dias atuais. Hoje, uma das músicas mais conhecidas que eu tenho é justamente uma versão de Fuscão Preto. Esse detalhe faz essa história ser ainda mais especial”.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Antonio Edson

Depoimento de Antonio Edson, locutor esportivo

Entre 1970 e 1975 eu tinha um programa na Rádio Clube de Americana [hoje, Rádio VOCÊ AM 580]. Fazia um programa sertanejo das quatro às sete da manhã. Naquela época, Americana fervia. As tecelagens estavam no auge, a todo vapor, e as pessoas saiam de casa às quatro horas para ir trabalhar. Como não existiam ônibus, era uma enxurrada de gente nas ruas e muitas com um radinho na mão. A emissora era a única da cidade, então eu falava para esse pessoal aí e comecei a popularizar o nome Mercadão.

Na época as pessoas se referiam a ele apenas como Mercado Municipal. Tinha um bar lá, o Bar do Nego, que todo dia de manhã pegava duas pessoas, na verdade dois ajudantes de caminhão que chegavam cedo e ficavam por ali esperando o bar abrir, e pedia para eles levarem na rádio uma garrafa de café com leite e dois lanches. Quando eles chegavam, eu fazia um oba-oba. Agradecia no ar e fazia um chamamento para as pessoas irem tomar café lá. Ao invés de falar Mercado Municipal, eu dizia Mercadão, que era mais popular. O nome pegou.

Lembro que o Nego deixava o rádio no volume alto e a turma toda lá ficava esperando eu falar no ar o nome do bar, era uma festa. As pessoas iam chegando, ficavam reunidas ali e o programa acabou virando uma atração no Mercadão.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Chico Sardelli

Depoimento de Chico Sardelli, ex-deputado estadual

Me lembro de pequeno, ter vivido com meus pais em uma casa antiga na Rua Anhanguera, pouco depois do Viaduto Amadeu Elias, a menos de 50 metros do Mercadão. Todos os dias, o fluxo de pessoas conversando e fazendo negócios ali me encantava. Aos domingos, meu pai me levava até lá. Eu era um garoto, tinha em torno de dez anos. Ele ia para fazer compras e rever os amigos, mas eu gostava mesmo era da mexerica.

Eu sempre o arrastava para uma banca de frutas e não sossegava enquanto não ganhava uma. Era o início da década de 60 e o Mercadão era um ponto de encontro. Lembro de famílias inteiras circulando por ali. Meu pai era muito dado, conhecia muitas pessoas e a gente encontrava todos os conhecidos, principalmente os italianos da colônia da qual ele fazia parte.

Eu gostava de observar os comerciantes conversando com seus clientes e os adultos usando chapéu. Difícil dizer qual foi minha loja favorita nestes anos como vizinho do Mercadão, mas não tem como negar que minha vida na infância tem muito a ver com esse lugar.

As lojas do Mercadão


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