28 de março de 2024 Atualizado 15:12

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Transporte

Concorrência é ruim para motoristas de app

Com o crescimento do número de motoristas que ingressaram no ramo dos aplicativos, profissionais veem faturamento menor e jornada maior

Por Rodrigo Pereira

26 de junho de 2019, às 07h16 • Última atualização em 27 de junho de 2019, às 19h45

Pedro Pelizari é um pioneiro no transporte por meio de aplicativo em Americana. Começou a realizar esse tipo de serviço desde que ele apareceu na cidade, quando estava desempregado, em março de 2017.
Na época, chegava a realizar de 40 a 45 viagens em um dia. Hoje, são de 22 a 25, em uma longa jornada que vai das 7h30 às 22h, o que o leva a fazer um alerta a quem pensa em entrar para a profissão. “Hoje, se você me pedisse uma opinião, eu falaria pra você não entrar, porque não compensa nem a manutenção do seu carro”.

Pedro e outros motoristas de aplicativo ouvidos pelo LIBERAL afirmam que seu auge de faturamento já se foi e apontam como motivo um aumento no número de profissionais em atuação em Americana, o que teria levado a uma saturação do mercado.

“No começo, a diferença de valor era porque tinha muito dinâmico. O dinâmico é quando tem muita procura e pouco motorista. Por exemplo, uma viagem daqui [Avenida Brasil] para o Parque Gramado, que custaria em média R$ 10, R$ 12, se ela está no dinâmico vai para R$ 17, R$ 18, R$ 20”, afirma Victor Pelizari, filho de Pedro, que também atua no ramo.

Com base em grupos de WhatsApp que reúnem a categoria, eles estimam que entre Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste haja atualmente entre 500 e 700 motoristas atuando.

RENDA

Segundo a Uber, atualmente, no Brasil, 600 mil motoristas utilizam a plataforma diariamente para gerar renda. O número de motoristas na região não foi informado pela Uber e 99. A Divas Drivers começou a atuar na cidade em maio com 40 motoristas.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Victor e Pedro Pelizari: filho e pai trabalham nas vias da região

“Ganhar dinheiro com a Uber foi quando eles iniciaram. Hoje, a gente ganha o almoço pra comprar a janta. Trabalhamos de 12 a 14 horas pra conseguir se manter”, afirma Lilian Salvarani, de 38 anos, que se formou em Pedagogia, mas optou pela atividade pela falta de oportunidades na área.

“No início, a gente ganhava R$ 40 a hora, R$ 50 a hora. Hoje, a gente ganha R$ 10 a hora e olha lá. Num dia bom, a gente consegue ganhar uns R$ 20 a hora. Quando consegue, aí fica todo mundo feliz”, afirma Rosângela Nóbrega Ravaneli, de 35 anos, outra profissional do segmento.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
“Chamou acima de três quilômetros a gente não vai porque você pode pagar para trabalhar”, diz Reginaldo Franco Barbosa

Da tela do celular, ela mostra que em 20 viagens realizadas durante nove horas de um dia de trabalho, quando começou na profissão, faturou R$ 538. Já o relatório de um dia de 2019 mostra 15 viagens em 8 horas e 44 minutos de jornada, com ganho de R$ 164.

“Mas é relativo, porque tem dias que pegamos só corridas curtas. E tem dias que você pega corrida com viagem, que você ganha um pouco mais”, observa.

MARATONA

Luís Bardella, 56 anos, conta que hoje tem o dobro do rendimento que tinha no emprego anterior, como supervisor de vendas. No entanto, a jornada chega a 12 horas por dia e já foi de 15. “Meu recorde foi 27 horas, mas eu não faço mais isso. Foi um dia que eu faturei pra caramba também. Quando está muito bom você não consegue parar. A adrenalina está lá em cima”.

Publicidade