15 de abril de 2024 Atualizado 23:49

8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

ELEIÇÕES 2020

Adriano quer fim da terceirização na educação de Americana

Candidato a prefeito de Americana pelo PSOL fala ainda em revisar contratos de OSs (Organizações Sociais) na saúde do município e “botar para fora” em caso de irregularidade

Por

29 de outubro de 2020, às 08h00 • Última atualização em 29 de outubro de 2020, às 09h45

Candidato a prefeito de Americana, Adriano de Oliveira (PSOL) defende o fim da terceirização na educação e a construção de novas creches para acabar com o déficit de vagas. O postulante ao Executivo fala ainda em revisar contratos de O.S. (organizações sociais) na saúde e “botar para fora” em caso de irregularidade.

As propostas foram apresentadas durante sabatina do Grupo Liberal nesta quarta-feira (28). A entrevista foi ao ar nas rádios Clube AM 580 e FM Gold 94.7 e nas páginas do LIBERAL no Facebook e no YouTube.

Candidato diz ter certeza que seu partido terá uma cadeira na câmara – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

O plano de governo do PSOL estabelece a ampliação de vagas em creche através de parcerias público-público. Questionado sobre qual seria o formato e como fazê-lo viável em quatro anos, o candidato disse que o caminho era “acabar com a terceirização”.

“Esses 5% [no orçamento] que vai aumentar na educação é para acabar com esse déficit. Realizar concurso novamente para professores e todos os profissionais da educação, e começar a fazer a construção de novas creches”, afirmou Adriano.

O candidato garantiu que todos os contratos da saúde que envolvam empresas terceirizadas serão revisados em seu governo. “Tendo irregularidade, já vai ser colocada para fora”, enfatizou o psolista.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista, que pode ser assistida na íntegra no site do LIBERAL.

Além de não estar coligado, o PSOL aposta em uma chapa enxuta de vereadores, com apenas seis nomes. Para um partido que não tem grande tradição em Americana, e considerando o cenário de pandemia, como fazer com que as suas propostas cheguem até a população americanense para além das bolhas de internet?
Desde 20 de março o PSOL tem praticado isolamento e feito o trabalho só orgânico pelas rede sociais, não tivemos nenhum patrocínio até o momento. Mas de repente parece não está acontecendo nada nosso município. Está todo mundo na rua.

Então nós tivemos a necessidade de fazer uma campanha de campo mesmo. Estamos considerando toda a regulamentação sanitária. Agora partimos para fazer carretas, que é uma forma de menos contato e fizemos a panfletagem no calçadão, que você não chega até a pessoa, só entrega o papel.

Em relação a chapa de vereadores, optamos pela qualidade. Tem partidos que não vão atingir nem o quociente eleitoral. A gente sabe que vai ser muito difícil essa eleição pela quantidade de candidatos. Então estamos trabalhando com seis candidatos, de áreas de representatividade.

Nossa previsão é que o quociente a gente alcança. Isso nós temos certeza. Vamos ter uma cadeira na câmara municipal. Pessoal pode brigar por 18 porque uma já é nossa, e estamos partindo para a segunda.

Você cita a possibilidade de adoção comunitária de espaços públicos por pessoas físicas, por meio de editais anuais, com contrapartida tributária. Atualmente nós vemos empresas adotando e recuperando praças do município. A ideia é seguir um modelo similar, mas com pessoas físicas?
A ideia é essa, de acabar da empresa porque a empresa vai lá para fazer propaganda. A gente quer a participação popular. Se você ler no plano, você vai ver que o projeto da administração nossa são os comitês populares. Através deles que a gente vai organizar a população.

São comitês que vão discutir o orçamento da cidade. Questão de “eu dou uma praça para você, mas arrumo ela e quero colocar uma placa minha”. Não. É a população mesmo. O nosso trabalho é o seguinte: vai ser o governo voltado para a classe trabalhadora.

Seu plano de governo quer implementar um programa de licitações para encerrar os contratos emergenciais. A situação atual do transporte público chama a atenção por estar no quinto contrato emergencial, com o edital travado na justiça. Como você pretende solucionar a licitação do transporte e o que difere o seu programa de licitações do modelo atual?
Essa questão da licitação do transporte é uma vergonha para Americana. A gente vai bater pesado porque não é possível que o departamento jurídico da prefeitura não consiga fazer um edital.

Na minha opinião isso é proposital porque o de urgência passa muita água debaixo da ponte. Não vou falar hoje que tem corrupção porque não tenho o contrato e não analisei, mas na prefeitura nós vamos analisar esses contratos.

Foi até bom cancelar a licitação. Um governo que está saindo querer fazer uma licitação de 20 anos? Toma vergonha na cara. Ficou seis anos e não conseguiu resolver. Não pode ser assim.

É mais uma questão dos comitês populares. Nós vamos montar o comitê. Essa licitação vai ter um conselho específico para discutir o transporte de Americana, mas a discussão é com a população.

A empresa quer vir para Americana? Vem, mas você vai fazer isto, isto e isto. Até hoje, nenhuma empresa que fez transporte em Americana cumpre contrato. Vai ser uma licitação para favorecer o usuário.

Ainda sobre o transporte público, você sugere a tarifa variável, com preços menores fora dos horários de pico. Atualmente o valor da tarifa também é alvo de questionamentos na Justiça. O senhor acredita que empresas se interessariam por um edital com tal possibilidade?
É uma questão até cultural. Aqui no Brasil, quando se faz licitação para transporte público, a empresa sempre leva vantagem. Eu nunca vi dono de empresa de transporte pobre, mas pessoas pegando ônibus tem um monte que é pobre. A população que sofre.

É inverter essa lógica de que tudo tem de ser para a classe dominante. Não vai ser. E vem empresa sim. Vem porque lucra. Você paga o justo. Eu vou da Cidade Jardim até o terminal e moro lá no Parque Novo Mundo. Por que eu tenho que pagar o ônibus que vai no Zanaga?

A empresa ganhou a outra metade do caminho nas minhas custas. Tem uma lógica muito simples. E depois é você reorientar as linhas de ônibus. Hoje são para beneficiar a empresa. Depende do lugar que você mora, o ônibus demora para passar ou não passa.

Adriano esteve nesta quarta-feira no estúdio da FM Gold (94.7) para falar sobre suas propostas para Americana – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Falando sobre saúde, seu plano se debruça sobre propostas na atenção básica e prevenção. Você pretende fazer com que o sinônimo de saúde pública na cidade deixe de ser o Hospital Municipal?
Claro. O hospital municipal, depois de 10 anos, terminou meia boca ainda porque não terminou tudo que tinha lá. Logo, logo vai estar lotado aquilo lá se continuar com essa política de fechar postos médicos.

A ideia é descentralizar. E não só descentralizar para as UBSs, mas também PA e UPA. E também a saúde da família, que destruíram esse programa em Americana. É uma visão diferente de saúde. É você chegar na pessoa antes dela adoecer gravemente.

Para que serve o hospital municipal? Acidente de carro. Tem que estar livre o hospital. Quebrou a perna, braço, algum mal estar mesmo. Caso contrário, vai ficar na saúde da família e nas UBSs. E isso não é milagre, já tinha.

Um dos itens da sua proposta na saúde fala em “rescindir os contratos das O.S. e a possibilidade de reversão para administração pública”. Em quais ambientes da administração você entende que isso seria possível sem o comprometimento dos serviços prestados?
É mais um item de plano de governo que vamos ter mão pesada. Vamos botar para fora todas as terceirizadas que estão em Americana. Toda vez que você contrata uma terceirizada, essa empresa leva 20% de lucro. Se você pagou R$ 1 mil para ela, ela levou R$ 200. São R$ 200 que deixou de ser aplicado no município.

Sabemos que os contratos são de milhões. Então esse lucro é um dinheiro da população que poderia reverter para ela. Essa parte do lucro vai retornar para os cofres públicos e é onde a gente vai conseguir fazer essa mudança.

Tem a questão jurídica. Nós vamos revisar todos esses contratos. Tendo irregularidade, já vai ser colocada para fora e tem a questão do concurso público. Nós vamos fazer o enfrentamento jurídico para retornar os concursos em Americana.

É uma mudança radical. Não vou falar para você “dia 2 mudou tudo”. Não tem como. É uma estrutura que, no governo nosso, vamos desmontar ela inteirinha. Nós vamos montar a parceria público-publico.

Para o candidato, saúde é um dos temas sensíveis na pauta municipal – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

No início de setembro um incêndio atingiu o complexo de fábricas de Carioba e cinco galpões foram danificados. O seu plano fala na restauração e ocupação popular das instalações dos prédios de Carioba para a criação de cooperativas têxteis, confecções ou até mesmo moradias populares. Como recuperar aquela região alinhando com o que já existe, ou seja, com as empresas que alugam os salões?
Você não vai chegar lá e falar que nenhuma empresa age corretamente no Carioba, mas eu fui advogado do sindicato dos têxteis e fui até lá conhecer algumas empresas. É um relaxo. Não tem segurança nenhuma para o trabalhador. O empresário ganhou dinheiro, gente. Está no custo. Ele pode muito bem arrumar a fiação da fábrica, podia manter em ordem.

Quem paga aluguel hoje, o que ele tem que fazer? Tem que manter a casa em ordem e quando você vai sair da casa, você tem que pintar e manter toda a estrutura da casa. Por que aqueles empresários não tem essa obrigação?

Vamos inverter a lógica. Vamos ocupar lá com cooperativas. Nós vamos ocupar lá com trabalhador. E o empresário que estiver lá, se estiver fazendo tudo corretinho, nós não vamos mexer com essa pessoa. Mas quem estiver lá e não estiver cuidando do prédio, vamos botar para fora também.

Tem que parar com esse negócio da gente abaixar a cabeça porque acha que “empresário dá emprego”. Ele não dá emprego, gente. Se você montar uma empresa e não contratar ninguém, não funciona. Não é dar emprego. Tem que ter empregado e ele tem que ser remunerado.

Agora, ele [empresário] vai ali no Carioba, ele usa a fábrica, usa o salão. Aí pega fogo e fica todo mundo chorando. Ninguém sabe quem é, ninguém fala o que aconteceu, mas eu vi sim fábrica com fiações lá que dava medo.

Foi da parte dos empresários, eles relaxaram. Agora, o lucro teve no final do mês. Para onde foi? Para o bolso deles, porque nem para o empregado vai. Empregado é o salário, e muitos não pagam direito.

Para a ampliação de vagas em creches, sua plataforma menciona a parceria público-público para a construção de novas unidades. O senhor pode descrever qual é a proposta desse formato e como fazê-la viável em quatro anos?
Acabar com a terceirização, acabar com essas escolinhas. Não sou contra quem montou escolinha, se a pessoa viu a oportunidade de fazer alguma coisa, mas nós passamos em alguns lugares que é uma casa, sem estrutura nenhuma para as crianças. Isso todo mundo sabe que acontece. Não pode.

É o momento mais importante na vida da criança, principalmente para a educação dela. Aí ela fica dentro de uma casa, quatro, cinco horas, ou o dia inteiro. Não, isso não vai acontecer mais.

Quem anda pelas creches de Americana tem parquinho, árvore, um espaço muito grande. É esse tipo de coisa que a gente quer para as crianças. Se o Omar Najar com os amigos dele “Maiscrises” não tivessem devolvido R$ 3 milhões, nós já teríamos dinheiro para fazer uma creche.

Esses 5% que vai aumentar na educação é para acabar com esse déficit. Realizar concurso novamente para professores e todos os profissionais da educação e começar a fazer a construção de novas creches.

“Mas o orçamento vai diminuir, Adriano”. Estou sabendo que o orçamento vai diminuir, mas nós vamos inverter ele. O orçamento vai ser para você que precisa de creche. Vai ser para você que precisa de ônibus. O ônibus vai ser para você que constrói a cidade.

Publicidade