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Há 30 anos, mais exatamente em 11 de março de 1989, um Marcelo Nova com 37 anos vivenciava um episódio marcante ao lado de Raul Seixas em Santa Bárbara d’Oeste. Foi de panfletos nos quais eram demonizados, distribuídos por evangélicos antes de um show que realizaram na cidade, seis meses antes de morrer, que Raul tirou a ideia para o título de seu último disco, realizado em parceria com Marceleza: “A Panela do Diabo”.

Aquela turnê era a realização de algo que surpreendeu Marcelo: dividir o palco com seu ídolo de adolescência, que viu pela primeira vez aos 14 anos, em Salvador, ao lado d’Os Panteras. “Então, vendo-os a dois metros de distância, eu tive a perfeita noção de que eu poderia também seguir essa trilha”, conta. Ali estava lançada a primeira fagulha para a criação da banda Camisa de Vênus, que à 1h da madrugada deste domingo encerra a terceira noite do S. Bárbara! Rock Fest, na Usina Santa Bárbara.

Em entrevista ao LIBERAL, Marcelo não escondeu a satisfação em poder lançar um disco bem-sucedido de composições inéditas (“Dançando na Lua”), após um hiato de 20 anos de banda, em 2016, e ainda registrar um show da turnê em Porto Alegre, no ano passado, em CD e DVD.

“‘Dançando na Lua’ é um disco que nos deixou muito satisfeitos pela consistência, pelas canções, reações dos fãs. Ainda acho que meu trabalho tem uma validade porque na faixa etária que eu me encontro a maioria dos artistas já estão acomodados”, celebra o baiano, que completou 68 anos no sábado passado.

De fato, “Dançando Na Lua” consegue equilibrar a essência do grupo com reinvenções, principalmente através dos riffs marcantes do guitarrista Drake Nova, filho de Marcelo. “Ele completa minhas letras com texturas, com timbres, com sonoridades, coisas que guitarristas normalmente não fazem”, elogia o pai.

Um exemplo disso é a “Sibilando como Cascavel”, que traz na letra um teor festivo de boemia e erotismo. Por outro lado, o primeiro single do álbum, “Raça Mansa”, reveste de blues um texto desesperançoso sobre a passividade política do brasileiro. Da formação original, se mantém o baixista Robério Santana. Completam a banda o guitarrista Leandro Dalle e o baterista Célio Glouster.

POLÊMICAS. A história do Camisa também é marcada por críticas ao teor de clássicos como “Bete Morreu”, que relata um estupro seguido de homicídio, e “Silvia”, sobre a ira de um homem que descobre a traição da mulher.

“‘Silvia’ é uma piada, mas depois de muitos anos, para mim, perdeu a graça. Então eu fiquei mais de uma década sem tocá-la. Mas com essa história de que tudo é ofensivo, tudo é errado, eu voltei a tocar ela ocasionalmente só para provocar”, dispara o músico.

Sobre “Bete Morreu”, ele analisa como um relato sobre a violência contra a mulher. “Hoje, 40 anos depois, o Brasil é o país campeão mundial de estupros. Ou seja: se existe uma lista de canções que traduz a barbárie nacional, ‘Bete Morreu’ está no topo dela”, defende.

Sobre o futuro, Marceleza diz não se permitir fazer planos atualmente, mas garante energia, sem perder o tom sarcástico de sempre.

“Continuo seguindo minha trilha. Até quando, só o diabo sabe. E como quem está dentro da panela sou eu, é ele quem tá com a colher hahaha”.

Programação: 24/08 Sábado

PALCO TERRA

• 19h00 Rock in Concert (Classic Rock)
• 21h00 Pearl Jam Ribeirão (Cover)
• 23h00 Rising Power AC/DC (Cover)
• 1h00 Camisa de Vênus (Principal)

PALCO JAM

• 19h00 Sabbath Cadabra (Heavy Metal)
• 21h00 The Beer Brothers Band (Blues Rock)
• 23h00 Raimundos Forévis (Pop Rock)

PALCO ÁGUA

• 20h00 Javali (Hard Rock/Heavy Metal)
• 22h00 Duke Dynamite (Classic/Hard Rock/Blues Rock)
• 0h00 The Bombers (Pop Rock/Ska Rock)

PALGO GIG

• 20h00 G.T.C. (Pop Rock/Classic Rock)
• 22h00 The New Drunks (Folk Rock)
• 0h00 Desmute (Hard Rock)