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2000 e Vishhh

Um Hassum pouco visto na tevê ultimamente

Sob o comando do humorista Leandro, “2000 e Vishhh” é retrospectiva de roteiro fraco e riso forçado

Por Geraldo Bessa / TV Press

05 de dezembro de 2020, às 12h05

Durante muitos anos, manter um contrato de longo prazo com a Globo era sinônimo de prestígio e êxito na carreira. É um fato que ainda hoje pode ser considerado, mas a principal emissora aberta do país deixou de ser o único vínculo relevante de quem investe na televisão.

A força das empresas de “streaming” e seus conteúdos originais, além da política de redução dos grandes salários e do enxugamento do “casting” da própria Globo, fizeram com que autonomia e contratos por obra ditassem o tom no mercado de empregos do audiovisual.

Essa movimentação ficou ainda mais interessante para nomes que já não estavam mais tão em destaque no vídeo, mas que ainda mantinham seu apelo popular, como é o caso de Leandro Hassum. Depois de se tornar um dos expoentes da comédia na segunda metade dos anos 2000, Hassum virou o “arroz de festa” preferido da emissora na década seguinte, onde fez novelas, séries e diversas participações especiais, inclusive como protagonista.

Sem o vigor e “timing” de outrora, é difícil acompanhar o humorista dando tudo de si com um texto nada inspirado em mãos – Foto: Divulgação

Com o fim de “Chapa Quente” e “A Cara do Pai”, entretanto, os projetos envolvendo seu nome começaram a minguar. Antes de cair em desuso, o comediante viu na liberdade uma oportunidade: sem vínculo longo, consegue passear entre produtoras e serviços, sem a necessidade de garantir audiência de tevê aberta e com canais dispostos a apostar em seus projetos de teor mais pessoal. O resultado desse ponto de “virada” é o nome de Hassum em produções da Netflix, e sobretudo no TNT, onde acaba de estrear o novíssimo “2000 e Vishhh”.

Com duração de meia-hora, a retrospectiva tem nas idiossincrasias do isolamento sua principal fonte de inspiração. Sem enrolação, o programa da TNT mostra um Hassum pouco visto na tevê ultimamente. De cara limpa e figurino sem grandes complexidades, ele mais parece o humorista de terno simples de “Os Caras de Pau”, produção que dividiu com Marcius Melhem por três temporadas, do que o ator histriônico de seus personagens na teledramaturgia.

EQUILÍBRIO?

Amparando-se apenas no texto e em memes da internet, ele bem que tenta equilibrar seu humor para agradar antigos e possíveis novos admiradores, mas a verdade é que o humor de Hassum amadureceu a ponto de se perder no tempo. Sem o vigor e “timing” de outrora, é difícil acompanhar o humorista dando tudo de si com um texto nada inspirado em mãos e sem ninguém ao lado para dar outras possibilidades ao programa. Nem mesmo quando recebe convidados especiais remotamente, como as cantoras Gretchen e Wanessa Camargo, ou o comediante Rafael Portugal, o programa decola.

A confiança em fazer conexões com memes recentes que divertiram a web durante os meses de isolamento também não funciona. Além de “batidos”, os vídeos das redes sociais só servem para deixar o “2000 e Vishhh” como um pastiche das “Videocassetadas” do “Domingão do Faustão”. Porém, enquanto Fausto Silva usa o quadro só para preencher os últimos minutos de seu programa, Hassum utiliza os vídeos e suas respectivas piadas como “prato principal” da produção. Apesar da tristeza com as mortes provocadas pelo coronavírus, histórias do isolamento podem divertir e criar bons momentos de alívio e risadas com o telespectador, o problema é que tudo parece requentado e sem graça demais.

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