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Especial Educação

Foi preciso mudar para se adaptar à nova realidade

Professoras das séries iniciais adequaram o contato com alunos, alcançando principalmente o apoio de mães e pais

Por Isabella Holouka

13 de dezembro de 2020, às 11h01 • Última atualização em 13 de dezembro de 2020, às 11h28

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) surpreendeu o mundo em 2020 e forçou a comunidade escolar a se adaptar às mudanças. Um dos principais desafios foi estabelecer novas formas de contato com os alunos, de tal forma a permitir a continuidade do ensino mesmo que à distância.

Experiente na alfabetização, a professora Simone Luiza Almeida Silva, de 50 anos, precisou adaptar a pedagogia de ensino neste período de aulas remotas devido à pandemia do novo coronavírus.

A professora Simone Luiza Almeida Silva passou a gravar vídeos dirigidos aos pais para orientar os estudos das crianças – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Professora na EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Professor Jonas Corrêa de Arruda Filho, na Vila Margarida, em Americana, ela conta que as docentes das primeiras séries estavam acostumadas ao contato próximo com os alunos e se comunicavam com as famílias, em sua maioria, pelos cadernos de recados.

Com as aulas à distância, passaram aos grupos no WhasApp e tiveram que coordenar os pais na mediação necessária para a alfabetização.

“Eu amo ensinar as crianças a ler e escrever, olho para a carinha delas e já sei a fase de escrita e a mediação que eu preciso fazer para avançar. Mas à distância, e agora? Ninguém tinha a resposta”, lembra a professora da rede municipal há 19 anos, que passou a gravar vídeos dirigidos aos pais para orientar os estudos das crianças.

“As famílias deram bastante retorno, seguiram as recomendações e as crianças aprenderam a ler e escrever. Os pais nos enviam vídeos”, conta ela.

A professora Daisy Luci Patrocínio, de 45 anos, relata uma experiência semelhante com os estudantes do 1º ao 9ª ano do AEE (Atendimento Educacional Especializado), que é garantido aos estudantes com deficiência, TEA (Transtorno do Espectro Autista) ou superdotação.

Professora Daisy Luci Patrocínio buscou acolhimento aos pais e alunos – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Com experiência de 18 anos na rede municipal de Americana, atualmente na EMEF Jonas, ela conta que além de orientar as famílias com textos informativos sobre a pedagogia ou o método de ensino, adaptou as atividades para atender às diferentes necessidades dos 35 alunos que orienta.

“Eu tenho alunos no 1º ano que estão alfabetizados, mas também tenho alunos no 8º ano que não estão. Para toda atividade eu coloco vários níveis”, conta, ressaltando que o objetivo dos atendimentos complementares é o acolhimento à família e ao aluno.

Limitações
As professoras relatam dificuldade em estabelecer contato com uma porção de famílias. “Desapareceram, e levamos o material nas casas. [Os pais] disseram que estão fazendo, mas não dão nenhum retorno. É por conta do trabalho mesmo”, reflete Simone.

Mesmo aqueles que seguem as lições com empenho tiveram alguma perda neste ano longe das escolas. Em uma sala de aula, as trocas de conhecimento e os materiais diferenciados proporcionam uma aprendizagem mais enriquecedora.

“Com as famílias ficamos limitados aos livros. Não posso falar que foi um ano perdido, foi positivo, houve aprendizado, mas tivemos limitações”, analisa Simone.

Daisy interpreta que as famílias não desistiram da educação, mas tiveram uma série de obstáculos, desde o acesso à internet e equipamentos de informática até a resistência das próprias crianças, com dificuldades para
compreender a complexidade da situação.

Contudo, com o foco em manter o vínculo, ela aponta como ganho deste período o fortalecimento da comunidade escolar.

“Vimos a família mais unida e mais aberta para a gente, conversando e trocando situações, começaram a entender melhor os filhos. Tivemos ganhos em aprendizagem e desenvolvimento. Nos acertamos no dia a dia e está dando certo nosso trabalho”, opina a professora.

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