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Sexagenário

Mercadão: seis décadas fazendo parte do cotidiano de Americana

Desde a inauguração do prédio na gestão do prefeito Abrahim Abraham, em 19 de julho de 1959, o espaço é ponto de encontro tradicional da cidade

Por Valéria Barreira

19 de julho de 2019, às 07h32 • Última atualização em 19 de julho de 2019, às 15h00

Era um domingo pela manhã. Dezenove de julho de 1959. O centro de Americana estava em festa. A partir daquele dia sua paisagem não seria mais a mesma. O então prefeito Abrahim Abraham inaugurava o Mercado Municipal em localização estratégica, a poucos metros da estação da antiga Fepasa, ponto de referência numa época em que os trens de passageiros funcionavam a todo vapor.

Foto rara daquele momento, estampada dias depois na capa do LIBERAL, revela a Rua Anhanguera lotada de pessoas prestigiando a ocasião. O Mercado Municipal, que viria a ser conhecido apenas como “Mercadão”, fazia sua estreia na história da cidade como o local construído para dar abrigo aos feirantes da feira livre que funcionava naquele ponto. Longe da chuva e do sol, eles deram vida ao espaço inaugurado com 52 bancas. Todas ocupadas.

Foto: Foto Postal Colombo
Localizado na região central, o Mercado Municipal era ponto de charreteiros que vinham para carregar mercadorias

Sessenta anos depois e com apenas 16 pontos comerciais – onze internos e cinco externos – o local mostra sua força histórica e resiste aos anos. Sobreviveu à chegada dos supermercados, dos varejões e das hortas. Mas foi preciso se reinventar. Atualmente as pastelarias são maioria no local e já não há nenhum vestígio das verduras e nem das frutas que perfumavam e davam um colorido extra aos seus corredores.

Daquela época, restaram a nostalgia e a saudade de quem viveu o momento. A comerciante Luiza Padovani, de 94 anos, é a única remanescente dos feirantes que ainda está no local. Ela lembra de quando migrou da feira de rua para o Mercadão juntamente com o marido. Na época, ela tinha 34 anos e conta que a relação de cordialidade imperava no local.

“Todo mundo era amigo. Quando as mercadorias chegavam um ajudava o outro a descarregar. Se o cliente não encontrava mercadoria numa banca, a gente orientava em qual ele poderia achar”, narra Luiza.

O Mercadão em fotos:

O comerciante João Evangelista Machado era criança na época, mas frequentava o local. Seus pais, Antonio de Campos Machado e Ana Maria Toledo Machado, também migraram da feira de rua para o Mercadão com uma banca de verduras. “Depois da escola eu vinha para cá. Era muito movimentado, cheio de gente”, lembra.

Na época, as bancas eram bem menores que hoje e bem diversificadas. Tudo que hoje está nos supermercados se encontrava lá, mas com uma diferença. Os produtos não eram embalados. Os pequenos comerciantes vendiam grãos, farinhas, bolachas, óleo de cozinha. Tudo solto e por quilo.

Havia também queijos e leite trazidos de um sítio da região para serem vendidos ali. Os fregueses vinham de todas as partes da cidade para fazer compras e encontravam, inclusive, roupas e produtos comuns na época, como chapéus, botas masculinas, armarinhos e acessórios de tabacaria e barbearia.

Anexo

O Mercadão funcionou como um grande centro de compras onde se podia encontrar de tudo, até o início dos anos 70, quando o então prefeito Abdo Najar manteve no local apenas as bancas de produtos alimentícios.

Seis comerciantes – dois do ramo de miudezas, um de aviamento, dois de roupas e um de calçados – precisaram deixar o local. Eles foram abrigados em seis boxes construídos embaixo do Viaduto Amadeu Elias, em frente ao prédio do Mercadão.

Foto: Reprodução
O registro da inauguração, em 1959, em imagem que foi capa no LIBERAL da época

Um desses comerciantes era Fausto Amádio. Ele vendia miudezas em geral, como cutelaria, barbearia, pesca, caça, brinquedos. Seu filho, Jocil Amádio, lembra que a permanência dos comerciantes no novo local durou poucos anos.

A vibração causada pelos veículos provocava rachaduras nas paredes dos boxes. Então, em fevereiro de 1976, eles mudaram novamente de local. O prefeito Ralph Biasi, que sucedeu Najar, construiu a galeria que funciona até hoje ao lado do Mercadão. Só que ao invés de seis boxes, ele fez 14. Hoje, apenas dois comerciantes estão no local. Jocil é o único remanescente daquela época. Ele deu continuidade ao negócio do pai, mas se especializou em artigos para camping e pesca.

A galeria abriga também o Agropet Mineiro, que tornou-se ponto de encontro aos sábados e domingos, durante a tradicional feira de doação de animais, e ajuda atrair o público que busca o Mercadão como opção de passeio com a família aos finais de semana.

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