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Há 20 anos

‘Porto dos Milagres’ sinalizava esgotamento do realismo fantástico nas novelas

Exibida há exatos 20 anos, novela pode ser revista na Globoplay

Por Caroline Borges / TV Press

07 de fevereiro de 2021, às 11h06

Um misto de satisfação e incômodo toma conta de Aguinaldo Silva quando o assunto é “Porto dos Milagres”, que recentemente entrou para o catálogo do Globoplay. Escrita em parceria com Ricardo Linhares e exibida há exatos 20 anos, a trama parecia bem confortável para seu criador.

Baseada em dois livros de Jorge Amado,“Mar Morto” e “A Descoberta das Américas Pelos Turcos”, a produção tinha um pouco de cada uma das novelas escritas pela dupla ao longo dos anos 1990.

Fantasiosa e ambientada em uma pequena e fictícia cidade baiana, o projeto tinha elenco estelar e contou com a direção de núcleo do saudoso Marcos Paulo, um dos preferidos de Aguinaldo. Mas mesmo com tudo a favor e audiência estável em torno de 45 pontos, o autor estava infeliz.

Antonio Fagundes e Cássia Kiss – Foto: Divulgação

“A novela era pura repetição. Me sentia esgotado e batendo sempre na mesma tecla. Mas respeitei meu elenco e dei o melhor de mim até o fim. E olha que o fim demorou!”, explica o autor, com sua usual sinceridade, sobre a trama esticada pela Globo até o capítulo 203.

Aguinaldo já tinha conversado com a Globo sobre mudar os rumos de sua escrita em direção a novelas mais urbanas. “Suave Veneno”, de 1999, foi a primeira tentativa de sair de sua temática tradicional. Mas a baixa repercussão da trama fez a emissora persuadir o autor para voltar ao Nordeste e ao universo de Jorge Amado, que ele já havia adaptado com propriedade em produções como “Tenda dos Milagres” e “Tieta”.

“O processo de criação foi muito intuitivo. Aguinaldo e eu sabíamos como desenvolver a história com a emoção que o tema pedia, foi um trabalho pautado pela fé e por temas intensos”, acredita Linhares.

FASES

Dividida em duas fases, a história de “Porto dos Milagres” apresenta a disputa de Félix e Adma, de Antônio Fagundes e Cássia Kis, pela herança de Bartholomeu, irmão gêmeo idêntico de Félix. Dispostos a tudo, a dupla envenena o milionário e manda o capataz Eriberto, de José de Abreu, se livrar de Arlete, grande amor de Bartholomeu, vivida por Letícia Sabatella, e do primogênito do casal.

Camila Pitanga, Marcos Palmeira e Flávia Alessandra – Foto: Divulgação

Com a ideia de afogar os dois, Eriberto acaba levando Arlete e o filho para alto-mar. Mas em um momento de distração, ela consegue salvar a vida do bebê o colocando em um cesto e deixando seu destino nas mãos de Iemanjá.

O menino acaba sendo criado pelo pescador Frederico, de Maurício Mattar, e recebe o nome de Gumercindo – que na fase adulta passa ser vivido por Marcos Palmeira, protagonista da segunda fase. “Acho que nunca trabalhei tanto como protagonista. A história era toda amarrada nos amores e no passado misterioso do Guma. Um tipo fascinante, forte e que mantinha sua fé inabalável”, relembra Palmeira.

DESTAQUES FEMININOS

Com tino para tipos femininos, Aguinaldo criou muitos destaques no elenco de “Porto dos Milagres”. Em ambas as fases, Cássia fez de Adma uma das vilãs mais ardilosas e provocantes de sua carreira.

“Ela tinha mania de envenenar as pessoas. Isso caiu na boca do povo e foi muito engraçado. Por outro lado, a Adma exigiu muito de mim fisicamente. Terminei a novela esgotada”, destaca Cássia.

Leticia Sabatella – Foto: Divulgação

Adma dividia o posto de antagonista com Maria Eugênia, interpretada por Arlete Salles. Na briga pelo amor de Guma, a mocinha Lívia e a errante Esmeralda, personagens de Flávia Alessandra e Camila Pitanga, mostraram bom entrosamento com Palmeira. E por fim, Zezé Polessa, Julia Lemmertz e Luiza Tomé foram o alívio cômico certeiro da produção com suas Amapola, Genésia e Rosa Palmeirão, respetivamente. “O texto era muito saboroso. A comédia vinha sem fazer muito esforço”, valoriza Julia.

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