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Cultura

Quinta temporada de ‘Sessão de Terapia’ ganha em realismo

Nova temporada da série, disponível na Globoplay, tem relevância ao integrar personagens ao caos da pandemia

Por Geraldo Bessa / TV Press

13 de junho de 2021, às 15h48

“Sessão de Terapia” é uma série resistente. Exibida originalmente entre 2012 e 2014, a produção estava esquecida nas gavetas do canal GNT quando, em 2019, foi ressuscitada pela Globoplay. Com uma temporada criativa e de histórias pungentes, sob a direção e protagonismo de Selton Mello, a obra acabou figurando por meses no ranking de produções mais vistas da plataforma.

A renovação era dada como certa. Porém, a pandemia acabou por postergar a gravação dos novos episódios. Baseada no original israelense “BeTipul” e na versão inglesa “In Treatment”, a estrutura narrativa da série continua intacta: o terapeuta Caio, vivido por Selton, recebe seus pacientes de segunda a quinta e, às sextas, é ele quem vira paciente.

Contemporâneo e firme, o roteiro de Jaqueline Vargas se serve dos mais diversos danos psicológicos causados pelo coronavírus e garante o deleite do elenco e do telespectador ao tocar de forma profunda e sem clichês em temas como depressão pós-parto, gordofobia, racismo, conflito de classes e relações de trabalho dos profissionais da saúde em meio ao caos.

Contemporâneo e firme, o roteiro de Jaqueline Vargas se serve dos mais diversos danos psicológicos causados pelo coronavírus – Foto: Divulgação

Por conta das limitações do momento, a nova temporada de “Sessão de Terapia” deixou a locação em São Paulo para ser inteiramente captada nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro. Com mais espaço e todo o preciosismo cenográfico da emissora a seu favor, a direção de Selton capricha em ângulos e passeios de câmera mais ousados. Os consultórios de Caio e de seu supervisor continuam sendo os únicos cenários da produção e todo o esforço para manter o ar de locação valeu a pena, com direito até aos barulhos urbanos tipicamente paulistanos.

Sem muito para onde correr, são os atores o grande trunfo da produção. Imersos no texto, Letícia Colin, Christian Malheiros, Luana Xavier e Miwa Yanagizawa brilham na mesma medida, aproveitando cada palavra e elevando as adversidades de seus personagens de forma realmente tocante.

A série já começa colocando um ponto final na história de Caio e sua até então supervisora, Sofia, papel da atriz brasileira com carreira internacional Morena Baccarin. Após cruzarem uma delicada fronteira entre as relações estabelecidas na terapia, a personagem é substituída por Davi, de Rodrigo Santoro.

Amigos desde que contracenaram na “flopada” e sobrenatural “Olho no Olho”, de 1993, Selton e Santoro ensaiavam esse reencontro nos estúdios há alguns anos. Sempre defendendo papéis carregados de composição na tevê e no cinema, Santoro surge renovado na simplicidade ao viver o terapeuta que tenta ajudar Caio a superar os próprios traumas.

Frente a frente, a dupla faz jus às carreiras que trilharam ao longo dos anos, em um jogo cênico marcado pela maturidade e intimidade artística. Em um ambiente de aglutinação de problemas pessoais e cotidianos, onde ninguém sai ileso das mortes e adversidades da quarentena, a quinta temporada de “Sessão de Terapia” se utiliza do pano de fundo de seus personagens para mostrar o Brasil no divã. De máscara e exibindo os protocolos de segurança, a série dribla o didatismo ao roçar a realidade.

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