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Cultura

Voz jovem na TV Cultura

De volta à tevê aberta, Rafael Cortez assume o comando do repaginado “Matéria Prima”

Por Caroline Borges / TV Press

08 de dezembro de 2021, às 08h47 • Última atualização em 08 de dezembro de 2021, às 08h48

Rafael Cortez tinha uma trajetória de desencontros com a TV Cultura. Por diversas vezes, o ator chegou bem perto de conquistar um lugar no “casting” da emissora. Ainda no início dos anos 2000, ele quase integrou o elenco do seriado infantil “Ilha Rá-Tim-Bum”. Antes de ser revelado pelo “CQC”, da Band, o jornalista fez testes para ser repórter do “Metrópoles” e, por fim, quase participou do jovial “Pé na Rua”. Agora, após mais de uma década na tevê, Cortez finalmente tem seu encontro com o canal concretizado.

À frente do repaginado “Matéria Prima”, ele dá vazão a um antigo projeto pessoal. “A Cultura é uma emissora que sempre quis trabalhar e bati na trave várias vezes. Quando começamos a conversar sobre o projeto, fiquei feliz que a emissora abraçou o caminho do ‘talk show’ produzido com estudantes. Essa galera chega com uma disponibilidade e um frisson que a vida prática e as responsabilidades acabam tirando desses jovens”, defende.

Apresentado por Serginho Groisman no início da década de 1990, o “Matéria Prima” ganha nova roupagem sob o comando de Cortez – Foto: TV Cultura / Divulgação

Apresentado por Serginho Groisman no início da década de 1990, o “Matéria Prima” ganha nova roupagem sob o comando de Cortez. O formato nada tem a ver com a antiga produção da emissora. Gravado nas dependências da Universidade Cruzeiro do Sul, no campus Anália Franco, o “talk show” traz convidados dos mais diversos segmentos – entre músicos, atores e outros artistas.

O programa conta com estudantes de Comunicação colaborando com Cortez e equipe para, ainda na faculdade, terem vivências práticas das tarefas da profissão. “Nunca fiz um programa que eu me encontrasse tanto. Esse é o meu lugar e quero fazer isso para o resto da minha vida. Quero que os jovens estejam conosco cada vez mais, que esse projeto seja replicado. Vou adorar que outras emissoras façam versões. Vamos botar os holofotes na juventude”, valoriza.

Como o projeto do “Matéria Prima” chegou até a TV Cultura?

Desde 2012, eu tenho esse desejo de fazer um “talk show” que se passe dentro de uma faculdade, tendo parte dos estudantes como colaboradores para ganhar prática e reconhecimento de mercado. Por muito anos tentei fazer isso e a Cultura realmente abraçou essa ideia. Está sendo uma casa maravilhosa. Temos um acolhimento sem precedentes e uma autonomia editorial e criativa que eu nunca vi na tevê. Espero que o programa dê audiência, consiga se pagar e diga a que veio. Mas também espero que essa essência da juventude colaborativa se mantenha. Estou muito feliz com a forma como esse projeto se apresenta nesse momento

Como assim?

É o melhor momento para apresentar esse programa. Agora eu entendo porque esse projeto não deu certo em 2012, quando ofereci para a Band. Não era para ser. Eu estava muito refém da comédia “stand up”. Eu ainda tinha muito daquela comédia rebelde que tinha no “CQC”. Se fizesse naquela época, iria para um lugar que não teria sustentabilidade. É melhor agora que estou com 45 anos, sendo que tenho 13 anos de tevê. Passei três anos fora da mídia colocando a cabeça no lugar, ajustando a ideia e as piadas. Estou fazendo um “stand up” que consigo rir com as pessoas e não rir de alguém. Além disso, desenvolvi uma habilidade de ouvir meus convidados e consigo dar um lugar de fala aos jovens. Estou aprendendo a ouvir e administrar o humor.

O programa tem alguma referência do “Matéria Prima” original, que foi apresentado por Serginho Groisman no início da década de 1990?

Eu cheguei a assistir ao programa original na década de 1990. Sempre fui muito fã do Serginho. Ele marcou minha adolescência. Porém, assim que soube que o projeto se chamaria “Matéria Prima”, não vi nenhum material do programa na internet para não ficar influenciado ou copiar algo. A música ao vivo, no entanto, segue como uma condição “sine qua non”. Temos muita voz e violão, um clima mais intimista. Mais para a frente, a gente quer trazer essa contribuição do público também. Ainda por conta da pandemia, tivemos uma plateia muito reduzida. Todos testados e com cartão de vacinação. Em um local que cabiam mil pessoas colocamos menos de 50. Queremos andar entre o público, falar mais com eles. Mas é bom deixar claro que não é uma reprodução, não é uma cópia do primeiro “Matéria Prima”. Não é um tributo, mas tem muito respeito, carinho e admiração. Vamos fazer o nosso novo olhar.

Você teme algum tipo de comparação com o Serginho?

Há um peso de fazer esse programa, claro. Mas não acho que seja a figura do Serginho ou comparações. É importante para mim não perder o norte e a essência do programa. Todas as críticas construtivas serão bem-vindas. Estou naquela etapa que assimilo muito bem as críticas construtivas. O “hater” e os comentários negativos já consigo esquecer. Também não escuto muito as pessoas elogiosas. Ao longo desses anos de carreira, aprendi que a gente não pode nem ouvir que gosta demais, nem quem não gosta nada. Minha missão é não perder a essência do programa.

Desde que surgiu no “CQC”, você manteve uma trajetória bastante variada, mesclando jornalismo, comédia, dramaturgia e apresentação. É importante para você atuar em várias frentes?

Acredito que eu seja um gerador ou produtor de conteúdo. É assim que me vejo. Sou um profissional multifacetado. Um rio tem diversos afluentes, certo? Então, minha carreira é dessa forma. Um afluente é a música, tenho a comédia também, a apresentação, a internet… Não vejo o artista como uma coisa específica. Adoro ter uma carreira plural. Vivo essa realidade do artista empreendedor e multifacetado.

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