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Bastidores

O teatro por trás das cortinas

Execução de múltiplas funções é marca de artistas regionais de teatro, arte que tem seu dia comemorado hoje; classe comenta cenário e elenca desafios

Por Débora de Souza

19 de setembro de 2019, às 08h01 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h32

O intervalo entre uma aula e a preparação para uma peça logo mais. Uma ligação por celular interrompida durante uma viagem de carro entre estados. Um “roubo” de atenção entre os estudos para a próxima aula. Foi assim que os atores, diretores e professores de teatro, Marcelo Porqueres, Otávio Delaneza e Bruno Cardoso atenderam a reportagem do +Cult para falarem sobre o Dia Nacional do Teatro, celebrado neste dia de 19 de setembro.

Profissionais multifacetados tais como a arte exige (e a realidade impõe). “Eu digo que faço teatro, porque quando você se dedica a essa arte, não dá para dizer ‘eu sou ator’, ‘eu sou diretor’, porque você precisa ser tudo e entender de tudo. Numa mesma peça você pode ser o ator e diretor, na outra cuidar da técnica de som e iluminação, escrever o texto ou ajudar com o figurino”, comenta Otávio Delaneza, diretor na Cia Arte-Móvel de Santa Bárbara d´Oeste.

Foto: Bruno Cardoso / Fábrica das Artes
Obra “O Homem Cinzento”, dirigido por Bruno Cardoso; artistas mostram versatilidade para tirar projetos do papel

Paixão pelo teatro sim, mas também um reflexo da falta de valorização e incentivo ao artista e teatro locais. “Desconheço alguém em Americana que seguramente viva do teatro sendo apenas ator. Para se manter você precisa atuar nas várias frentes que o teatro oferece”, comenta Bruno Cardoso, ator e professor de teatro do Fábrica das Artes.

Acostumados a “se virarem nos 30” e, muitas vezes, bancarem os próprios projetos, os profissionais apontam falta de incentivos públicos. Enquanto Bruno chama a atenção para os cortes nas verbas de Cultura, o ator e também professor do Fábrica das Artes Marcelo Porqueres sugere outras formas de suporte além da financeira.

“Acho importante a gente lutar pelo que acredita e gosta e o teatro é uma luta diária que, infelizmente, não tem respaldo. Falta investimento e não digo em dar dinheiro, mas no sentido de divulgar o trabalho dos artistas, ceder espaços, incentivar projetos que reúnam as companhias de teatro e levam cultura à população”, avalia Porqueres.

Por outro lado, os profissionais concordam que a escassez de recursos afeta diretamente na formação de público na região, já que muitos projetos são bancados pelos artistas. “Quando se tem recursos você consegue ‘rodar’ com a peça em mais cidades, prolongar o tempo do projeto e fazer com que mais gente assista. Quando esses recursos acabam ou não existem, você fica limitado em um único espaço e não consegue dar continuidade ao projeto”, comenta Delaneza sobre a experiência de captação de recursos junto ao governo estadual, através do ProAc, e junto à iniciativa privada.

“Os grupos da nossa cidade e região são muito bons e têm produções maravilhosas que não ficam atrás de nenhuma grande produção, mas o público precisa ter acesso a isso”, ressalta Porqueres.

“O teatro deve ser celebrado todos os dias enquanto manifestação artística humana. Uma pessoa que tem acesso à Cultura, tem mais educação. A data deve ser de celebração e reflexão, pois ainda esbarramos em muitos obstáculos”, frisa Delaneza.

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