Cultura
Série ‘As Five’ mostra evolução de maneira natural
Derivada de “Malhação - Viva a Diferença”, seriado é um mosaico realista dos dilemas de jovens adultos
Por Geraldo Bessa / TV Press
24 de novembro de 2020, às 14h56
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De todas as produções originais Globoplay, nenhuma causou tanta expectativa quanto “As Five”. Série derivada de “Malhação – Viva a Diferença”, uma das mais relevantes temporadas da história recente da novelinha global, a realização do spin-off foi divulgada ainda em 2018, próximo do último capítulo da trama idealizada pelo premiado Cao Hamburger.
Com gravações feitas entre agosto e novembro do ano passado, o público teve de esperar um ano para, enfim, rever o grupo de cinco amigas formado por Tina, Keyla, Benê, Lica e Ellen, personagens de Ana Hikari, Gabriela Medvedovski, Daphne Bozaski, Manoela Aliperti e Heslaine Vieira, respectivamente.
A espera valeu a pena. Com texto afiado e cenas bem dirigidas, a produção chega bem ao serviço de streaming ao se distanciar da esfera teen que sustenta “Malhação” para virar uma obra independente e que fala sem firulas sobre jovens adultos, aquela fase da vida em que inconsequência e senso de responsabilidade caminham de mãos dadas na definição do que a vida pode ser no futuro. Sendo assim, drogas, depressão, maternidade, subempregos e a força das velhas e boas amizades dão o tom desta primeira temporada.
Na trama, seis anos se passaram do fim de “Malhação – Viva a Diferença”. É no conturbado velório da mãe de Tina que as cinco jovens se reencontram e cada uma está tentando driblar seus próprios dilemas. A DJ tem dificuldade em lidar com a morte da mãe e seu relacionamento com Anderson, de Juan Paiva, está morno.
Morando nos Estados Unidos, Ellen volta ao Brasil e começa a questionar todas as certezas em relação ao que construiu e planejou para sua vida profissional e amorosa. Já Keyla vive a rotina caótica de uma mãe jovem, que cria o filho sozinha e com poucos recursos financeiros. A vida de Benê parecia perfeita, até ser largada pelo namorado da época de escola.
Por fim, a única do quinteto que, aparentemente, manteve seus dois pés na adolescência é Lica, que já abandonou três faculdades e vive à espera da próxima festa. É a partir deste mosaico que o roteiro trabalha o amplo espectro dos 20 e poucos anos aos olhos de hoje. Do realismo, nasce uma sincera conexão em sintonia com o público que acompanhou a história aos finais de tarde e agora está preparado para questões um pouco mais densas.
Aproveitando-se da liberdade de não ter compromissos com os exigentes números da tevê aberta ou a classificação indicativa que padroniza os horários, a direção dividida por Rafael Miranda, Dainara Toffoli, Natália Warth e José Eduardo Belmonte capricha em sequências que evocam as contradições das personagens e na condução delas em torno das doses a mais de maturidade.
DE OUTRAS MANEIRAS
Apesar de já serem velhas conhecidas dos fãs de “Malhação”, as cinco surgem de fato com outras camadas e complexidades. Distante do esquema “mais do mesmo” que um spin-off costuma entregar, é exatamente nessa evolução que reside a razão de existir de “As Five”. E no que depender da Globoplay, o quinteto tem tudo para ter uma longa vida no aplicativo.
Além de “lives” e making of para promover a estreia da primeira temporada, uma segunda leva de episódios já está confirmada para 2022. Diversas produções derivadas de séries e novelas já estão disponíveis no Globoplay, “As Five”, entretanto, funciona tanto para quem já admirava as protagonistas quanto para quem está apenas interessado em ver que a teledramaturgia nacional tem talento para falar dos perrengues de seus jovens adultos.