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Patrimônio

Obra vai restaurar detalhes de 1912 da Estação Cultura de Americana

O trabalho de restauro da Estação Cultura de Americana é detalhista e começou pela parede externa voltada para a plataforma

Por Valéria Barreira

02 de fevereiro de 2020, às 08h11

Há pouco mais de um mês, detalhes históricos da Estação Cultura – antiga estação ferroviária de Americana – estão vindo à tona depois de muitas décadas ocultos pelo tempo. Paredes na cor ocre, molduras e arabescos brancos, janelas e portas em tons de cinza. Itens arquitetônicos da época da sua inauguração estão sendo revelados para serem reproduzidos em detalhes pela restauração iniciada em dezembro.

Tombado pelo Condepham (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de Americana), o antigo prédio foi inaugurado em 1912 – a data imortalizada aparece em dois pontos da fachada – e passou por várias reformas desde então. Nenhuma reconstituiu em detalhes a arquitetura histórica. A obra atual está orçada em R$ 800 mil e vem sendo feita pela Rumo Logística.

Quem passa pela movimentada Avenida Dr. Antonio Lobo possivelmente não faz ideia do que vem acontecendo por trás dos tapumes colocados na fachada do antigo prédio. “Não é uma obra como qualquer outra. São muitos detalhes que precisam ser considerados para o resultado ser fiel ao original”, diz o técnico em restauração, Jaime Viana.

Ele lidera o restauro no local e conta que até os técnicos descobrirem a primeira cor do prédio , foi preciso remover cinco – em alguns pontos sete – camadas de tinta. O trabalho de prospecção da cor está em dois pontos da estrutura. Na parede externa voltada para a plataforma e no hall de entrada.

Através dele, foi possível descobrir ainda as partes do reboco com infiltrações ou caindo. Ele também será refeito aos moldes da época e para isso os técnicos recorreram à pesquisa de laboratório para saber a composição do material empregado.

Segundo Jaime, na época da construção se utilizava principalmente areia e cal para o acabamento. As cores empregadas eram sempre primárias, o que explica os tons originais do prédio.

A descoberta do que está por baixo da tinta que recobre hoje as paredes é apenas a primeira etapa da restauração. “Ainda estamos bem no início”, diz o restaurador, estimando mais oito meses, pelo menos, para concluir todo o trabalho.

Detalhes

As portas e janelas externas do antigo prédio da Estação Cultura, as que se abrem para a plataforma, são originais da época da construção. Elas foram construídas em pinho de riga, madeira muito utilizada naquele período inicial do século 20. As janelas da fachada, no mesmo material, foram removidas em alguma das reformas anteriores, mas o restauro inclui a substituição por outras que remetem à arquitetura original.

“A ideia é que o prédio fique o mais parecido possível ao que era”, diz o técnico em restauração, Jaime Viana. Segundo ele, também são originas itens como as ferragens – a porta de ferro da fachada e a grade que separa o hall de entrada da plataforma – e o madeiramento que sustenta o telhado.

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal
A moldura ao redor das antigas janelas de madeira estão sendo refeitas respeitando o acabamento utilizado na construção do prédio

A estação possui quatro salas. Apenas a que se abre para o hall, em frente à bilheteria, conserva traços do piso original. Este ambiente, segundo ele, era o que recebia os passageiros ilustres. “Ele tinha um acabamento diferenciado, o que nos mostra que era ali que eles ficavam à espera do trem”, revela.

Segundo Jaime, era comum esse procedimento na época. “Já vimos isso em várias outras estações”, detalha, citando que os restauradores também utilizam fotos e pesquisas como instrumento de trabalho. Quatro meses antes de iniciar o restauro, a equipe já frequentava a estação para estudos e recolhimento de amostras.

Na última quarta-feira, operários da empresa encarregada pelo projeto trabalhavam dando acabamento na parede voltada para a plataforma. Todos os arcos e detalhes que emolduram as portas e janelas nesse ponto estavam sendo refeitos. O trabalho de recuperação vai englobar ainda o conjunto de banheiros da plataforma, que internamente obedecerão às regras de acessibilidade.

Segundo o secretário de Cultura e Turismo, Fernando Giuliani, a obra na estação também contempla a estrutura do imóvel e os sistemas elétricos e hidráulicos. “Essa, inclusive, também era uma preocupação do Condepham”, informa Giuliani, completando que após o término do restauro o entorno da estação também terá melhorias. “A estação é um prédio de relevância histórica e um grande ponto turístico da cidade”, diz.

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