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Transporte

Apps criam nova era e ganham preferência do público

Passageiros, motoristas, taxistas, poder público e especialistas: LIBERAL mapeia a transformação trazida pelos aplicativos à forma de se locomover

Por Rodrigo Pereira

25 de junho de 2019, às 07h51 • Última atualização em 01 de julho de 2019, às 07h06

São 15 horas de uma quinta-feira e a motorista Rosangela Nóbrega Ravaneli, de 35 anos, recebe uma chamada em um aplicativo para uma corrida do Hospital Unimed, na Avenida Brasil, em Americana, para o Higa Atacado, na Avenida Santa Bárbara, em Santa Bárbara d’Oeste.

A passageira é a operadora de caixa Valquíria dos Santos, de 39 anos, que foi à unidade de saúde visitar sua filha recém-nascida e, agora, segue para seu serviço. Ela passou a gastar menos com transporte quando trocou o táxi pelo aplicativo e se sente mais segura do que quando usa ônibus.

Já Rosângela vive das corridas que realiza por aplicativos, chega a passar de 30 viagens realizadas por dia, mas viu seu faturamento despencar de R$ 50 para R$ 10 a hora conforme o número de motoristas foi aumentando na cidade, mesmo chegando a quase 10 horas de trabalho em um dia.

E não esconde: vive uma rotina de insegurança em meio a diversos casos de assalto e assédio sexual contra profissionais da categoria.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Valquíria dos Santos é usuária constante do transporte por aplicativos e não tem saudade do tempo que usava táxi

As plataformas digitais afirmam que o profissional que as utilizam têm autonomia para definir sua jornada de trabalho e que viagens realizar. E que têm investido em tecnologias como notificações sobre áreas de risco, monitoramento da viagem, câmeras de segurança e um botão para acionar a polícia direto pelo app.

No ponto de táxi da Matriz de Americana, a demanda por viagens é oposta. Há 27 anos na profissão, o taxista João Balbino relata que já chegou a fazer 22 corridas em um dia no passado, e hoje, após o início da atuação dos aplicativos, o máximo que consegue são quatro.

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Vendo contas atrasarem em casa, ele procura outra profissão, mas, com o resto de esperança que sobra, cobra do poder público a regulamentação da lei aprovada na câmara que prevê que apenas moradores da cidade prestem serviços por meio de aplicativos no território americanense, o que em sua visão
reduziria a concorrência.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Transporte por aplicativo revolucionou a forma de se locomover, mas ainda passa por transformações

A reivindicação de João é endossada não apenas por outros taxistas, mas também pelos próprios motoristas de aplicativo de Americana.

Já a prefeitura admite que é necessária uma legislação municipal em vigência sobre o tema, mas considera necessários ajustes na lei aprovada pelo Legislativo. Entretanto, não dá prazo para colocar a série de normas em execução e sob fiscalização.

Todos estes relatos se somam ao que outros passageiros, motoristas de aplicativo, taxistas, sindicato, empresas, poder público e especialistas deram ao LIBERAL desde março, quando foram completados dois anos do início da operação de aplicativos em Americana.

E é a partir destes depoimentos que a série busca, de hoje até domingo, mostrar os impactos dessa forma de se deslocar na economia, trânsito, segurança e no cotidiano de trabalhadores de Americana e região.

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